Economia Doméstica
O que é economia doméstica?
Apesar de ser normalmente associada à administração de um orçamento doméstico, a economia doméstica (nesse caso, o mercado interno) é aquela que representa a soma dos bens e serviços oferecidos dentro do país.
Dito de outra forma, se alguém compra uma roupa, vai ao restaurante ou viaja de avião, diz-se que ele movimenta a economia doméstica. Ao contrário de políticas de exportação, cujo objetivo é trazer divisas, no mercado interno, a principal alavanca do desenvolvimento é o consumo.
Isso é feito por meio de:
- Aumento de salários e programas de transferência de renda (Bolsa Família, por exemplo);
- Aumento da exportação de manufaturados, onde o aumento da renda ocorre em função do aumento de produtividade;
- Aumento do crescimento econômico, que depende de um ambiente de taxas de juros baixas e estabilidade macroeconômica.
Independentemente das alternativas escolhidas, o que determina o ritmo da economia doméstica é a propensão da população em gastar. Havendo otimismo, atrelado à expectativa de emprego e crescimento, o mercado interno “reage”.
Qual a relação entre economia doméstica e economia global?
Durante muito tempo, a economia brasileira deixou de acompanhar a economia global. Isso se deve ao fato do país ter uma economia fechada, cuja abertura só passou a ser maior a partir dos anos em que o Brasil se tornou um grande exportador de commodities.
Isso propiciou a sua integração ao sistema financeiro internacional, que só se restabeleceu a partir da década de 90, quando o país concluiu a renegociação de sua dívida externa.
Ainda assim, essa mudança não foi imediata: ela só ocorreu a partir da melhora do ambiente econômico e exigiu 10 anos de investimentos externos.
Como a crise de 2008 afetou a economia doméstica?
Na época, muitos acreditavam que o país não sofreria tanto os impactos da crise financeira mundial. Isso não impediu que fossem tomadas algumas medidas de estímulo, que foram responsáveis pelo forte crescimento no ano seguinte.
O erro foi ter repetido a dose alguns anos depois, o que acabou gerando a recessão de 2015 e 2016, enquanto os demais países do mundo estavam tomando outras medidas. Isso explica porque, nos vários momentos de incerteza, o Banco Central (BC) subia os juros, desestimulando a economia doméstica.
Hoje, o cenário é diferente: como o país possui reservas internacionais robustas e as suas transações com o exterior são financiadas com recursos externos de longo prazo, não existe mais a necessidade de se tomar medidas emergenciais, como aumentar os juros.
Com uma inflação tão baixa, até mesmo o repasse do câmbio aos preços locais, decorrente de alguma turbulência externa, é tolerável.
Atualmente, a economia doméstica pode seguir na mesma direção das demais economias mundiais, adotando estímulos, desde que observadas as restrições de gastos governamentais. O ambiente de inflação contida mostra o quanto o mercado interno se sincronizou com o resto do mundo.
O que explica o lento crescimento da economia doméstica?
Pelo lado da demanda
A ociosidade ajuda a explicar o lento crescimento, visto o baixo uso da capacidade instalada e o alto número de desempregados.
Enquanto o primeiro limita novos investimentos (item 3, citado na introdução), o segundo inibe o consumo. Esses dois componentes têm os seus efeitos ampliados pela redução dos gastos do governo (diretamente ligada ao item 1).
Pelo lado da oferta
Não se gera crescimento porque o ambiente de negócios é ruim. Isso é uma herança de governos anteriores, mais intervencionistas, que deixaram como resultado distorções na economia doméstica e uma má utilização dos seus recursos.
Como conclusão, percebe-se que um crescimento mais acelerado depende de políticas de fomento aos setores que mais investem e empregam. São eles os setores industrial (item 2, citado na introdução) e de construção.