Finanças Pessoais

Zona de Conforto e Investimento

Zona de conforto. Essa expressão é autoexplicativa, pois, afinal, quem não gosta de ficar confortável em uma situação, enquanto as outras pessoas experimentam alternativas inéditas, com…

Data de publicação:09/04/2021 às 05:00 - Atualizado 3 anos atrás
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Zona de conforto. Essa expressão é autoexplicativa, pois, afinal, quem não gosta de ficar confortável em uma situação, enquanto as outras pessoas experimentam alternativas inéditas, com ou sem sucesso nos resultados? O problema é que, no mundo financeiro, a falta de apetite para o risco costuma significar perda de dinheiro. Isso acontece frequentemente com as pessoas físicas que se negam a diversificar as apostas para aumentar seu patrimônio. 

Renda fixa, renda variável, fundos imobiliários, fundos multifatores – ou factor investing –, há uma gama de excelentes oportunidades à espera dos investidores. Isso sem contar a possibilidade de investir em outros países, no caso do Brasil, por meio de BDRs ou Fundos de ETFs.

Zona de conforto e investimentos, nem sempre as palavras caminham juntas. É preciso arriscar para ter melhor retorno

Não faltam artigos, especialistas, portais na web como o Mais Retorno e outras tantas fontes de informação para você mesmo avaliar qual é a melhor aplicação de acordo com o seu perfil. Então, isso não é desculpa para manter todos os recursos num único papel do Tesouro Direto, por exemplo, e achar que tomou uma boa decisão.

Um exercício que costumo recomendar para os fãs da zona de conforto financeira é comparar os ganhos do atual investimento com outras carteiras do mercado. Posso falar do nosso fundo de ações, o Avantgarde Multifatores, que de janeiro de 2021 até agora (31 de março), rendeu 12.67%, além de ter registrado 17.64% no ano passado.

A boa performance de um único portfólio também não deve guiar a sua decisão de investimento. A regra é clara: é preciso buscar outros horizontes.

No estudo de Finanças Comportamentais, existe um tipo específico de comodismo na gestão do dinheiro chamado “home bias”. Seria algo como a tendência de os investidores comprarem apenas ações do seu próprio país, ignorando os eventuais ganhos de diversificar a carteira com ações estrangeiras.

Aqui no Brasil é compreensível esse comportamento dado as possibilidades limitadas de realizar transação internacionais. Ainda assim, temos investidores que simplesmente concentram o patrimônio reservado à renda variável em uma ou duas empresas na Bolsa de Valores, pois preferem aquilo com que já estão familiarizados.

O home bias é um comportamento comum em diversos países. Na Suécia, um estudo realizado no final da década de 80 mostrou que, embora o país representasse cerca de 1% do valor dos ativos negociados no mundo, seus investidores colocavam o dinheiro quase exclusivamente em ações domésticas. Outro estudo, descobriu que esse mesmo fenômeno acontece na Índia e até nos Estados Unidos.

O medo da diversificação acaba aumentando a chance de que um determinado evento no mercado local cause um estrago em uma carteira inteira. Contudo, na era da globalização, o home bias tende a diminuir, na medida em que as economias se tornem cada vez mais interligadas, aumentando as facilidades de o capital circular mundo afora.

Outras fontes de combate ao comodismo dos investimentos – doméstico ou não – seriam a educação financeira, ao lado do trabalho de bons escritórios de agentes autônomos, além de fontes seguras de conteúdo sobre o mercado de renda fixa e variável. Da minha parte, continuarei na missão de defender a diversificação dos investidores e fazê-los zelar, de verdade, pelas suas conquistas financeiras.

*As opiniões contidas nesse artigo são do autor do texto e não necessariamente refletem a opinião do Mais Retorno

Sobre o autor
Luciano FrançaLuciano Boudjoukian França (CFP®️) economista pela FEA-USP, Pós-Graduado em Finanças, Mestre em Economia pelo Insper e sócio da Avantgarde Asset Management.