Economia

Varejo está 0,4% abaixo do período pré-pandemia e a inflação é um dos principais responsáveis pela queda

Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE

Data de publicação:11/11/2021 às 02:21 - Atualizado 2 anos atrás
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A piora no desempenho do varejo na passagem de agosto para setembro fez o volume de vendas ficar 0,4% abaixo do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 1,7% aquém do pré-pandemia. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio e foram divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Cristiano Santos, gerente da pesquisa, a aceleração da inflação no País é um dos principais responsáveis pela perda de fôlego das vendas no comércio varejista. O volume vendido recuou 1,3% em setembro ante agosto, a queda mais acentuada para o mês dentro da série histórica do levantamento, iniciado em 2000 pelo IBGE.

Foto: Reprodução

O resultado sucede uma retração de 4,3% registrada no mês anterior. Nos dois meses seguidos de quedas, o varejo acumulou uma perda de 5,6%.

"Tem alguns fenômenos, mas a inflação certamente é o mais importante, particularmente nos últimos dois meses", apontou Santos.

Segundo o pesquisador, a inflação afeta mais o desempenho dos segmentos de combustíveis, supermercados, outros artigos de uso pessoal e doméstico, veículos e material de construção. Santos lembra que algumas atividades tiveram estabilidade na receita nos últimos dois meses, mas o deflator deixou o volume de vendas negativo.

Entre os demais fatores que têm afetado o desempenho das vendas estão a estagnação nas concessões de crédito, a alta nos juros e a falta de renda para consumo, uma vez que o mercado de trabalho vem evoluindo sem melhora do rendimento médio do trabalhador, enumerou Santos.

Ele lembrou ainda que os serviços competem com o comércio pela renda disponível das famílias, e a alta recente do dólar também "diminui o ímpeto dos consumidores" por artigos importados, o que "pode influenciar em algumas cadeias" varejistas.

"Quase não há mais relatos de impacto da pandemia na receita das empresas", acrescentou Santos.

Entre os informantes que justificaram variação na receita em setembro, apenas 2,3% relataram impacto da pandemia. No auge do choque provocado pela crise sanitária, em abril de 2020, esse porcentual era de 63,1%.

Segmentos do varejo

Santos reconhece que a maioria dos setores teve uma queda "muito forte" em setembro ante agosto, mas vê volatilidade elevada nos dados.

Segundo ele, depois da recuperação que levou o varejo a patamares recordes recentemente, há um movimento de acomodação no nível de vendas, por conta da base de comparação elevada.

Os segmentos de artigos farmacêuticos, material de construção e outros artigos de uso pessoal e doméstico são os únicos que estão operando acima do patamar pré-crise sanitária.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 12,0% acima do pré-crise sanitária; material de construção, 11,7% acima; e outros artigos de uso pessoal e domésticos, 5,8% acima.

Os supermercados estão 0,1% aquém do nível de fevereiro de 2020; os veículos, 5,9% abaixo; móveis e eletrodomésticos, 4,7% abaixo; vestuário, 5,8% abaixo; combustíveis, 10,6% abaixo; equipamentos de informática e comunicação, 18,7% abaixo; e livros e papelaria, 37,3% abaixo. / Agência Estado

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