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Economia

2023: ano para investir no Brasil ou no exterior?

Data de publicação:23/01/2023 às 16:53 -
Atualizado 2 anos atrás
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Não tem sido fácil a vida do investidor de renda variável no Brasil. Desde 2019, quando se valorizou, por exemplo, o Ibovespa no período relatado, a bolsa brasileira e os fundos imobiliários alternam altos e baixos.

Em 2022, por exemplo, o principal índice da Bolsa registrou queda de 0,46% em seu último pregão e o IFIX, índice que congrega os fundos do mercado imobiliário, subiu para 0,57%.

A tendência é que o cenário de alta volatilidade e preços indefinidos deve se manter ao longo de 2023. Não vale esquecer, afinal, que teremos uma mudança de governo e a postura vem indicando um aumento de risco fiscal, fator que contribui para uma menor chance de valorização em conjunto com as altas taxas de juros.

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Diante desse ambiente de dúvidas, é natural que o investidor se questione qual é o melhor destino para o seu capital. É hora de largar o Brasil e investir tudo no exterior? Ou as recentes preocupações são exageradas? 

Como foi o ano de 2022 para os investimentos?

O período que passou também tinha características desafiadoras, em especial em função da eleição polarizada entre o então presidente, Jair Bolsonaro, e o seu principal adversário, Lula.

O ano foi pautado pelo evento político, como não poderia deixar de ser. As pesquisas foram decisivas para os movimentos da bolsa de valores, que costuma antecipar os possíveis cenários econômicos. E o plano de fundo era animado, como costuma ser o "pacote Brasil": PEC dos Precatórios, inflação elevada, subida de juros e reformas travadas.

Diante de um ambiente desafiador para os investimentos brasileiros, vamos então conferir como foi o desempenho de cada classe de ativos em 2022? O gráfico abaixo traz a performance e você pode conferir pessoalmente na nossa ferramenta de comparação de ativos.

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Entendendo o ano de 2022 para os meus investimentos

O gráfico traz um bom resumo do que aconteceu no ambiente econômico do ano passado. Iniciamos o período com forte problema de inflação, que afetou boa parte do planeta após a normalização da pandemia. Com a sinalização de que precisa subir juros, as ações americanas tiveram a pior performance.

Por aqui, mais acostumados com pressão inflacionária, o Banco Central antecipou a subida dos juros e conseguiu controlar bem a situação. Prova disso é que o CDI passou o IPCA ao longo do ano e fechou em patamar elevado, favorecendo os investimentos de renda fixa.

Nossa bolsa acabou ficando de lado. Houve uma sinalização de crescimento, conforme as eleições se aproximavam, mas o risco político de falas do novo governo aumentaram o risco fiscal. No final do último pregão, o resultado ainda foi positivo em função da boa performance das commodities, mas abaixo da renda fixa.

Neste contexto, como costuma acontecer, o destaque ficou com os fundos multimercados (representados pelo índice IHFA), fechando com 13,6% de rentabilidade. Os gestores, afinal, podem usar de diferentes classes de ativos e surfar no aumento do juros. Vale mencionar também o Bitcoin, que despencou em 2022: uma perda de 67% do seu valor de mercado.

Qual é o cenário de 2023 para os investimentos?

E para 2023? Qual é o cenário econômico que podemos esperar? Novamente, a expectativa inicial é de um ano com desafios. O cenário político segue com papel central no resultado dos ativos brasileiros. Há muita incerteza sobre os efeitos do novo governo sobre o futuro da economia nacional.

Dois fatores dificultam uma tendência de alta da bolsa de valores. O primeiro deles é o mesmo do ano passado: o risco fiscal. O novo governo tem uma tendência a gastar mais com incentivos, como é tradicional de um governo alinhado à esquerda, que tem como foco o plano social.

Caso essa tese se confirme, o Brasil pode ter um endividamento próximo a 100% do PIB, o que é negativo em termos de credibilidade dentro do mercado financeiro. Lula já defendeu por inúmeras vezes a eliminação do teto de gastos. Diga-se, o antecessor também não contribuiu para deixar as contas em boas condições, inclusive com medidas eleitorais.

Por outro lado, o estouro do orçamento aprovado pelo congresso será apenas para 2023 — ao invés de quatro anos, como queria o novo governo. Isso ajuda a aliviar um pouco a pressão sobre o mercado financeiro.

