Flipar – Flipagem
O que é flipar?
Você já ouviu essa expressão?
Flipar é a versão aportuguesada do verbo em Inglês "to flip" (que, na forma literal, se refere ao ato de virar um objeto de forma repentina).
Estranho, né? O que, em um primeiro momento, parece não expressar nenhum movimento específico, no mercado financeiro tem um significado bastante conhecido.
Aqui, flipar nada mais é do que o ato de comprar e vender ações durante um IPO.
Inclusive se quiser saber ainda mais sobre esse tema, temos um vídeo no nosso canal, acompanhe:
Como é feita a flipagem?
A flipagem nada mais é do que o movimento de adquirir ações previamente no período de reservar, para vendê-las logo em seguida, no primeiro dia de seu lançamento no mercado.
O objetivo? Lucrar com a alta valorização do papel, que costuma atingir patamares únicos durante as primeiras horas de negociação.
Para entender como a operação é feita, é necessário esclarecer primeiro uma questão muito importante: o que são os IPOs, afinal?
IPO é a sigla do termo Initial Public Offering (conhecido no Brasil como Oferta Pública Inicial) e identifica o processo de entrada de uma organização na Bolsa de Valores.
Para compreendê-la, saiba que as ofertas públicas possuem, em geral, duas modalidades básicas. São elas:
- Oferta Pública Primária: Aquela na qual a própria empresa distribui novas ações ao público. Nesse caso, os valores arrecadados vão direto para o caixa da empresa.
- Oferta Pública Secundária: Aquela na qual não há a distribuição de novas ações, apenas a comercialização de ações já existentes. Nesse caso, os valores arrecadados, ao invés de serem destinados à empresa, vão para os vendedores dos papéis.
No caso das IPOs, não só acontece uma oferta pública primária, como também a abertura de capital - a estreia no mercado de ações.
O IPO é um momento muito aguardado pelas empresas (e claro, pelo mercado), que deriva de um estudo aprofundado das organizações sobre as expectativas do seu setor para o futuro e a receptividade dos investidores. Em geral, o IPO só é realizado quando esses dois fatores são positivos.
Para se ter uma ideia, em 2014 (período de recessão econômica no Brasil), apenas uma empresa realizou abertura de capital, com captação total de R$ 363,5 milhões. Já em 2018, 3 empresas realizaram IPOs, com captação total de, aproximadamente, R$ 6,3 bilhões.
E a estimativa é que esse número cresça ainda mais em 2019, com a recuperação econômica.
Acima de tudo, o que esses números mostram é o quanto os IPOs quantificam o tamanho da confiança das empresas na demanda dos investidores por suas ações. Não à toa, muitas costumam reverter seus planos de abertura de capital quando a leitura de mercado muda de forma desfavorável.
Quem são os flippers?
Os flippers nada mais são do que os operadores da flipagem - ou os "dispostos a flipar", se assim preferir chamar.
Eles são investidores que, ao analisar os planos de abertura de capital de uma determinada companhia, apostam na demanda do mercado por suas ações no pregão de estreia. Assim, realizam a (reserva da) compra das ações de maneira antecipada, pagando valores menores do que os negociados no IPO e lucrando com a diferença.
Como se sabe, demanda de mercado superior à oferta é condição suficiente para a valorização de qualquer produto. No caso dos flippers, o seu produto são as ações.
Por seu caráter de investidores de curtíssimo prazo, os flippers também pode ser visto como operadores de day trade.
Quais são os aspectos analisados antes da flipagem?
À primeira vista, a flipagem parece uma estratégia de ganho garantido, certo? Afinal, a lógica é simples: compre antes e lucre durante (o IPO). Mas se fosse fácil, todos seriam flippers.
A verdade é que flipar possui um risco elevado. Não há garantias de que as ações vão mesmo se valorizar no pregão de abertura. Elas podem, inclusive, decair.
Para se prevenir, os flippers profissionais costumam analisar alguns aspectos antes de decidir participar ou não de um IPO. São eles:
Book de ofertas: O book de ofertas deve ter um volume menor do que o do book de compras, o que indica uma tendência geral à valorização das ações.
Prazo de liquidação: Após o IPO, o investidor tem um prazo limitado para realizar o pagamento das ações que adquiriu. Quanto maior for o prazo, mais vantajosa se torna a flipagem - inclusive por questões de segurança, para que o investidor possa se organizar caso a valorização esperada não se concretize e tenha "prejuízo".
Setor: Você se lembra de ter aprendido que uma das análises realizadas pelas empresas para a concretização de um IPO era o diagnóstico de setor, certo? Com o flipper, não é diferente! Solidez e projeções otimistas, aliados a um mercado aquecido, são fatores essenciais para o sucesso da flipagem.
Volume de ofertas: Quanto mais ações a empresa disponibilizar, melhor é para o investidor. Grandes aberturas chamam a atenção de bancos e fundos de investimento, que se tornam, por sua vez, os maiores "compradores" de ações em um IPO. A demanda desses investidores institucionais movimenta o mercado e impulsionam a tendência de uma flipagem lucrativa.
Como flipar?
Agora que você já sabe o que são IPOs, conhece os flippers e já se familiarizou com as estratégias utilizadas por eles para detectar boas oportunidades, é hora de descobrir como flipar, na prática.
Primeiramente, é obrigatório que você possua conta aberta em uma corretora. É somente através dela que você receberá as atualizações sobre novos IPOs (embora a B3 também divulgue os informativos em seu site) e realizará a operação.
Após ser notificado de um IPO com potencial de lucro, confira os 4 itens indicados na sessão anterior e leia o prospecto da oferta. Esse documento nada mais é do que a reunião de todas as informações da companhia, contendo os seus riscos e planos para o futuro, confeccionado especialmente para o IPO.
Se, depois de realizada a análise, você se decidir pela aquisição de ações (e, consequentemente, pela flipagem), é necessário efetuar a reserva das ações no Home Broker.
No processo, pede-se que o investidor indique o valor máximo que pretende desembolsar por ação, de modo a contribuir para a composição do book building e do preço final das ações, junto com todos os demais interessados.
Como se pode imaginar, caso o seu "valor máximo pretendido" seja inferior ao preço final das ações, você será excluído do IPO.
Por sua vez, se for igual ou maior, a reserva é concluída. Para tal, o investidor deve ainda ter uma garantia (em dinheiro, títulos, ações etc.) junto à corretora, suficiente para certificar o pagamento de parte das ações reservadas.
Depois disso, basta finalizar a operação com as vendas no dia de abertura.
*Texto revisado por Georges Zouein.