Bolsa tem ligeira alta, mas não segura os 100 mil pontos; dólar sobe a R$ 5,19
Mercado de ações está fragilizado com alta dos juros e inflação que não dá trégua
A Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou em altam mas não conseguiu manter os 100 mil pontos e também não convenceu. O mercado de ações vem fragilizado da disparada dos juros aqui e no exterior na última semana, pela inflação que não dá trégua e preocupa e ainda com as tensões entre governo, políticos e a Petrobras. No fim do pregão, o Ibovespa subiu 0,03% aos 99.852 pontos. Já o dólar deu mais uma esticada, de 0,82%, aos R$ 5,186.
O mercado operou entre perdas e ganhos. Do lado negadivo, foi influenciado pela queda do minério de ferro no mercado chinês que afetou as siderúrgicas, e também pelas ações da Petrobras, que caíram mais de 5%, tiveram as operações interrompidas durante o pregão, mas que acabaram reagindo após o anúncio da saída do presidente, José Mauro Coelho, e fecharam com alta de 1,46%. Bancos ajudaram a sustentar o mercado.
Com a liquidez mais estreita por conta do feriado nos Estados Unidos, o mercado se mostrou mais sensível a questões políticas internas e dados da economia.
"Ficou no radar a repercussão sobre a troca do presidente da Petrobrás, que trouxe uma gigantesca volatilidade para o papel" afirma Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3. O que mais incomoda o mercado são os fortes ataques à política de preços dos combustíveis da Petrobras, que segue a paridade internacional.
Embora o mercado saiba que a mudança no estatuto da empresa para alterar a política de preços seja um processo complicado e demorado, e que os discursos do presidente Jair Bolsonaro e de políticos sejam oportunos em ano de eleições para encontrar culpados pela alta da inflação, há um desgaste para a imagem da empresa, com consequências negativas para suas ações.
"Apesar disso", diz Isarel, "o mercado tende a precificar a manutenção na política de preços praticada pela companhia, já que as últimas derrocadas dos executivos a frente à estatal, já mostraram que a dança das cadeiras acaba voltando ao mesmo ponto inicial: ou seja, a paridade com o mercado internacional".
Ainda na esfera doméstica, a Fundação Getúlio Vargas divulgou prévias da inflação de junho, que mostram uma aceleração de alta dos preços no mês. O IGP-M, que reflete mais a variação de preços no atacado subiu 0,55% na segunda prévia do mês, e o IPC-S com maior peso no índice ao consumidor avançou 0,91%.
Outros fatores que afetaram a bolsa
O especialista destaca que ainda pesou no pregão de hoje, o tombo das cotações do minério de ferro no mercado chinês, de mais de 10%. Movimento que acerta em cheio o setor de siderurgia e mineração da Bolsa. Vale fechou com queda de 2,47%.
"Mas os protagonistas do pregão foram os grandes bancos, que lideraram os ganhos do dia e sustentaram o Ibovespa, acompanhando o continente europeu, que fechou este início de semana em alta, recuperando do tombo da semana passada", ressalta o analista da Blue3.
As ações do Itaú fecharam com alta de 4,35%; do Bradesco, de 2,65%, do Banco do Brasil, de 0,76%. Já as do Santander caíram 0,21%.
Segundo ele, nas bolsas europeias, os investidores saíram em busca de pechinchas, após o mercado acionário recuar mais de 4% na última semana. No fronte de dados econômicos, a inflação ao produtor da Alemanha atingiu novo pico, e foi impactada pelo massivo aumento nos preços da energia, que continua sendo pressionado pelo impacto na cadeia produtiva das principais fontes energéticas.
As bolsas americanas fecharam mistas: Dow Jones caiu 0,13%; S&P 500 subiu 0,22%; e a Nasdaq subiu 1,43%.