Além disso, temos juros elevados no começo de 2023. Quando o cenário é de um CDI acima de 10%, há um movimento natural dos investidores a favor da renda fixa, com bons ganhos anuais sem tantos riscos. E isso tira a atratividade da bolsa de valores.

E o cenário global?

Essa seria então a hora de fugir do Brasil e focar no mercado internacional? A solução não é tão simples assim. Vale lembrar que, assim como o nosso cenário em 2022, agora é a vez dos americanos enfrentarem a pressão inflacionária. E o início do aumento de juros também vai impactar negativamente as bolsas americanas.

Ou seja, podemos sim ter uma recessão global no ano que se aproxima. Ainda assim, por ser uma economia considerada (e de fato) mais estável, os Estados Unidos acabam atraindo boa parte dos investimentos em ambientes de maior incerteza. O risco político do Brasil também acaba afastando um pouco o investidor estrangeiro.

Onde investir em 2023: no Brasil ou no exterior?

Agora que já passamos por detalhes políticos e econômicos relevantes para o ano de 2023, podemos nos voltar para a questão central deste artigo. Afinal, onde investir em 2023? No Brasil ou no exterior?

Se você já acompanha os nossos conteúdos, talvez já saiba que a resposta é em ambos. Isso porque a melhor proteção contra crises e a volatilidade é justamente a diversificação.

Ademais, tentar acertar os ativos do ano (chamado tecnicamente de market timing) não é uma estratégia que costuma ser vencedora. É muito difícil prever o comportamento dos investidores e eventos não planejados — como é o caso da própria pandemia — podem modificar por completo o planejamento anual para os ativos.

Dessa forma, o ideal é montar uma estratégia, de acordo com o seu perfil de investidor e os seus objetivos financeiros, e segui-la mesmo em uma cenário adverso. Vamos passar de forma breve pelas principais oportunidades.

Renda fixa seguirá em alta?

Sem dúvidas, a renda fixa permanecerá atrativa para 2023. A expectativa inicial era de um fim no ciclo de alta e início da queda a partir de julho, mas a depender da inflação e das ações do novo governo, nós podemos ver uma manutenção (ou até mesmo elevação) da Taxa Selic.

Se para alguns a renda fixa é utilizada mais para uma reserva de emergência, pode ser um ano positivo para os rentistas, que possivelmente vão obter retornos acima de 10% ao ano — uma rentabilidade excelente dado o baixo risco dessa classe de ativos.

A bolsa brasileira ainda está barata?

Os riscos para a economia brasileira são claros, mas é preciso analisar sempre de forma fria. É improvável que a nossa bolsa decole em 2023 diante das incertezas e desafios, contudo também é difícil imaginar uma crise que faça com que as nossas grandes empresas entrem em colapso.

Nesse caso, considerando que os ativos acabam desvalorizando, mas entregando bons resultados, tornam-se baratos. Quem compra em um cenário adverso ("ao som de canhões", como defende Warren Buffett), pode obter excelentes retornos em um horizonte mais longo, como cinco ou dez anos.

Aproveitar essa assimetria de preços é uma das melhores estratégias visando o longo prazo, mas é preciso ter estômago para ver o dinheiro andando de lado ou caindo por meses. Vale lembrar que o investidor de renda variável já vem nesse ritmo há pelo menos dois anos.

Cenário global também tem desafios

Por fim, podemos olhar para a diversificação internacional como uma maneira de minimizar o risco nacional. Essa é outra boa estratégia, mas sem esquecer que também existem desafios para outras geografias.

Mesmo com o aumento dos juros americanos, por exemplo, a rentabilidade oferecida ainda não é tão atrativa. Vale lembrar que, por aqui, os ativos de renda fixa já oferecem uma remuneração acima de 10% ao ano. Desta forma, embora o risco seja maior, a rentabilidade dos ativos brasileiros se destaca.

O mesmo vale para as ações estrangeiras. A tendência não é das mais otimistas por conta do aumento dos juros. Mesmo olhando outras regiões, como Europa e China, os desafios para crescimento das empresas aparecem. Apesar disso, é sempre vale contar com esse tipo de distribuição, protegendo a sua carteira de movimentos locais do Brasil.

Em suma, portanto, com uma bolsa descontada em relação aos principais concorrentes e com taxas de juros elevadas, não faz sentido deixar de investir no Brasil com preocupação de decisões políticas de curto prazo. O ideal, reforço, está na diversificação de ativos por aqui e também no mercado exterior.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.