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AZUL4 e GOLL4: com desafios à frente, aéreas não conseguem decolar

As ações da Azul (AZUL4) registraram o menor preço histórico no dia 14 de fevereiro de 2023

Data de publicação:22/02/2023 às 08:00 - Atualizado um ano atrás
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Desde o início da pandemia, as aéreas ainda não conseguiram se recuperar, tanto pelas viagens que foram paralisadas, quanto pela inflação no custo das passagens e no preço do querosene de aviação.

Para coroar essa situação negativa para o setor, o início de 2023 vem chamando a atenção do mercado por causa do risco de crédito de companhias que estão na Bolsa, tendo em vista a crise desencadeada por Americanas

As ações AZUL4 registram o menor preço histórico no dia 14 de fevereiro de 2023 - FOTO: Reprodução

Mais combustível nesse fogueira foi jogado no dia 10 de fevereiro quando a Fitch Ratings, agência de classificação de risco e crédito, rebaixou a nota de crédito da Azul (AZUL4) de “CCC+” para “CCC-”, que é próximo a calote na classificação. 

No mesmo dia, a agência de risco S&P diminuiu a nota de crédito da Gol (GOLL4) de “CCC+” para “CC”. A piora na perspectiva se deu por conta do anúncio de um acordo com a Abra, futura controladora da Gol e da Avianca, para reestruturar sua dívida via troca de títulos e injeção de US$ 400 milhões em capital. 

Na visão dos analistas da S&P, o movimento, com vencimento em 2028, é na prática uma reestruturação da dívida e equivale a um episódio de inadimplência por parte da Gol. 

Como ficam as ações?

As ações da Azul (AZUL4) registraram o menor preço histórico no dia 14 de fevereiro de 2023, segundo estudos do TradeMap. No dia, os papéis fecharam a R$ 8,00, menor valor já atingido pelo papel na bolsa B3 desde o seu IPO em 10 de abril de 2017.

O maior valor da ação foi no dia 28 de janeiro de 2020, pouco antes do início da pandemia, quando atingiu os R$ 62,41. Do dia 10 de abril de 2017 até o máximo em janeiro de 2020 o papel valorizou 197,2%. Do máximo em 2020 até o dia 14 de fevereiro a ação registra queda de -87,2%.

No auge da Pandemia entre os dias 21 de fevereiro de 2020 e o mínimo em 18 de março do mesmo ano o papel desvalorizou -81,4% saindo de R$ 55,65 para R$ 10,35. Confira:

Fonte: TradeMap

No caso da Gol, as ações recuaram -86,6% desde o seu máximo em agosto de 2019, ainda de acordo com o TradeMap. 

O mínimo valor atingido pela ação foi em 2016, a R$ 1,16. Após essa queda, o maior preço em 01 de agosto de 2019, a R$ 43,79, o que representa uma valorização de 3.675%. 

No momento mais crítico da pandemia, entre os dias 21 de fevereiro de 2020 e 18 de março do mesmo ano, o papel desvalorizou -83,4% saindo de R$ 33,82 para R$ 5,60 por ação. Confira:

Perspectivas 

Na visão dos analistas, a situação de estrutura de capital das aéreas não é positiva, considerando o nível de endividamento e a alta taxa de juros. Pedro Lang, especialista da Valor Investimentos, pontua que a casa acredita na possibilidade de aumento de capital por meio de ações, o que significa que o investidor pode se antecipar, saindo do papel e penalizando o preço de negociação. 

Apolo Duarte, CFP®️, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital, afirmou que o dólar e o petróleo também acabam jogando contra as aéreas nesse momento. Isso por que as passagens aéreas se tornam mais caras devido à inflação nos preços. 

Nessa perspectiva, João Abdouni, analista da Skopos, afirma que o setor aéreo tem uma atividade cara, difícil de manter no cenário atual. “Com o preço elevado, muitas pessoas passaram a escolher ônibus para viagens, não mais avião”, afirma. Ainda de acordo com Abdouni, a junção de aumento de despesas financeiras e dívidas da Gol e da Azul com a redução de receitas é o combo que faz o mercado desconfiar de que elas podem entrar em recuperação judicial. 

Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, cita também o dado de estoques de petróleo nos Estados Unidos, que mostram uma demanda menor. Além disso, a postura do Federal Reserve de aumento de juros para controle da inflação. Portanto, na visão de Arbetman, o setor aéreo, sendo cíclico, sofre bastante com esses fatores. 


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Sobre o autor
Mari GalvãoRepórter de economia na Mais Retorno