Guidance
O que é o guidance?
O guidance é uma projeção divulgada pelas companhias de capital aberto, destinada aos seus investidores e demais analistas de mercado, cujo objetivo é compartilhar as expectativas da empresa para o seu desempenho no próximo período, assim como para o seu setor de atuação e até para a economia como um todo (se julgar conveniente).
É, sobretudo, um termo da Língua Inglesa, que quando traduzido para o Português pode significar orientação ou instrução.
Saber disso já facilita e muito a compreensão do guidance, concorda?
É a partir das informações divulgadas via guidance que a companhia se posiciona para orientar o mercado financeiro. O objeto: quais expectativas criar em torno da sua atuação futura.
Como o guidance é feito?
O processo de composição do guidance depende muito da periodicidade da divulgação. O mais comum é que ela seja realizada de forma trimestral ou anual.
Isso porque tomam carona com outros documentos igualmente importantes, como os relatórios de resultados trimestrais e os demonstrativos financeiros anuais.
Em geral, as empresas possuem equipes especializadas na composição do guidance. Elas são responsáveis pelo levantamento das informações (administrativas, financeiras e contábeis, entre outras), leitura do cenário atual e acompanhamento dos fatores externos ao objeto do guidance.
Atuam também junto às equipes de planejamento estratégico, de modo a se manterem informados a respeito dos planos futuros da companhia e do posicionamento a ser adotado por ela.
Em resumo, os profissionais ligados ao guidance traduzem a perspectiva da companhia para os investidores e para os demais agentes econômicos.
Não é um simples “tome aqui as minhas informações”. Pelo contrário, envolve selecioná-las de forma planejada, se preocupando com o efeito que cada uma delas terá sobre o seu receptor e como isso reverterá para a própria empresa.
De certa forma, o receptor é tratado como uma criança que se assusta fácil. Durante o crescimento dela, é preciso pensar na abordagem dada ao explicar cada desafio ou tema complexo acerca do mundo à sua volta.
Isso porque, ao menor sinal de uma ameaça consistente, o seu primeiro instinto é se esconder e buscar por um lugar seguro embaixo do cobertor.
No caso do investidor, esse senso de segurança é encontrado vendendo as ações e retirando todo o investimento, o que acaba por derrubar o valor de mercado da organização.
Essa é a razão, inclusive, de muitas empresas evitarem a divulgação do guidance. Como no Brasil ele não é obrigatório, os riscos de se assustar o mercado financeiro ganham um peso maior.
Para as que optam por lançá-lo mesmo assim, os temas incluídos no guidance costumam englobar:
- Custos e despesas;
- Faturamento;
- Fluxo de caixa;
- Lucros;
- Receitas;
- Vendas;
- Desenvolvimento do setor;
- Indicadores econômicos.
Lembrando que o guidance se trata de expectativas e projeções, logo, todos esses fatores são colocados no futuro.
Para que serve o guidance?
Se o guidance tem tantos riscos (assustar o investidor em situações desfavoráveis e errar projeções, para citar apenas alguns), por que tantas empresas continuam a liberá-lo? Todo o trabalho envolvido na sua criação já não seria suficiente para fazê-las desistir?
A verdade é que existem alguns benefícios importantes associados ao guidance.
O maior deles diz respeito à confiança que as companhias que o disponibilizam adquirem.
Pense: você, como investidor, não se sentiria mais seguro ao acompanhar a visão que o alvo do seu investimento tem do futuro? Onde ela acredita que estará? Como ela enxerga o direcionamento do mercado? Afinal, você é praticamente sócio dela.
Além disso, as informações do guidance são acessíveis a todos os investidores, sem exceção. Dessa forma, a possibilidade de uso de informação privilegiada (que acontece quando um agente toma uma atitude a partir de dados que apenas um grupo pequeno detém) são mitigadas.
O guidance se torna, portanto, um excelente instrumento de transparência corporativa - qualidade cada vez mais valorizada pelo mercado.