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Joesley Day

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:08/08/2019 às 09:38 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é o "Joesley Day"?

Pouco antes da aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno da Câmara, muitos agentes do mercado financeiro mostravam certa apreensão com os atrasos durante a tramitação.

Afinal, a aprovação era vital para controlar o orçamento federal e, portanto, criar uma trajetória mais sustentável para a dívida pública, de forma que os juros básicos sejam mais baixos.

A frase abaixo, dita em meados de 2019 por um gestor de investimentos, é bem ilustrativa:

“No Brasil, qualquer adiamento de votação abre espaço para um evento de risco fora do controle.  Não precisa ser um ‘Joesley Day’, qualquer frase mal colocada pode mudar o cenário.”

Como pode-se ver, Joesley Day não é um feriado em algum país do exterior e muito menos uma data para comemorações.

O que aconteceu no “Joesley Day”?

Durante o ano de 2017, o presidente Temer estava diretamente envolvido na negociação da reforma da Previdência.

Com ela praticamente pronta para ser encaminhada ao Congresso, o vazamento de uma gravação entre Temer e o empresário Joesley Batista, decorrente do seu acordo de delação premiada com a Justiça, causou os seguintes impactos no mercado financeiro no dia 18 de maio daquele ano:

  • Dólar: primeiro mercado a abrir, o dólar explodiu, subindo 8,06%;
  • Bolsa: o Ibovespa caiu 8,80% em um único dia.

Na gravação, o dono da JBS (um frigorífico de grande porte) solicitava ao presidente o seu favorecimento para resolver uma pendência junto ao Cade (órgão que avalia as questões de concentração de mercado).  Ao longo da conversa, discutiu-se o pagamento de uma propina, configurando-se um claro esquema de corrupção.

Pelo teor da gravação, armavam-se ali todas as evidências para um impeachment de Temer, enterrando qualquer chance de que a reforma da Previdência seria aprovada ainda naquele mandato.

O que aconteceu naquele dia?  Um típico evento “cisne negro”.  Apesar do presidente ter se tornado réu apenas dois anos depois, aquele dia representou um verdadeiro desastre.

Qual a relação entre o mês de maio e o Joesley Day?

Para os investidores supersticiosos, o mês de maio é amaldiçoado.  Nos últimos 10 anos, o Ibovespa apresentou perdas em 9 deles:

  • Maio/18: desempenho negativo de 10,87%, decorrente da greve dos caminhoneiros;
  • Maio/17: o “Joesley Day” gerou perdas de 4,12% no mês.

Apesar desses eventos serem improváveis, maio é um mês em que o investidor estrangeiro costuma desmontar as suas posições, dado que as férias de verão no hemisfério Norte começam mais cedo, em junho.  Eles até usam uma frase para isso: “venda em maio e vá embora” (“sell in May and go away”, em inglês).

Apesar de ser “mania de gringo”, é bom conhecer essa tradição.  O investidor estrangeiro representa quase metade de tudo que se negocia diariamente na B3, nossa bolsa de valores. Quando eles partem, a liquidez diminui bastante, o que quer dizer maior volatilidade.

Os investidores já superaram o “Joesley Day”?

As motivações são distintas.  Boa parte do fluxo que é observado no mercado financeiro é de investidores assumindo mais risco, visto que a incerteza eleitoral de 2018 se dissipou e a taxa de juros está mais baixa.

Mas, no caso do investidor estrangeiro, a resposta é “ainda não”.  O motivo é fácil de entender: boa parte dos fundos que investem em ativos emergentes entraram no Brasil quando o país recebeu o grau de investimento, momento em que passou a atender aos critérios determinados pelos regulamentos dos fundos internacionais.

Dito isso, esses gestores pagaram caro.  Voltar hoje seria apenas uma forma de fazer um preço médio melhor para esses ativos, reduzindo as perdas.

Para se tornarem lucrativos, são necessários novos indícios de que a economia crescerá a um ritmo maior que os 0,80% previstos, seja por meio de uma reforma tributária mais coerente ou de uma efetiva implementação de um programa de privatizações e novos investimentos.

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