Bolsa cai 1,12% na semana com peso no exterior e aversão ao risco; dólar sobe 1,97%
Depois de cinco pregões em alta, bolsa recua co perscepção de juros ainda mais altos nos EUA
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou o último pregão da semana nesta sexta-feira, 19, com forte queda de 2,04, em 111.496 pontos. A baixa, que interrompeu uma sequência de cinco valorizações consecutivas do Ibovespa, refletiu uma repentina virada no humor dos investidores, globais e, porextensão, domésticos.
O Ibovespa fechou a semana com queda de 1,12%, mas acumula valorização de 8,07% no mês, até agora. A valorização no ano é pouco menor, está em 6,37%.
O que deixou o mercado mal-humorado e levou os investidores a buscar proteção em ativos seguros, fora das bolsas de valores, foi a declaração de dirigentes do Fed (Federal Reserve, banco central americano) de que os juros nos Estados Unidos continuarão em alta, até que a inflação dê sinais de que está sob controle.
A fala dos membros do Fed reposicionou o viés mais otimista do mercado das últimas semanas, estimulado por dados inflacionários abaixo das expectativas e pela perspectiva de uma elevação dos juros em ritmo mais suave nos EUA.
O Ibovespa foi pressionado por um cenário de aversão ao risco, com o mercado esperando um tom mais duro do Fed, na condução dos juros, para as próximas reuniões, de acordo com os analistas da Ativa Research.
A expectativa de aperto monetário mais forte, “que pode resultar em mais um aumento de 0,75 ponto no juro americano na próxima reunião”, levou a uma queda das bolsas internacionais, da Europa aos Estados Unidos, analisa Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.
Em dia de maior tensão no mercado global, “os juros de 10 anos voltaram a subir e bater 3%” ao ano, afirma Carvalho. Ele destaca que “juros altos nos EUA levam muito dinheiro de volta para o mercado americano, que é considerado porto seguro” para o investidor em momentos de incerteza.
Esse movimento de capitais rumo aos EUA costuma pressionar as moedas dos demais países, principalmente o de emergentes, como o Brasil. O dólar por aqui teve um dia de muita volatilidade, mas fechou em ligeira baixa de 0,08%, cotado por R$ 5,17.
A queda pôs fim a cinco sessões seguidas de alta, mas o dólar encerrou a semana com valorização de 1,97%, também a alta do mês, até o momento. No ano, acumula desvalorização de 7,18%.