Bolsas da Europa fecham em forte baixa, de olho em payroll e comentários do BCE
Forte geração de empregos no EUA e BCE sinalizando alta de juros derruabram os mercados
As bolsas da Europa terminaram o último pregão da semana com fortes perdas, de olho na perspectiva monetária local e dos Estados Unidos.
Na maior economia global, a forte geração de empregos em abril reforçou a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve prosseguir sem resistências com seu aperto monetário, enquanto dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) alertaram para a necessidade de subir os juros em breve.
Nesse contexto, o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,91%, aos 429,91 pontos, acumulando baixa semanal de 4,55%.
Em baixa durante toda a manhã, as bolsas europeias melhoraram após o relatório de empregos (payroll) dos EUA ter mostrado boa geração de empregos no mês passado. A queda nas bolsas nova-iorquinas, porém, jogaram os índices no Velho Continente a um recuo superior a 1%. Investidores focam na leitura do Fed sobre os dados de emprego, que seguem fortes mesmo com a desaceleração econômica local, o que indica ainda mais pressão inflacionária, reforçando a perspectiva de aperto monetário nos EUA.
Já na zona do euro, alguns dirigentes do BCE têm se esforçado para apontar a urgência em ajustar os instrumentos da entidade para controlar a inflação.
Também presidente do BC da Finlândia, Olli Rehn disse que é necessário agir rápido, enquanto o chefe do BC alemão, Joachim Nagel, alertou que a janela para o ajuste monetário está se fechando. Por fim, o presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau defendeu um aumento da taxa de depósito - atualmente em -0,50% ao ano - a um território positivo até o fim de 2022.
De acordo com a Capital Economics, um aumento de 25 pontos-base do juro pelo BCE em junho ou julho "parece cada vez mais provável". Em relatório, a consultoria argumenta que o enfraquecimento da economia do bloco monetário não deve deter o início do aperto monetário nos próximos meses.
Em Londres, destacou-se negativamente a ação do grupo siderúrgico Evraz, após o governo do Reino Unido aplicar sanções à empresa, que tem 28% de seu capital sob domínio do bilionário russo Roman Abramovich, segundo o The Guardian. O índice FTSE 100 terminou em baixa diária de 1,54% e semanal de 2,08%, aos 7.387,94 pontos.
Na Alemanha, o índice DAX baixou 1,64% nesta sexta-feira e 3,00% na semana, aos 13.674,29 pontos. A principal economia europeia corre risco de entrar em recessão nos próximos meses, segundo a Capital Economics, por conta da desaceleração de sua indústria, cuja produção recuou 3,9% entre fevereiro e março, variação bem pior que a prevista.
Entre outros mercados europeus, o índice parisiense CAC 40 recuou 1,73% nesta sexta-feira e 4,22% na semana, aos 6.258,36 pontos, e o milanês FTSE MIB teve baixa diária de 1,20% e semanal de 3,20%, aos 23.475,72 pontos.
Nas praças ibéricas, o madrilenho IBEX 35 baixou 1,34% entre a quinta-feira e a sexta-feira e 3,05% nos últimos sete dias, aos 8.322,00 pontos, enquanto o PSI 20, de Lisboa, contrariou o movimento geral e subiu 0,46%, mas com queda semanal de 1,92%, aos 5.816,29 pontos.