Economia

Saiba o que esperar dos balanços das empresas no 3º trimestre de 2022

Bancos, varejo de alta renda, Petrobras e Banco do Brasil estão entre os destaques positivos

Data de publicação:24/10/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Analistas esperam por resultados sólidos nesta temporada de balanços corporativos do terceiro trimestre de 2022. A divulgação teve início na quinta-feira, 20, mas a agenda ganha força a partir desta semana, com os resultados de pesos pesados do Ibovespa, como Vale (VALE3), Ambev (ABEV3), Santander (SANB11) e Suzano (SUZB3), entre outros.

A previsão é que, em meio a um cenário macroeconômico bastante difícil no período, as empresas ainda entreguem resultados que apontem bons níveis de crescimento de receitas e lucros. A expectativa mais positiva está focada em setores como bancos, varejo de alta renda e shoppings de alto padrão.

Resultados dos balanços tendem a indicar crescimento de receitas e lucros - Foto: Reprodução

De maneira geral, porém, analistas projetam uma ligeira revisão para baixo nos lucros das empresas do Ibovespa ao longo dos últimos meses, analisa Jennie Li, estrategista de ações da XP. “E isso pode ser visto como um risco”, já que a inflação global, que permanece em alta, e os riscos de recessão, que também crescem, são fatores que aparentemente ainda não foram completamente precificados pelo mercado, avalia.

É um cenário que os fatores de atenção lembram os do trimestre anterior. Jennie diz que é preciso ver se as empresas continuam com capacidade para repassar os custos maiores em meio aos choques de preço causados pela guerra na Ucrânia e nas cadeias de suprimento globais.

A estrategista chama a “atenção também para o impacto dos preços das commodites, que caíram ao longo do trimestre passado, e do câmbio, com a desvalorização do real”.  Ela entende que preços mais baixos podem impactar o resultado das exportadoras de commodities (com peso forte no Ibovespa), ainda que isso possa ser compensado por dólar mais forte.

Bancos e varejo alta renda entre os destaques

Na análise setorial, Jennie acredita em resultados positivos para bancos, varejo de alta renda e shoppings. “Os bancos, pelo menos os grandes, devem se beneficiar ainda de um crescimento robusto de crédito e baixo consumo dos índices de cobertura.”

O segmento de varejo de alta renda e de shoppings de alto padrão, para analistas, não sofreu com a escalada da inflação e dos juros que inibiu o consumo no varejo de baixa renda. Ao contrário, a previsão é que venham com resultados positivos, pela capacidade que têm de repassar custos maiores ao consumidor.

“As varejistas de alta renda devem continuar a mostrar resiliência da demanda frente à inflação”, analisa a estrategista da XP. “Os shoppings do segmento de alto padrão também devem seguir a mesma linha, continuar a mostrar recuperação”, avalia.

Fatores sazonais no quarto trimestre

A estrategista de ações da XP considera prematura qualquer previsão para os balanços do último trimestre, mas aponta alguns fatos sazonais que podem beneficiar determinados segmentos. “As festividades de fim de ano e o Black Friday podem ser positivos para alguns setores, mas algumas dinâmicas diferentes, como a Copa do Mundo e as incertezas políticas, podem impactar os resultados.”

Jennie inclui também como fatores de incerteza para o mercado o cenário macro internacional, relacionados à política monetária e ao crescimento econômico global, que estão mudando rapidamente. As economias mais desenvolvidas vivem um ciclo de aperto monetário que assombra os países com o risco de uma recessão global.

Quais ações podem ocupar o pódio

A Petrobras (PETR4) tende a ser uma das empresas de destaque da atual temporada de balanços do terceiro trimestre de 2022, na visão de Charo Alves, especialista da Valor Investimentos. Ele inclui duas outras companhias candidatas ao destaque da temporada. Uma do setor bancário, o Banco do Brasil (BBAS3), e outra do químico, a Unipar (UNIP6)

Alves acredita que a Petrobras venha com resultado forte no balanço, que será conhecido em 3 de novembro. “Como está relacionada a commodities e é uma das maiores pagadoras de dividendos, a Petrobras deve mostrar resultados que agradem ao investidor”, diz o especialista.

Os dividendos, segundo previsões, podem chegar a 28%/29% em 2023. “O dividendo é alto porque o lucro da companhia está alto”, avalia. “E a distribuição prevista em 2023 indica que seu lucro continuará alto.”

Uma das fontes desse resultado “está na escalada das cotações do petróleo em meio à crise de energia e à guerra na Ucrânia”. Ao lado disso, afirma, existe um plano de desinvestimento, com vendas de campos menos produtivos, e enxugamento da folha de pessoal, com adoção de PDV (demissão voluntária de funcionários), explica Alves.

Outro setor em destaque nessa temporada de balanços é o bancário. “Todos os grandes bancos têm gerado expectativa muito positiva, mas o olhar do mercado estará focado no balanço do Banco do Brasil”, com resultado que, acredita, deve superar o dos demais grandes bancos.

O motivo, segundo Alves, é uma linha de crédito muito forte no setor de agronegócio, “uma ponta firme que segura e sustenta o PIB brasileiro há muito tempo”. É um banco que tem resiliência também ao spread bancário, que sobe com a alta dos juros e aumenta a rentabilidade.

A Unipar, do setor químico, é outra companhia que deve se destacar nessa temporada de balanços, prevê Alves. A expectativa positiva vem da combinação do aumento de produção e previsão de crescimento de dividendos. “A previsão é que a distribuição de dividendos suba de 15%, este ano, para 18%, em 2023, reflexo do resultado positivo projetado para o terceiro trimestre deste ano.”

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.