BDR x ETF: tudo o que você precisa saber
Os BDRs replicam o desempenho de ações de empresas internacionais, e os ETFs, replicam índices do mercado
Investimentos como BDR e ETFs dizem muito sobre a evolução do mercado financeiro no Brasil, que tem sido extremamente rápida ao longo dos últimos anos. Isso é uma ótima notícia para o investidor, que tem cada vez mais opções para montar a sua estratégia de investimentos.
Muito úteis para diversificar uma carteira com diversos ativos de uma única vez, essas siglas (BDR e ETF) também são comuns para investimentos internacionais. Ao mesmo tempo, contudo, geram dúvidas sobre quais são as principais diferenças entre os dois produtos. É o que vamos responder no artigo de hoje.
Vamos começar entendendo o funcionamento de cada uma dessas siglas para, em seguida, entender as principais diferenças entre esses produtos do mercado financeiro.
O que são BDRs?
BDR é uma sigla para Brazilian Depositary Receipts (Recibos Depositários Brasileiros, em tradução livre para o português). Na prática, ele é um certificado que possui lastro em ativos do mercado internacional, que não poderiam ser comprados diretamente pela bolsa brasileira.
Pense, por exemplo, em ações americanas. Você não tem a oportunidade de comprá-las pela B3 diretamente. No entanto, esses recibos depositários, os BDRs, permitem a compra de um ativo que vai replicar o desempenho desses ativos no exterior de forma simplificada, sem a necessidade de abrir conta em uma corretora internacional.
Apesar de não comprar diretamente a ação dessa empresa em si, você tem um certificado que vai replicar o desempenho daquele ativo. Vale destacar que, além da performance desse ativo, o BDR também permite a exposição monetária. A maioria deles, afinal, é composto em dólar.
Os BDRs são, portanto, uma forma de diversificação geográfica tanto no que diz respeito às empresas globais, como também ao câmbio. Você pode ganhar dinheiro com a valorização do preço do ativo, como também receber eventuais dividendos distribuídos pela companhia.
A emissão dos BDRs na bolsa brasileira costuma ser realizada por uma instituição financeira. Para esse objetivo, ela compra os ativos internacionais e, com eles sob custódia, faz a emissão de recibos lastreados para negociação.
Até outubro de 2020, apenas investidores qualificados poderiam comprar BDRs na bolsa de valores. Atualmente, essa classe de ativos está disponível para qualquer investidor.
O que são ETFs?
Já ETF é uma sigla para Exchange Traded Funds (fundos negociados em bolsa, em tradução livre para o português. São fundos de investimentos com gestão passiva, que oferecem a possibilidade de replicar o desempenho de índices.
Os índices, por sua vez, nada mais são do que carteiras teóricas de ativos, selecionados de acordo com algumas regras estabelecidas. No entanto, não é possível investir diretamente neles. É aqui que entram os ETFs: eles "copiam" essas carteiras e possibilitam esse tipo de alocação ao investidor.
O Ibovespa, por exemplo, é um índice que reúne as principais empresas da bolsa de valores do Brasil. E você pode acompanhar o seu desempenho comprando ETFs de Ibovespa como, por exemplo, BOVA11, BOVV11, BBOV11, entre outros.
Existem também possibilidades internacionais. O S&P 500 tem como objetivo representar uma carteira teórica com as maiores 500 empresas da bolsa americana. E você pode investir nele usando ETFs locais, como IVVB11 ou SPXI11.
Vale destacar que esses índices possuem um pacote de ativos, de modo que comprar ETFs também funciona como uma estratégia simples de diversificação.
E os BDRs de ETFs?
No mercado financeiro, você também vai encontrar uma junção dos dois termos: os BDRs de ETFs. Embora pareça mais confusão com essa sopa de letrinhas, a explicação é bem simples agora que você já entendeu o conceito individualmente.
Assim como a bolsa brasileira tem alguns ETFs disponíveis para investimentos, outras bolsas de valores globais também possuem os seus ETFs. E eles, naturalmente, não são acessíveis por meio da B3.
É aqui que entram os BDRs de ETFs. Eles são certificados de depósitos com lastro em ETFs internacionais, replicando assim o seu desempenho e tornando-os acessíveis aos investidores brasileiros.
Quais são as principais diferenças entre BDRs e ETFs?
Agora você já entendeu o conceito que diferencia os BDRs e os EFTs. Mas e na prática? Quais são as principais diferenças na hora de escolher entre essas duas classes de ativos na montagem da sua carteira de investimentos?
Abaixo, mencionamos algumas das principais para que você possa avaliar dentro dos seus objetivos financeiros.
Diversificação
Como os ETFs replicam índices no mercado financeiro, a sua própria estrutura costuma trazer uma boa diversificação. Na maioria deles, aliás, você terá mais de 10 ativos na sua carteira ao comprar um Exchange Traded Fund.
Já os BDRs costumam replicar as ações de empresas em si, como Apple, Amazon, Constellation, entre outras companhias. No entanto, ao comprá-las, você não encontrará uma diversificação de ativos. A exceção são os BDRs de ETFs, conforme vimos anteriormente.
Controle do investimento
Outro ponto importante é que o BDR dá mais controle do seu investimento do que um ETF. Isso porque você escolhe o ativo internacional no qual deseja aportar o seu capital. Já ao usar um fundo de índice, por mais que seja possível verificar a carteira teórica, não permite um filtro ou seleção dos ativos.
Vale observar também que os BDRs listados pelas instituições financeiras são, em sua maioria, de empresas mais populares. Portanto, as oportunidades são limitadas quando comparadas a ter uma conta em corretora internacional.
Riscos
Ambos os produtos pertencem à renda variável, de modo que o risco de mercado (isto é, a própria oscilação de cotas a depender dos preços praticados pelos investidores) é um dos fatores de risco tanto para BDRs, como também para ETFs.
A depender do ativo que você escolher, pode haver também risco de liquidez. Ou seja, um volume baixo de dinheiro negociado. Isso porque muitos desses produtos são novos para o investidor individual, em especial os BDRs. Portanto, é preciso estar atento a isso antes de comprar um ativo.
Por fim, no caso dos BDRs, há exposição direta ao dólar. Em outras palavras, há risco cambial embutido no preço da cota. ETFs podem incluir esse risco da diversificação geográfica de forma indireta, quando replicam índices globais, mas estão isentos em índices nacionais.