Efeito Renda
O que é efeito renda?
Em microeconomia, a curva de demanda diz que, para cada nível de preço, existe uma determinada demanda.
O efeito renda é um desdobramento desse conceito, mostrando o impacto no consumo quando surgem alterações no poder de compra de um indivíduo:
- Quando o seu poder de compra aumenta, ele tende a consumir mais bens e serviços;
- Quando o seu poder de compra diminui, ele não só tende a consumir menos bens e serviços como também a optar por bens substitutos, causando o chamado “efeito substituição”.
Essas alterações podem ser geradas por:
- Aumento de salários;
- Aumento (inflação) ou redução (deflação) de preços;
- Mudanças nas taxas de câmbio.
Apesar de serem facilmente assimilados quando se compara o nível de preços com a renda, o efeito renda e o efeito substituição também se aplicam para variações relativas entre produtos e serviços, impactando nas escolhas do consumidor.
Assim, ambos funcionam em conjunto, dadas as preferências individuais.
Como o efeito renda e o efeito substituição são percebidos na economia?
Os bens comercializados pertencem a um dos dois grupos abaixo:
Bens comuns
São os bens cuja demanda aumenta quando a renda real aumenta.
Para essa categoria, o efeito renda e o efeito substituição movem na mesma direção (correlação positiva), nos informando que uma redução no preço relativo de um bem comum:
- Efeito renda: aumenta a demanda do bem comum pelo consumidor, visto que o seu poder de compra aumentou;
- Efeito substituição: Aumenta a demanda pelo bem comum, visto que ele se tornou mais barato em relação aos seus substitutos.
Bens inferiores
São os bens cuja demanda aumenta quando a renda real diminui.
Nesse tipo de bem, o efeito renda e o efeito substituição se movem em direções contrárias (correlação negativa), nos informando que um aumento no preço relativo de um bem comum:
- Efeito renda: aumenta a demanda do bem inferior pelo consumidor, visto que o seu poder de compra diminuiu;
- Efeito substituição: diminui a demanda pelo bem comum, visto que o consumidor optará por outros produtos de qualidade inferior.
Qual a diferença entre efeito renda direto e indireto?
O efeito direto é quando o consumidor muda o seu padrão de consumo em função de uma alteração na sua renda.
O efeito indireto, por sua vez, é quando o consumidor toma decisões em função de fatos não relacionados com a sua renda.
Para entender a diferença entre ambos, usaremos um exemplo:
Uma diarista, trabalhando 20 dias no mês, recebe R$ 1.000,00. Com essa renda, ela gasta R$ 250,00 com alimentação e R$ 100,00 com roupas e sapatos.
Em um determinado mês, uma das famílias que ela atende 1 vez por semana decide se mudar. Sua renda mensal cai automaticamente para R$ 800,00, fazendo com que ela deixe de comprar itens de vestuário. Esse é o efeito renda direto.
Três meses depois, ela passa a atender uma nova família e a sua renda mensal volta para R$ 1.000,00. Entretanto, em função de uma quebra de safra, os alimentos ficaram mais caros no supermercado, fazendo com que ela gaste R$ 300,00 com alimentação. Apesar da mesma renda, o seu poder de compra mudou. Esse é o efeito renda indireto.
Qual a relação entre desigualdade e efeito renda?
Em 2014, a revista inglesa The Economist publicou um artigo ilustrando como o efeito renda influencia as decisões dos indivíduos em relação aos seus momentos de lazer.
Considerando o valor por hora trabalhada, percebeu-se o seguinte:
- Efeito substituição: cada hora de lazer adicional se torna mais cara para as pessoas de maior renda. Portanto, quem ganha mais tende a trabalhar mais;
- Efeito renda: tendo a suas necessidades atendidas, uma pessoa optará por mais lazer, abrindo mão de horas adicionais de trabalho.
Com tantas opções acessíveis de entretenimento via internet, a conclusão é que a desigualdade só tende a aumentar, dada a relação custo-benefício para cada grupo.