Renda Fixa

Títulos com ou sem cupom? Qual a melhor alternativa?

Todo investimento exige a análise de uma série de fatores como prazo, risco ou rentabilidade para ser realizado. Por vezes, especialmente ao investir em títulos públicos,…

Data de publicação:03/07/2019 às 09:49 - Atualizado 4 anos atrás
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Todo investimento exige a análise de uma série de fatores como prazo, risco ou rentabilidade para ser realizado. Por vezes, especialmente ao investir em títulos públicos, um fator adicional aparece: investir em ativos com ou sem cupom?

Se você não sabe responder a essa pergunta de maneira técnica, não se preocupe. A ideia desse artigo é justamente debater o tema e abordar os impactos de cada tipo de investimento. Assim, se essa é uma dúvida que ainda existe na sua cabeça, certamente não estará mais até o final do texto.

Que tal começarmos explicando definitivamente o que é o cupom? Vamos lá!

O que é o cupom de um título?

Quando falamos no nosso dia-a-dia sobre cupom, muita gente o associa ao desconto — um código que marcas oferecem aos seus clientes para que eles obtenham uma redução no custo dos produtos (ou serviços).

No mercado financeiro, ele é um pouco diferente. Trata-se da possibilidade de um título pagar uma parte do seu lucro de maneira antecipada (geralmente semestralmente), sem a necessidade de aguardar o vencimento da sua aplicação. Você também encontrará a definição desse conceito como juros semestrais.

Essa definição técnica talvez não ajude muito no entendimento, não é mesmo? Vamos usar um exemplo prático para que entenda de uma vez o que é um cupom.

Título com ou sem cupom?

Suponha que você faça um investimento hoje, no momento em que está lendo esse artigo, com vencimento para um ano no futuro. Ou seja, em condições normais, o valor do seu rendimento (o que vai ser ganho com o investimento) só será pago daqui a doze meses. Esse é o formato de título sem cupom.

No entanto, existe a possibilidade em alguns ativos financeiros de receber uma parte desse valor no meio do caminho. Ou seja, como falamos de pagamentos semestrais, você poderia receber uma parte do acordado em seis meses. Esses pagamentos parciais são o que se chama de cupons.

O valor a ser recebido antecipado depende do título e, obviamente, do valor anual oferecido. Para títulos cujo rendimento anual é de 10%, o recebimento será, por exemplo, de 4,88% a cada semestre.

Vale a pena investir em títulos com cupom?

O cenário de títulos com cupom costuma agradar investidores mais conservadores e, principalmente, mais receosos. Isso porque a possibilidade de ter o dinheiro na sua conta antes de prazos mais longos costuma agradar a esse perfil.

No entanto, do ponto de vista mais racional, será que vale a pena fazer investimentos que permitam antecipação da remuneração? Não existe uma resposta definitiva.

O ser humano gosta de definir com clareza as possibilidades entre extremos como bom ou ruim. No entanto, isso simplesmente não existe dentro do mercado financeiro. Todo investimento apresenta prós e contras e precisamos analisá-los individualmente para chegar a uma resposta.

Quais são as vantagens de investir em títulos com cupom?

Quando pensamos nas vantagens dos cupons, obviamente vamos considerar um cenário geral. É natural que, dependendo da sua maneira de investir, alguns pontos pesem mais do que outros. O objetivo aqui é entender como esse tipo de aplicação pode ser benéfica (ou não) para a sua vida.

Ao falar de algo que envolve o dinheiro, precisamos buscar pontos positivos em relação ao que vamos receber. Neste contexto, a primeira e principal vantagem é a antecipação de ganhos. Para investidores mais ansiosos mesmo em casos de renda fixa, isso pode ajudara controlar as emoções.

Além disso, o benefício técnico está no maior controle do fluxo de caixa. Como o recurso começa a entrar na sua conta bancária com maior rapidez, pode contar com maior capital de giro para suas finanças pessoais. Isso é muito válido para quem enxerga suas aplicações financeiras como um complemento à renda pensando no pagamento de contas e despesas.

Além da renda constante, os juros semestrais são interessantes para investidores que querem fazer o capital render, mas possuem receio de precisar dos recursos no curto prazo. É claro que não se trata de liquidez imediata (como no caso de alguns CDBs, por exemplo), mas ter parte do dinheiro em seis meses dá maior tranquilidade do que saber que ficará anos sem tocá-lo.

E quais são as desvantagens dessa prática?

Nem só de pontos positivos vivem os cupons. Fosse assim, todo mundo investiria assim, concorda? Vamos então dar uma avaliada naquilo que geralmente pesa contra essa alternativa.

O maior problema é a tributação. Para esse tipo de investimento, a incidência do Imposto de Renda acontece com tabela regressiva. Esse é o nome dado à cobrança que começa mais alta (22,5%) e vai reduzindo sua taxa anualmente até chegar ao mínimo (15%).

