BC prevê pico da inflação entre abril e maio, diz Campos Neto
Quebra de safra no início do ano e alta nos preços do petróleo tendem a sustentar a inflação
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, adiou mais uma vez a expectativa para o pico da inflação brasileira. Em evento da Esfera Brasil, em São Paulo, Campos Neto afirmou que o BC esperava que o ponto mais alto seria entre dezembro de 2021 e janeiro, mas citou a quebra de safra neste início de ano e o avanço dos preços de petróleo no mercado internacional como razões para postergação do pico da inflação. "Imaginamos agora que pico será entre abril e maio, e depois haverá queda mais rápida da inflação.
O presidente do BC também afirmou que o mercado de crédito continua saudável, embora em desaceleração. Porém, ele reconheceu que o endividamento das famílias piorou qualitativamente. "Mas não é algo que chama muita atenção ainda. O BC tem preocupação com isso. Tem projetos para os superendividados. E também há preocupação com os negativados, que estão fora do mundo financeiro e que gostaríamos que voltassem a ter acesso a crédito. Há uma série de medidas para quem está mais comprometido na cadeia de crédito."
PEC dos combustíveis
Roberto Campos Neto fez, ainda, menção ao alerta que o órgão fez na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro a medidas como a PEC dos combustíveis, discutida entre governo e Congresso. "Deixamos claro que medidas sobre preços de curto prazo não têm efeito estrutural sobre a inflação", disse.
PIB
Campos Neto destacou, no evento, que os números de atividade divulgados este mês mostraram desempenho um pouco melhor da economia no fim do ano passado. Com isso, o presidente do BC disse que acreditar que as estimativas do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 podem aumentar. "Economistas que tinham crescimento de zero para 2022 devem revisar para cima, principalmente pelo efeito no primeiro trimestre". Por outro lado, Campos Neto destacou que a confiança do consumidor ainda está bastante abaixo do nível pré-pandemia.
PIX
Após três episódios de exposição de dados relacionados a chaves Pix em seis meses, Roberto Campos Neto, admitiu, no evento, que, em meio ao crescimento exponencial do mercado de dados, vazamentos no geral vão ocorrer com alguma frequência.
Assim como nas comunicações dos incidentes, Campos Neto também argumentou que os vazamentos no âmbito do Pix "não são tão relevantes", porque não envolvem dados sensíveis, embora essa correlação não necessariamente seja verdadeira, segundo a diretora da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Nairane Rabelo Leitão.
"Como mercado de dados vai crescer exponencialmente, vazamentos vão ocorrer com alguma frequência. Não querendo banalizar os vazamentos. Vamos atacar todos os vazamentos, para que seja o mínimo possível. Mas é importante entender que os vazamentos de dados do PIX não são tão relevantes, não são dados sensíveis", disse, citando que dados como nome, CPF e telefone são mais "abertos".
Campos Neto ainda disse que o BC tem comunicado "100% dos vazamentos de dados envolvendo o Pix". A autarquia, contudo, informou que não deve mais comunicar diretamente à imprensa quando houver incidentes, já que a página criada para o BC para divulgação dos casos será atualizada constantemente.
O presidente do BC ainda argumentou que os vazamentos não são exclusividade do Pix e acontecem também em empresas de cartões e de telecomunicações, por exemplo. "Pessoa em poder de dados vazados só pode depositar dinheiro para donos das chaves. Nenhuma pessoa sofreu nenhum tipo de dano por esses vazamentos de dados no Pix", garantiu.
Sobre as novidades no sistema de pagamentos instantâneos, Campos Neto disse que o BC deve anunciar em breve no grupo de funcionalidades, incluindo a parte internacional. "O PIX vai para nível 5G e smart contracts." Campos Neto participou de evento da Esfera Brasil, em São Paulo./Agência Estado