Efeito Isolante
O que é o efeito isolante?
É chamada de efeito isolante ou efeito Von Restorff (em Inglês, isolation effect) a tendência humana de se lembrar, com mais facilidade, de elementos diferentes dos demais.
Para exemplificar, nós poderíamos te apresentar uma série de palavras e cores, em que apenas uma não se parece com as outras de seu grupo. Mas acredite, nós não precisamos ir tão longe do dia a dia - isso porque você já aplica o efeito isolante a todo o tempo.
Pense na sua última semana: que horas acordou, quais atividades fez no trabalho, como passou o seu tempo em casa… É provável que ao fazer um resumo desses dias você se lembre mais de fatos “especiais” do que de fatos comuns. No que tange ao efeito isolante, a mesma lógica é seguida, em especial no que tange a estímulos sensoriais.
Se você chegou cansado após o expediente e, ao abrir a porta, se deparou com um enorme bolo de chocolate, é provável que não tenha prestado muita atenção nos outros itens comuns sobre a mesa (chaves, cartas etc.).
Ou então, enquanto revisava o material para uma prova importante, grifou trechos do texto que considerava mais importante. Resultado: na hora do exame, essas marcações eram o centro das atenções da sua memória.
E o que pode haver de errado nisso? Bom, a princípio nada.
Em verdade, o efeito isolante apenas narra a nossa inclinação a focar no que é diferente, incomum, excêntrico. O problema surge quando essa tendência é usada para julgar erroneamente o mundo à nossa volta, destacando o que não é importante (por estímulos visuais, por exemplo) e descartando o que nos seria útil.
Quando isso acontece, o efeito isolante se transforma em um viés, que afeta as suas decisões em todas as áreas da vida - dos relacionamentos ao trabalho, sem nos esquecermos, é claro, do seu comportamento financeiro.
O que é um viés?
Antes de explicar de forma mais aprofundada o pensamento enviesado do efeito isolante, é importante que o próprio conceito de viés esteja muito claro para você.
Por definição, viés é uma interpretação equivocada da realidade, que nasce de um erro de lógica ao processarmos dados, estímulos e acontecimentos no nosso dia a dia.
Em suma, é como se você fosse um técnico de futebol e colocasse um goleiro para jogar no ataque, apenas porque as características físicas dele te lembram a de um atacante.
O corpo do atleta é o dado a ser processado. A classificação dele como “atacante” é a sua interpretação equivocada.
Parece simples desfazer o erro: basta perguntar a ele em que posição joga, certo? Infelizmente, no mundo real, estamos expostos a tantos dados que não podemos nos dar ao luxo de questionar tudo o tempo todo. Então o que fazemos, por sobrevivência, é confiar no nosso cérebro e nos seus julgamentos.
Como o efeito isolante se aplica às suas finanças?
Ao tratarmos do efeito isolante sob o aspecto financeiro, a maneira mais clara de vermos a sua ação é no nosso próprio comportamento de compra.
Isso porque, como consumidor, o efeito isolante te afeta especialmente através da publicidade.
Esse conceito pode ser uma novidade para você, mas acredite: para as companhias não é.
Já há alguns anos, através dos estudos de neuromarketing, elas descobriram como usar a diferenciação em propagandas e embalagens para ganhar um lugar na sua memória.
O próprio ditado “quem não é visto, não é lembrado” se origina do efeito isolante. Ao lembrar mais facilmente de uma marca, seja pela cor diferente do pacote ou pelas fontes únicas no outdoor, você está a um passo de considerá-la como opção número 1 ao ir às compras.
E é também nesse momento que podemos ver como o viés funciona: quem te garante que esse é mesmo o melhor fornecedor? Que o produto é o mais eficiente? Que o serviço é impecável?
É possível que marcas melhores não sejam escolhidas por você porque elas não conseguem se diferenciar, em apelos de efeito isolante (como no pacote e outdoor que citamos). Assim, a sua escolha não se baseia na racionalidade, mas sim numa análise distorcida do mundo, do que deve ser destacado e do que deve ser ignorado.