Provisão para perda esperada
O que é provisão para perda esperada?
A provisão para perda esperada é uma quantia de capital separada por uma empresa destinada a proteger valores que ela deve receber, mas acredita que tem boas chances de calote.
O conceito é muito semelhante ao que os bancos (e companhias de outros setores) utilizam na PDD (provisão para devedores duvidosos), uma classificação para clientes que tendem a não honrar com seus compromissos.
No caso da provisão para perda esperada, o conceito é mais aplicado às carteiras de crédito. Ou seja, utiliza-se para prevenção no caso de não recebimento de um valor em data futura.
Assim, por meio desse mecanismo, caso algo dê errado, a gestão da carteira não é tão afetada na medida em que já havia expectativa disso acontecer. Por outro lado, se os compromissos são cumpridos, melhor ainda: há o recebimento e não há impacto de caixa.
Por que é importante trabalhar com a provisão para perda esperada?
No Mercado Financeiro, em qualquer ativo, há sempre um risco envolvido. A diferença, claro, é o nível de risco e a sua categoria em cada classe de investimentos.
Um dos principais deles é o risco de crédito, isto é, a possibilidade de um investimento não ser pago na data acordada. Ele é improvável nos títulos públicos, afinal o empréstimo de capital é para o próprio governo, mas possível. Podemos mencionar o exemplo atual e vigente da Argentina.
Sendo assim, empresas e fundos de investimentos devem sempre realizar uma avaliação de crédito sobre os seus ativos. Em alguns casos, quando há alta possibilidade de não receber o dinheiro, uma proteção é sempre bem-vinda.
É neste ponto que entra a provisão para perda esperada. Ou seja, caso o pior se confirme, isto é, o pagamento não ocorra dentro do prazo, o impacto financeiro é reduzido. Isso não significa que o valor seja perdido: existem recursos judiciais para buscar os direitos. No entanto, pensando no curto prazo, é uma boa maneira de mitigar os impactos.
Imagine, por exemplo, que você conte com o recebimento de um título para pagar algo importante. Neste caso, você estaria altamente exposto ao pagamento do ativo. Em outras palavras, a provisão para perda esperada pode ser encarada como uma proteção diante dessa exposição.
Quais os fatores que levam a uma provisão para perda esperada?
A gestão de risco de qualquer negócio precisa levar em consideração alguns fatores. Não é diferente para calcular a provisão para perda esperada, que nada mais é do que uma forma de quantificar o valor presente dos ativos investidos.
Existem também diversas situações que podem levar a uma perda esperada. Ou seja, são eventos não previstos que, na prática, geram uma dificuldade financeira. Consequentemente, o pagamento acordado é afetado. Veja abaixo alguns exemplos disso:
- Crise econômica: em períodos de crise, é natural que exista uma maior dificuldade no mercado de crédito. Desta forma, o risco de um calote aumenta consideravelmente e isso deve ser refletido no cálculo da provisão para perda esperada;
- Falta de garantias: alguns ativos, ainda que ofereçam certo risco, contam com garantias. Se há maior perspectiva de recebimento, então o risco é reduzido. Do contrário, o investimento acaba exposto e deve ser avaliado com cautela;
- Análise setorial: o setor da indústria ao qual o devedor está inserido também deve ser analisado. De acordo com o cenário econômico, pode-se esperar uma maior dificuldade para um ou outro segmento, colocando em risco também as chances de recebimento;
- Quebra de contrato: embora seja algo mais raro na medida em que existam medidas judiciais, há de se ponderar a chance de não cumprimento contratual. Isso engloba tanto as datas de vencimento, como também eventuais descumprimentos sobre pagamento de juros e multa.