Bolsa opera entre ganhos e perdas com noticiário político e exterior; dólar em alta
Bolsas americanas estão em alta com desaceleração da inflação nos EUA e perspectivas de abertura da economia chinesa
A Bolsa abriu o pregão desta terça-feira, 27, em alta, acompanhando o movimento dos mercados acionários no exterior. As bolsas europeias sobem e os futuros de ações no Estados Unidos também andam no mesmo compasso.
Dados sobre o crédito divulgados pelo Banco Central trouxeram incertezas em relação à atividade econômica do País e levaram o mercado para o negativo, mas a confirmação de Simone Tebet para o Planejamento deu novo fôlego ao pregão da B3. À tarde, perspectiva de que novo governo deve prorrogar por mais tempo a isenção de impostos sobre energia e combustíveis pesou sobre o mercado que transita pelo vermelho.
O Ibovespa, principal índice de referência da bolsa brasileira, caía 0,63%, às 15h, quase perdendo os 108 mil pontos (108.050). No mesmo horário, o dólar avança com força, cotado por R$ 5,29, uma valorização de 1,53%.
No cenário doméstico, o principal foco continua sendo a escolha de última hora 16 nomes que ainda faltam para a formação do Ministério do novo governo, a cinco dias da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A confimação de que a senadora Simone Tebet aceitou assumir a pasta do Planejamento agradou o mercado com rápida e vigorosa reação.
Informações de que Fernando Haddad, próximo ministro da Fazenda teria acenado com a possibilidade de prorrogar por mais um mês a isenção de ICMs sobre energia e combustíveis trouxe piora na percepção do Risco fiscal.
No exterior, o mercado está com o olhar atento à China, à espera de novos sinais de reabertura da economia, com o afrouxamento da política de covid zero.
Nova equipe e atividade econômica
A atenção, no cenário local, não está dirigida apenas à escolha de novos nomes para os ministérios. A equipe montada pelo futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerada jovem por alguns especialistas, já tem nomes vistos com certa desconfiança pelo mercado.
A divulgação dos dados de crédito de novembro pelo Banco Central foi responsável pela piora do índice, que havia operado em alta na primeira meia hora de pregão. A autarquia apurou um aumento do endividamento das famílias, de 49,6% em setembro para 49,8% nesta leitura. O comprometimento da renda com o Sistema Financeiro Nacional atingiu 28,2% no mês, o pico da série histórica.
"Os setores correlacionados à atividade doméstica estão prejudicados, porque a leitura do mercado é de um cenário mais inflacionário em 2023, de juros elevados por um período prolongado e de uma situação de crédito mais apertada, com um custo muito elevado para a população se endividar", diz a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
Mercados no exterior
Os índices futuros operam em alta nas bolsas americanas, em reação ao processo de flexibilização de medidas de isolamento contra a covid na China e à desaceleração da inflação americana medida pelo PCE, divulgado na sexta-feira. O governo chinês anunciou ontem que a exigência de quarentena para os viajantes que chegam ao país será suspensa a partir de 8 de janeiro de 2023.
Bolsas asiáticas no azul
A maioria das bolsas da Ásia encerrou os negócios em alta nesta terça-feira, em meio a um clima positivo no mercado gerado pelo afrouxamento gradual de medidas da política chinesa de covid zero.
Na China, o índice Xangai Composto fechou com alta de 0,98%; em Tóquio, o Nikkei subiu 0,16%, enquanto na Coréia do Sul o índice Kospi avançou 0,68%. A bolsa de Hong Kong permanece fechada ainda pela celebração do feriado pós-Natal.
O relaxamento de regras rigorosas de controle da covid é visto como sinal de perspectiva de melhora no setor privado e consumo chinês em 2023, embora a reabertura econômica preocupe pelo drástico aumento de infecções e mortes pela doença. A avaliação divide opiniões.
Em relatório recente, a Pantheon Macroeconomics considera a mudança de posição da política anticovid animadora para a perspectiva chinesa em 2023. “Acreditamos que a China manterá o rumo, apesar de quaisquer contratempos temporários, e fará progresso significativo na reabertura econômica, provavelmente no segundo semestre de 2023.”
Mais cautelosa, a Capital Economics entende que o aumento de casos e mortes recentes pela covid vai afetar a atividade e “mantê-la deprimida pelas próximas semanas”. Para a casa, um período de mais perigo para a saúde pública durante a pandemia, com “maior risco de perturbações mais profundas”.
Dólar
O dólar ganha força no mercado à vista, com demanda corporativa, ajustes em meio à recuperação do DXY no exterior, que reduziu perdas intradia, e expectativas sobre novos nomes de ministros do futuro governo Lula, disse o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão.
"O dólar está subindo mais ante o real que frente a outros pares emergentes ligados a commodities porque os investidores querem ver quais serão os novos nomes da equipe de Lula nos próximos anos, com foco no Planejamento e bancos públicos", disse.
Na semana passada, o mercado derrubou o preço do dólar, que caiu mais de 2%, visando recompra agora mais baixo, visando remessas de lucros e dividendos para matrizes no exterior.
Como dia 30 não haverá expediente bancário e a Ptax será definida na quinta-feira, 29, as rolagens de contratos cambiais já começaram, mas devem ser mais fortes a partir de amanhã, afirma.
A pressão de alta não é maior porque o BC vai dar liquidez, via leilões de linha de até 2 bilhões (10h30), afirma Gusmão. Às 10h03 desta terça-feira, 27, o dólar à vista subia 1,31%, a R$ 5,2773, após máxima a R$ 5,2798 (+1,35%). / Com Agência Estado