Bolsa cai 2,17% com fala de Campos Neto sobre alta dos juros; dólar sobe 1,69%
Mesmo com deflação, batalha contra a inflação não está ganha e juros podem subir mais
Perspectiva de alta dos juros, aqui e lá fora, e queda do petróleo estão por trás da queda da Bolsa de Valores do Brasil, a B3, de 2,17%, aos 109.763 pontos. Já o dólar apresentou alta de 1,69%, negociado a R$ 5,24. A moeda americana se fortalece no mercado internacional, especialmente, frente ao euro, devido a crise energética que tem ocorrido na Europa.
Pesou muito no pregão da Bolsa desta terça-feira, a fala mais dura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao afirmar que a luta contra a inflação não está ganha. E mesmo que tenha ocorrido inflação negativa nesses meses, novos ajustes poderão ocorrer na Selic, além de não haver previsão para cortes das taxas.
"A fala do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto de Oliveira Campos Neto, sobre a inflação persistente e perspectiva de uma Selic elevada por mais tempo, elevou a percepção de risco e ocasionou movimento de realização em praticamente todas as ações de empresas que compõem o Ibovespa", disse o analista da Clear Corretora, Leandro De Checchi.
Isso foi o suficiente para o mercado futuro de juros abrir com forte alta e as ações do setor de varejo e construção despencarem durante o pregão. "São os setores que mais sofrem com juros mais altos porque são empresas mais alavancadas operacionalmente, além de terem um beta alto. Quando o mercado cai elas tendem a cair em maior magnitude", explica Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed.
Para Oliveira, "isso deu um banho de água fria na bolsa junto com pesquisas um pouco piores para o Bolsonaro".
Não à toa, papeis da construção e do varejo estampam as maiores quedas do IBovespa nesta terça-feira: contrutora MRV caiu 8,51%; Via, 7,67; Magalu, 7,41%; CVC, 7,12%; e Qualicorp, 6,58%.
Ventos negativos do exterior também atingiram a Bolsa
Os ventos vindos do exterior foram negativos, Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3, destacou que as bolsas americanas também operararam em queda, na volta do feriado, com maior convicção dos investidores de que o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) deverá aplicar um aumento mais acentuado nos juros americanos para conter da inflação.
Dow Jones fechou com queda de 0,55%; S&P 500, de 0,41%; e Nasdaq, de 0,74%.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos ainda destaca a queda do petróleo, que ocorreu mesmo com a perspectiva de anúncio redução na produção decidida pela Opep+ diante da desaceleração das economias. O recuo da commodity atingiu as ações de Petrobras, que fecharam com queda de 3,66%.
Além disso, o fato de ser véspera de feriado de 7 de Setembro, lembra Moliterno, levou muitos investidores a zerar posições e realizar lucros obtidos com a alta dos últimos dias quatro dias.
Mas, embora seja feriado no Brasil, afirma Oliveira da Quantzed, o mercado segue atento à agenda internacional com a divulgação do PIB da zona do Euro e livro Bege nos EUA, que devem pautar os movimentos do mercado externo e podem refletir por aqui na abertura de quinta-feira.