Bolsa recua 0,67% e perde os 105 mil pontos a dois pregões para o fim do ano
Desempenho da Bolsa nesta terça-feira frustrou quem esperava por um rali de fim de ano, como já ocorrera por aqui e em NY
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, tocou o pregão desta terça-feira, 28, de olho nos mercados internacionais, à espera de um resultado no azul a dois dias do fim do ano para o mercado. Isso não ocorreu. O desempenho frustrou a expectativas de quem esperava ainda um impulso de última hora para um rali, como já ocorrera anteriormente por aqui e nas bolsas de Nova York. Agora, sem perspectiva de uma arrancada, a luta da B3 parece ser a de se segurar e fechar o ano acima dos 105 mil pontos.
Nesta terça-feira, pelo menos, o dia foi frustrante. Após movimentar mais um pregão bastante esvaziado, a B3 encerrou os negócios desta terça-feira com baixa de 0,65%, em 104.864 pontos.
Em Nova York, as bolsas fecharam com os índices em trajetórias distintas. O Dow Jones fechou com alta de 0,27%, em 36.398 pontos, mas os demais terminaram o pregão no negativo. O S&P 500 recuou 0,10%, para 4.786 pontos, e o Nasdaq caiu 0,56%, para 15.782 pontos.
Instabilidade política atrapalha a Bolsa
Em um ambiente em que falta apetite por compra de ações pesou no mercado de ações, a instabilidade política provocada pela ameaça de greves no serviço público, avalia Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos.
Ele se refere ao movimento de insatisfação de servidores, como o dos auditores da Receita Federal, que não contemplados com reajustes salariais propostos no Orçamento federal, recém-aprovado.
Queda da Vale também pressiona a Bolsa
Um vetor internacional que deprimiu o Ibovespa, o índice de ações mais negociadas da B3, nesta terça-feira, foi a desvalorização do minério de ferro, superior a 3% nos contratos futuros, na China.
A queda da cotação da commodity no exterior afetou as ações das siderúrgicas e sobretudo da Vale. Principal exportadora de minério para o mercado chinês, a Vale tem forte peso na carteira do Ibovespa.
A ação da mineradora (VALE3) recuou 2,74%, para R$ 76,79, queda atribuída também à falta de um acordo entre a Samarco e seus credores.
A Vale é dona da metade da Samarco, que, em recuperação judicial, negocia com credores para evitar a execução de dívidas bilionárias.
Bolsa tem troca de posições com ações
Alguns players ou grandes investidores estão aproveitando a ausência de notícias e o baixo volume de negócios para fazer a troca de posições na carteira com ações, afirma Flávio de Oliveira, head de Renda Variável da Zahl Investimentos.
Ele fala especialmente dos fundos de investimento, de ações e multimercado locais, que estariam reduzindo a exposição a ativos de risco.
O objetivo seria diminuir a exposição ao risco na bolsa, formar caixa e se posicionar mais adiante em ativos de renda fixa, dada a expectativa com os juros que tendem a chegar a dois dígitos na virada do ano.
Dólar fecha em alta, com expectativa de patamar mais alto
O dólar fechou com ligeira valorização de 0,02%, cotado por R$ 5,64. Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos, nota que há movimentos de grandes players do exterior que estariam comprando dólares mirando a alta dos juros que se seguiria à retirada de estímulos monetários pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano).
Medeiros diz também que o último boletim Focus aponta que as expectativas de analistas e economistas do mercado financeiro estão se acomodando em torno de uma cotação mais elevada, ao redor de R$ 5,60 para 2022 e de R$ 5,40 para 2023.
Bolsas de NY têm sinais mistos
Nas bolsas americanas, o dia não foi de sinal único. Enquanto Dow Jones fechou em alta de 0,27%, aos 36.398,67 pontos, S&P 500 registrou baixa de 0,10%, aos 4.786,48 pontos, e Nasdaq também ficou em queda de 0,56%, aos 15.781,72 pontos.
Alguns analistas internacionais relataram rotação de papéis, com o setor de tecnologia sob pressão.
O ramo de comunicação foi também afetado, enquanto as ações da indústria e do segmento financeiro, assim como papeis de consumo em geral, se saíram bem.
Como exemplo do dia, Boeing subiu 1,46% e Walt Disney avançou 1,54%, dando força para o Dow Jones.
Já a Apple, que recentemente foi classificada como AAA pela Mody's, caiu 0,58%. Microsoft, outra triple A do mercado americano (a outra é a Johnson & Johnson) recuou 0,35%.
Queridinha dos brasileiros, a Tesla, companhia trilionária, caiu 0,50%.