Equidistância Pragmática
O que é Equidistância Pragmática?
A equidistância pragmática é um termo cunhado pelo historiador Gerson Moura à política externa desenvolvimentista aplicada por Getúlio Vargas, no período entre 1935 e 1942 no Brasil.
Tratava-se de uma política que visava barganhar benefícios com os Estados Unidos e Alemanha, em um período antecedente a Segunda Guerra Mundial. Para compreendermos o termo equidistância pragmática é preciso voltar no tempo:
Em 1929, os Estados Unidos passaram pela quebra da Bolsa de Valores estadunidense. A pior crise da história do país norte-americano afetou o mundo inteiro de maneira dramática, inclusive o Brasil.
Naquela época, o Brasil era o maior exportador de café do mundo e esse produto era considerado o carro-chefe da economia brasileira. Com a crise de 1929, porém, o mercado internacional recua na compra do café e a receita do país declina.
Após a revolução de 1930, Getúlio Vargas se torna presidente do Brasil e passa a incentivar a industrialização do país, abandonando a política concentrada no café, mas sem deixar de lado a importância do produto.
Nesse momento ele coloca em prática o que seria chamado de equidistância pragmática, a política externa desenvolvimentista do Brasil.
A intenção de Getúlio Vargas era dar início ao processo de industrialização do país, que deveria começar pela siderurgia - ramo da metalurgia dedicado à produção de aço e ferro. Esse processo aconteceria a partir de apoio financeiro dos Estados Unidos ou da Alemanha.
Equidistância pragmática, então, significava manter uma distância igual entre os dois países, a fim de alcançar o objetivo principal: recursos para industrialização.
Equidistância Pragmática e a relação com os Estados Unidos
Mesmo com a crise, os Estados Unidos sempre mantiveram boas relações econômicas com o Brasil e, apesar de não pressionarem de forma incisiva para o fim da política de equidistância pragmática com a Alemanha, não viam com bons olhos o modelo de Getúlio.
Em 1935, Estados Unidos e Brasil firmaram um acordo para estreitar as relações comerciais entre os dois países e realçar o compromisso com o livre comércio.
Equidistância Pragmática e a relação com a Alemanha
A política de Equidistância Pragmática de Getúlio almejava o aumento dos recursos para o fortalecimento da indústria nacional. E a Alemanha, já comandada pelos nazistas naquela época, apresentava essa possibilidade utilizando-se do comércio compensado.
O comércio compensado era um tipo de “escambo” onde havia troca de produtos por outros produtos sem utilização da moeda, mas por meio de créditos.
Isso significa que cada vez que a Alemanha exportava um produto, outro produto de valor igual seria importado. E o Brasil via vantagem nisso!
Equidistância pragmática e a Segunda Guerra Mundial
O Brasil, para continuar com sua política de equidistância pragmática buscando benefícios nas relações comerciais entre os agora inimigos declarados (Estados Unidos e Alemanha), manteve posição neutra na guerra.
Nosso país via uma vantagem nessa posição, pois poderia barganhar em ambos os lados.
Os Estados Unidos enxergavam com receio a influência alemã no Brasil, e o contexto do momento praticamente exigia a realização de concessões que Getúlio Vargas desejava, para que finalmente houvesse um alinhamento definitivo do Brasil com o país norte-americano.
Em 1942, a política de equidistância pragmática chegava ao fim de fato com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos e aliados.
Quais foram os resultado da Equidistância Pragmática no Brasil?
O resultado da política de equidistância pragmática foi positiva tanto para os Estados Unidos, quanto para o Brasil.
Getúlio conseguiu recursos dos Estados Unidos para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, a primeira siderúrgica do país, que permitiu o desenvolvimento industrial nacional em grande escala. Conseguiu, também, o fornecimento de armas e equipamentos para as Forças Armadas brasileiras.
Do outro lado, os EUA conseguiram no nordeste brasileiro bases para a Força Aérea estadunidense, uma vez que aquela posição geográfica daria maior controle do Atlântico Sul e mais facilidade para uma atuação aérea para o norte da África.