Quando você deixa para receber os seus lucros ao final do prazo total, paga o Imposto de Renda reduzido. Não é o que acontece nos juros semestrais: a cada recebimento, ocorre a tributação. E, como pode perceber, quanto antes um investimento é sacado, mais imposto é pago.

No final das contas, esse procedimento implica no recebimento de uma quantidade financeira menor do que seria aguardando o vencimento do título. Desta forma, o seu ganho potencial é reduzido.

Pensando agora em perfil, temos duas razões principais para pessoas se interessarem pelos títulos com cupom:

a) Interesse em investir novamente o dinheiro em outras aplicações;
b) Recebimento para pagar contas pessoais.

Em ambos os casos você terá limitações. No primeiro, não há garantia de que existirão boas oportunidades de mercado quando receber a antecipação. E esse, afinal, é outro fator que pode prejudicar suas rentabilidades já que, em muitas vezes, seria melhor deixar o dinheiro onde estava.

Para quem precisa da renda, o problema está no período de seis meses entre um pagamento e outro. Se você realmente necessita desse valor para pagar as suas contas, pode se complicar um pouco se não tiver um excelente planejamento no período.

Portanto, quando for investir em renda fixa e utilizando dos cupons, pense sempre a longo prazo.

Cupom e amortização são a mesma coisa?

Para quem ainda não tem domínio dos vários conceitos que englobam o mercado financeiro, o cupom pode ser confundido com a amortização dos títulos.

Dentro desse tipo de investimento, a amortização funciona como uma espécie de devolução do capital investido em um primeiro momento. Nesse processo, ao contrário do pagamentos dos cupons, não há incidência do Imposto de Renda.

O motivo é simples: essa retirada é do valor investido inicialmente e, portanto, não contém lucro — que é, de fato, a parte tributável de um investimento.

Portanto, trata-se de um processo bem diferente em relação à antecipação dos rendimentos que vimos anteriormente.

Quais os títulos do Tesouro Direto que pagam cupom?

O pagamentos dos cupons é feito para todos os investidores que possuírem títulos nessa condição no começo do dia definido para remuneração.

Normalmente, esse pagamento é no 1º ou 15º dia do mês de acordo com o cronograma de cada título. O calendário é divulgado no site oficial do Tesouro Direto, como neste exemplo aqui.

Na hora de adquirir um título público com cupom, atente-se para três informações na nomenclatura:

  • Se o título contém juros semestrais inclusos (do contrário, trata-se de um título sem cupom);
  • Qual a data de vencimento apresentada pelo nome do título;
  • O formato da taxa de rentabilidade (geralmente ela será atrelada ao IPCA ou Prefixada).

Apenas para que fique claro, suponha a compra de um título público cujo nome é "Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2026". Ele representa que:

  • A rentabilidade está associada ao índice IPCA;
  • O título tem cupom, pagando juros semestrais;
  • O vencimento do título será em 2026.

Título com cupom é mais ou menos arriscado?

De maneira geral, os títulos que pagam cupons são de renda fixa e títulos públicos. Essa categoria costuma ser bastante segura para os investimentos, com baixo risco até mesmo em termos de crédito. Vale lembrar, nesse cenário o seu dinheiro está com o governo e o risco de calote é pequeno.

Considerando o que vimos ao longo do artigo, podemos considerar dois riscos principais relativos aos títulos com cupom:

  • A questão da tributação, já que usando dos cupons você pagará mais impostos do que seria apenas na data de vencimento e, consequentemente, os lucros serão menores;
  • Se os investimentos forem em títulos prefixados, há o risco de mercado já que não se sabe o que vai acontecer com a taxa básica de juros (Selic) no momento da aplicação.

Além disso, não podemos ignorar a Duration do investimento. Esse conceito trabalha a relação de que quanto maior o tempo de um investimento, maior também será a demora para recebê-lo juntamente aos juros acordados.

Como títulos com cupom vão pagando o investidor aos poucos, temos um cenário em que a Duration  é menor do que em um título sem cupom. Na prática isso quer dizer que os títulos com cupom tem uma volatilidade menor no mercado secundário (caso você precise resgatar seu dinheiro antecipadamente).

Esse é um tema um pouco mais complexo, mas caso queria entender mais sobre esse conceito, temos um artigo completo sobre ele.

O que fazer com o dinheiro recebido nos cupons?

Caso você opte pelo recebimento do dinheiro do cupom, pode utilizar o dinheiro de algumas formas. Se a ideia é uso pessoal, como pagamento de despesas, não deixe de companhar as suas finanças com uma planilha de fluxo de caixa.

Para novas oportunidades de investimento, fique atento ao mercado. O uso de uma corretora ajudará bastante já que elas multiplicam as oportunidades em relação aos bancos.

No entanto, não se esqueça de que não recomendamos a antecipação constante de investimentos pelos fatores que listamos nesse artigo, ok? Você pode perder rentabilidade e nem sempre esse resgate é compensador para quem quer aplicar novamente o capital.

Ficou com alguma dúvida sobre os títulos com cupom? É só deixar um comentário que respondemos assim que possível!

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