Zona de Conforto e Investimento
Zona de conforto. Essa expressão é autoexplicativa, pois, afinal, quem não gosta de ficar confortável em uma situação, enquanto as outras pessoas experimentam alternativas inéditas, com…
Zona de conforto. Essa expressão é autoexplicativa, pois, afinal, quem não gosta de ficar confortável em uma situação, enquanto as outras pessoas experimentam alternativas inéditas, com ou sem sucesso nos resultados? O problema é que, no mundo financeiro, a falta de apetite para o risco costuma significar perda de dinheiro. Isso acontece frequentemente com as pessoas físicas que se negam a diversificar as apostas para aumentar seu patrimônio.
Renda fixa, renda variável, fundos imobiliários, fundos multifatores – ou factor investing –, há uma gama de excelentes oportunidades à espera dos investidores. Isso sem contar a possibilidade de investir em outros países, no caso do Brasil, por meio de BDRs ou Fundos de ETFs.
Não faltam artigos, especialistas, portais na web como o Mais Retorno e outras tantas fontes de informação para você mesmo avaliar qual é a melhor aplicação de acordo com o seu perfil. Então, isso não é desculpa para manter todos os recursos num único papel do Tesouro Direto, por exemplo, e achar que tomou uma boa decisão.
Um exercício que costumo recomendar para os fãs da zona de conforto financeira é comparar os ganhos do atual investimento com outras carteiras do mercado. Posso falar do nosso fundo de ações, o Avantgarde Multifatores, que de janeiro de 2021 até agora (31 de março), rendeu 12.67%, além de ter registrado 17.64% no ano passado.
A boa performance de um único portfólio também não deve guiar a sua decisão de investimento. A regra é clara: é preciso buscar outros horizontes.
No estudo de Finanças Comportamentais, existe um tipo específico de comodismo na gestão do dinheiro chamado “home bias”. Seria algo como a tendência de os investidores comprarem apenas ações do seu próprio país, ignorando os eventuais ganhos de diversificar a carteira com ações estrangeiras.
Aqui no Brasil é compreensível esse comportamento dado as possibilidades limitadas de realizar transação internacionais. Ainda assim, temos investidores que simplesmente concentram o patrimônio reservado à renda variável em uma ou duas empresas na Bolsa de Valores, pois preferem aquilo com que já estão familiarizados.
O home bias é um comportamento comum em diversos países. Na Suécia, um estudo realizado no final da década de 80 mostrou que, embora o país representasse cerca de 1% do valor dos ativos negociados no mundo, seus investidores colocavam o dinheiro quase exclusivamente em ações domésticas. Outro estudo, descobriu que esse mesmo fenômeno acontece na Índia e até nos Estados Unidos.
O medo da diversificação acaba aumentando a chance de que um determinado evento no mercado local cause um estrago em uma carteira inteira. Contudo, na era da globalização, o home bias tende a diminuir, na medida em que as economias se tornem cada vez mais interligadas, aumentando as facilidades de o capital circular mundo afora.
Outras fontes de combate ao comodismo dos investimentos – doméstico ou não – seriam a educação financeira, ao lado do trabalho de bons escritórios de agentes autônomos, além de fontes seguras de conteúdo sobre o mercado de renda fixa e variável. Da minha parte, continuarei na missão de defender a diversificação dos investidores e fazê-los zelar, de verdade, pelas suas conquistas financeiras.
*As opiniões contidas nesse artigo são do autor do texto e não necessariamente refletem a opinião do Mais Retorno