Mercado Financeiro

Bolsa sobe 5,54%, maior alta desde abril de 2020, com os números das eleições; dólar cai 4,09%

Ibovespa resgata os 116 mil pontos, perdidos em março deste ano

Data de publicação:03/10/2022 às 06:15 - Atualizado 2 anos atrás
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A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou esta segunda-feira com alta de 5,54%, aos 116.134. Desde 6 abril de 2020 que a Bolsa não experimentava uma alta tão expressiva (6,52%), e desde 30 de março deste ano que o IBovespa não chegava aos 116 mil pontos. Foi um dia muito positivo para o mercado de ações. Já o dólar teve uma forte queda, de 4,09%, cotado a R$ 5,17.

Basicamente, dois principais fatores estiveram por trás da perfomance da Bolsa: os números das eleições, que indicaram um fortalecimento da candidatura Bolsonaro, seja pelos resultados da corrida presidencial como pela eleição de ministros e politicos da sua base de sustentação em posições estratégicas nos governos estaduais e no Congresso; e e a alta do petróleo no exterior.

A leitura do mercado sobre o primeiro turno das eleições foi positiva: Bolsonaro aparece com mais chances na disputa e, se caso eleito, teria mais forças para tocar adiante sua pauta econômica liberal, em sentido oposto às propostas de Lula, que poderiam agravar a situação das conta públicas.

O mercado, no entanto, tem expectativas em relação às proposições econômicas de cada candidato, que não foram expostas à sociedade até agora.

Juros futuros em queda favorece a Bolsa

O 'fator eleição' também mexeu com a curva de juros, especialmente na parte longa. De acordo com Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, os resultados das urnas indicam que "vamos ter uma oposição muito forte travando qualquer atitude mais drástica em relação à parte fiscal e às contas do País. Por isso, acho que o mercado tirou esse risco aí da parte longa da curva, que é mais relacionada ao risco fiscal do que outros fatores, como inflação de curto prazo".

Segundo ele, contratos com vencimento a partir de 2025 apresentaram forte recuo beneficiando ações de empresas de mercado relacionadas a juros como o setor de varejo, empresas endividadas, de consumo, construção, etc.

Outro setor vulnerável às eleições é das estatais. Galindo explica que "com a maioria dos eleitos no Senado e Câmara sendo de centro ou direita, o mercado entende que as estatais ficam mais protegidas de intervenções ou medidas drásticas tirando o risco político. O mercado também pode estar precificando uma maior chance de Bolsonaro ser eleito e, com estatais muito baratas, sem interferência, são empresas que podem andar forte."

Petrobras fechou com alta de 7,99%; Banco do Brasil subiu 7,63%.

Para o analista, o movimento pós-eleições "é bem interessante e talvez esteja sinalizando um possível rally ou um repique da bolsa rompendo algumas resistências. Muitas ações dando sinais positivos, muito volume em várias ações, o que significa sinal forte de compra. Além disso, a gente via o mercado muito amassado, um valuation muito comprimido, e agora o mercado vai ajustando isso para algo mais normalizado.

O bom humor do mercado internacional também deu lá a sua contribuição. Números positivos da economia americana serviram de pretexto para uma recuperação dos preços dos papeis, deprimidos com as quedas em setembro. As bolsas americanas registraram forte alta: Dow Jones fechou com +2,66%; S&P 500, +2,59%; e Nasdaq, 2,27%.

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.