Economia

Ações da Petrobras caem com a escolha de novo presidente da estatal

Papéis da petroleira recuavam mais de 4% no início da tarde

Data de publicação:24/05/2022 às 01:05 - Atualizado 2 anos atrás
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O Ministério de Minas e Energia anunciou na noite de segunda-feira, 23, que indicará Caio Mário Paes de Andrade como novo presidente da Petrobras. O escolhido ocupará o lugar de José Mauro Ferreira Coelho. O novo CEO é chefe da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia.

O mercado reagiu negativamente à nova troca no comando da Petrobras após apenas 39 dias da última substituição. No fechamento do pregão desta terça-feira, 24, a ação PN (PETR4) registrou queda acentuada de 3,06%, cotada por R$ 31,60.

Caio Paes de Andrade, principal nome cotado para assumir a presidência da Petrobras | Foto: Divulgação

Mercado enxerga mudanças na Petrobras com olhos negativos

A XP considera a mudança negativa, embora não veja o movimento como uma mudança na política de preços. A corretora manteve a recomendação de compra com o preço-alvo de R$ 47,80 para as ações ON e PN da Petrobras e de US$ 18,40 para as ADRs (PBR e PBR.A). Os valores estimados apontam para um potencial de alta de 35%, 46,9%, 24,4% e 35,8%, respectivamente.

O Itaú BBA também avalia como negativa a substituição no comando da Petrobras. O banco destaca que não está claro se o novo indicado atenderá aos requisitos do estatuto da estatal, porque Paes de Andrade tem menos de dois anos de experiência no setor.

Os analistas da casa pontuam, em relatório, que os estatutos da empresa exigem que os membros da diretoria tenham pelo menos dez anos de experiência em liderança. E observam que a decisão do governo de trocar os dois últimos CEOs da empresa foi desencadeada pelos dois últimos reajustes de preços de combustíveis.

O Itaú BBA tem recomendação outperform (equivalente a compra) para as ações preferenciais de Petrobras, com preço-alvo de R$ 38, um potencial de valorização de 16,7% sobre o último fechamento.

Percepção de risco

Em relatório para os investidores, o Credit Suisse afirma que a troca de comando na estatal aumenta a percepção de risco e será recebida negativamente pelo mercado “devido a possíveis perturbações e algumas preocupações de interferência política” na companhia.

Os analistas da casa não esperam, contudo, mudanças na política de preços ou na estratégia de negócios da empresa. Ressaltam, no entano, que as mudanças recorrentes no comando da Petrobras aumentam substancialmente percepção de riscos para a tese de investimentos.

Destacam ainda que, “coincidentemente”, o anúncio da demissão de José Mauro Ferreira Coelho se deu na sequência de um reajuste de 9% no preço do diesel. Uma repetição do contexto da demissão do presidente anterior, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, em 11 de março, após aumentos de preços de gasolina e diesel.

Perspectivas

A avaliação da equipe do BTG Pactual é que aumentos adicionais de preços de combustíveis serão cada vez menos tolerados pelo governo dado o cenário inflacionário. Os ruídos se tornam recorrentes, o que poderia colocar em dúvida a capacidade da Petrobras de continuar resistindo às tentativas de ingerência política na empresa.

A equipe do banco reafirma a continuidade de visão bastante positiva para o setor de petróleo, mas com foco mais nos ativos privados, como 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3), com uma visão mais neutra para Petrobras.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.