Juro Neutro
O que é Juro Neutro?
Juro Neutro é um conceito utilizado para indicar que uma determinada taxa de juros é adequada para estímulo de um país sem gerar instabilidade na inflação ao longo do tempo.
No Brasil, esse termo é utilizado principalmente para análise da Taxa Selic, a taxa de juros básica do Brasil, em relação ao índice de inflação. Se há equilíbrio que não traga impactos para o aumento dos preços, então estamos diante de uma taxa com juro neutro.
Um desafio para análise desse conceito é que ela não é fixa ao longo do tempo. Isto é, de acordo com o desempenho e o comportamento da própria economia, o juro neutro também vai se movimentando.
Além da nomenclatura que vamos abordar neste texto, o juro neutro também é conhecido por outros nomes. São eles:
- Juro estrutural
- Juro ideal
- Taxa de equilíbrio
- Taxa natural
Como a Taxa Selic impacta o Brasil?
O conceito de juro neutro não está associado à Taxa Selic por mero acaso. A taxa básica de juros do nosso país tem, afinal, uma relação direta e objetiva com o cenário econômico brasileiro.
Vale lembrar que ela é definida pelo Banco Central em reuniões periódicas, variando de acordo com os objetivos propostos para um determinado momento.
Se o Banco Central entende que é o momento de estimular a economia, o ideal é baixar a Selic. Assim, o consumo é incentivado na medida em que a taxa de juros está menor. Ao mesmo tempo, o excesso nessa linha de redução pode levar a um aumento significativo da inflação.
Se, por outro lado, a inflação estiver elevada, o mecanismo do Banco Central para atuar é exatamente inverso. Ou seja, o aumento da Taxa Selic serve para desaquecer o consumo interno e, como consequência, permite maior estabilidade aos preços.
No meio do caminho está o juro neutro. Neste caso, o Banco Central consegue encontrar um valor para a Taxa Selic que permita, na medida do possível, um incentivo ao consumo sem causar um aumento da inflação. É um cenário saudável.
Qual é a principal função do juro neutro?
Como talvez já tenha sido explicado no tópico anterior, a principal função do juro neutro é permitir o crescimento econômico do país sem gerar algum tipo de pressão inflacionária.
No Brasil, esse é um conceito especialmente importante. Vale lembrar que, em um período relativamente recente, entre 1988 e 1994, o país teve altíssimos índices de inflação, em alguns anos superando o impressionante valor de 1000% (sim, você leu certo). Com o desenvolvimento do Plano Real, aos poucos os índices inflacionários passaram a ficar mais controlados.
No entanto, isso não significa que ela não deva ser monitorada e controlada. Assim, o uso do juro neutro pelo Banco Central é uma excelente forma de permitir o crescimento econômico do Brasil sem gerar essa pressão sobre os preços.
Juro neutro x juro real
Uma confusão que pode acontecer quando o assunto é taxa de juros está entre juros reais e juros neutros. O segundo, como já vimos, é uma taxa proposta que permite o crescimento econômico sem afetar tanto a inflação.
Já os juros reais são os rendimentos efetivos que uma quantia de capital apresenta descontando a inflação. Imagine, por exemplo, que a Taxa Selic esteja em 5% e a inflação esteja em 3%. Neste caso, os juros reais seriam de 2% (5% - 3%) e representam o que efetivamente foi ganho no período.
Há, como vimos, uma forte relação entre todos esses conceitos: juros neutros, juros reais, Selic e inflação. E uma medida impacta diretamente nas demais.
Como calcular o juro neutro?
O cálculo do juro neutro não é uma tarefa fácil, pois existem uma série de variáveis que impactam diretamente o comportamento tanto da taxa básica de juros de um país, como também a sua inflação. Entre eles podemos listar:
- PIB
- Confiança do consumidor na economia
- Crescimento do índice de produtividade
- Desempenho de setores econômicas
- Tendência a poupar ou gastar por parte dos consumidores
- Taxa de crescimento populacional
Esses são apenas alguns dos sinais, mas já representam bem a complexidade do cálculo. Desta forma, não existe uma fórmula mágica para encontrar um resultado permanente para o juro neutro. Ele, inclusive, muda constantemente. E é preciso monitorar com frequência.