Utilidade Marginal Decrescente
O que é a Utilidade Marginal Decrescente?
Utilidade, ou seja, o grau de satisfação obtido no consumo de um bem ou serviço, foi um termo criado pelo filósofo e jurista Jeremy Bentham no século XIX como uma medida para a intensidade de dor ou prazer que os indivíduos sentiam e que norteavam as suas ações.
Fervoroso seguidor de Adam Smith, não levou muito tempo até que Bentham se aventurasse pelo campo econômico.
Adaptando a sua linha de raciocínio para um ambiente onde o consumidor efetivamente faz escolhas para maximizar o seu prazer ou minimizar a sua dor, a utilidade pode ser:
- Total: quanto mais ele consome, maior ela é;
- Marginal: o quanto esse indivíduo se sente satisfeito em consumir uma unidade adicional;
- Nula: não há a disposição para se consumir uma unidade a mais;
- Negativa: consumir uma unidade adicional é prejudicial (medicamentos, por exemplo).
Assim, a utilidade do primeiro item consumido é sempre a maior possível, sendo que ela se reduz conforme mais unidades são consumidas. No limite, a utilidade pode ser negativa o que, economicamente falando, representa o desperdício de recursos.
Usando essa lógica, os economistas acreditam que podem assimilar o comportamento coletivo, o que permite verificar quais as condições que trazem a máxima eficiência em um sistema econômico.
Qual o exemplo que melhor explica a utilidade marginal decrescente?
A utilidade marginal decrescente parte das seguintes premissas:
- O consumidor toma decisões de forma racional;
- Quanto maior a disponibilidade de um bem ou serviço, menor o valor atribuído a ele.
Portanto, um indivíduo maximiza a sua utilidade de acordo com o seu contexto: primeiramente, ele irá atender as suas necessidades biológicas (fome, frio, sono) e, em um segundo momento, consumirá o que tiver maior valor.
O exemplo clássico dessa relação é o “paradoxo da água e do diamante” de Adam Smith:
Apesar de não podermos viver sem água, ela possui pouco valor na vida cotidiana dada a sua abundância. O diamante, por sua vez, mesmo não sendo essencial para a vida, possui grande valor por ser raro, situação que inclusive permite que seja trocado por outros bens.
Por outro lado, se esse mesmo indivíduo é levado ao deserto, a sua ordem de valores se altera. A água, por ser tão escassa quanto o diamante, terá muito mais valor e, portanto, utilidade, pois ela é a única entre as duas opções que pode lhe manter hidratado e vivo.
Como a utilidade marginal decrescente é vista pelas empresas?
Empresas que trabalham em ambientes competitivos fazem uso desse conceito para avaliar a propensão do consumidor em comprar. Isso porque as alterações nos preços podem gerar dois efeitos bastante conhecidos:
- Efeito Substituição: quando um fabricante reduz os seus preços, aumenta-se a quantidade demandada visto que o consumidor faz uma substituição na sua cesta de compras, ainda que a sua utilidade permaneça a mesma (bens de consumo básico);
- Efeito Renda: quando um fabricante reduz os seus preços, aumenta-se a quantidade demandada pois o consumidor percebe o incremento na sua renda real, o que aumenta a sua utilidade (bens de maior valor).
A utilidade marginal decrescente se aplica na relação entre renda e bem-estar?
Apesar de ser uma lei da microeconomia, a utilidade marginal decrescente tem sido usada em outros campos do conhecimento. Medir a relação entre renda e bem-estar passou a ser praxe na economia moderna.
Hoje, mais de 150 países já fazem algum tipo de levantamento. Os resultados contrariam amplamente o que a maioria pensa: mesmo que mais renda permita mais opções de consumo e lazer, ela não aumenta o bem-estar.
Por motivos óbvios, existe uma relação bastante estreita entre pobreza e infelicidade. Porém, de acordo com várias pesquisas, a riqueza, a partir de um determinado ponto, não traz mais bem-estar.
Para quem já alcançou esse patamar, a convivência com familiares e amigos teve maior impacto no seu grau de felicidade. Assim, pode-se dizer que a renda possui uma utilidade marginal decrescente até o ponto em que ela se torna nula.