Doença Holandesa
O que é Doença Holandesa
Doença Holandesa, ou Dutch Disease, é um termo que se refere às consequências negativas que podem surgir do aumento na valorização da moeda de um país, primariamente causado pela descoberta ou exploração de um recurso natural.
Esse termo foi criado pelo jornal The Economist em 1977, para descrever os problemas da economia da Holanda na época. Refere-se a uma situação em que a exportação de recursos naturais está relacionada a um enfraquecimento da indústria nacional. Ou seja, existe uma situação saudável no mercado externo, mas uma "doença" no mercado interno.
A Doença Holandesa é considerada uma situação econômica paradoxal. O que pode parecer uma ótima notícia para a economia do país acaba trazendo efeitos econômicos negativos.
Como funciona a Doença Holandesa
Vamos supor que um país descobre uma grande jazida de um certo minério. Então, ele começa a explorar esse minério e exportá-lo para vários outros países. Até aqui, tudo vai bem.
Depois de algum tempo, como consequência econômica desse cenário, a sua moeda passa por uma valorização.
Acontece que, com a moeda valorizada, esse país perde competitividade no mercado externo, porque seus preços ficam menos atrativos para os outros países. É importante lembrar que, para as exportações, ter uma moeda desvalorizada é uma vantagem.
Ao mesmo tempo, a valorização da moeda significa que as importações ficam mais baratas, o que é ruim para o mercado interno (afinal, torna-se vantajoso para os consumidores comprar produtos de fora do país). Assim, as indústrias nacionais começam a sofrer, e pode haver desemprego, redução no ritmo de produção, entre outros problemas econômicos de médio e longo prazo.
A história da Doença Holandesa
Em 1959, a Holanda descobriu vastas reservas de gás natural no Mar do Norte. Isso levou, claro, a um aumento nas exportações desse recurso e, então, o valor do Dutch Guilder – a moeda do país na época – disparou.
Quando isso aconteceu, todos os outros produtos que a Holanda exportava perderam competitividade no mercado externo. Na época, o desemprego no país cresceu de 1,1% para 5,1%. Além disso, investidores estrangeiros retiraram seu capital do mercado holandês.
Outros casos de Doença Holandesa
Durante a década de 1970, a Doença Holandesa também afetou a Grã Bretanha, quando o país começou a apostar na extração de petróleo na costa da Escócia e exportar o excedente. O valor da Libra Esterlina disparou e seus outros produtos de exportação perderam competitividade. Como consequência, o país caiu em recessão.
Em meados da década de 2000, também houve receio de que a Doença Holandesa pudesse atingir Canadá e Rússia, novamente em razão da exploração do petróleo. No entanto, quando o preço do barril caiu, em 2016, a moeda desses países se desvalorizou, refreando o avanço da doença.
Não existe um consenso sobre a Doença Holandesa no Brasil. Estudiosos debatem se o país já passou ou não por essa situação.
Alguns especialistas, como Edmar Bacha, defendem que, no começo dos anos 2010, o país enfrentou a Doença Holandesa, em decorrência do crescimento da exportação de commodities naquele período. Segundo Bacha, a "bonança externa" fez os salários crescerem muito e prejudicou o desenvolvimento da indústria nacional.
Apesar dessa tese não ser unânime, se houve Doença Holandesa no país, ela teria se encerrado com o início da crise da economia nacional e desvalorização do Real, a partir de 2014.
Doença Holandesa e a Maldição dos Recursos Naturais
A "maldição dos recursos naturais" (também chamada de "armadilha" dos recursos naturais) é uma dinâmica econômica paradoxal. Países com abundância de recursos naturais não-renováveis podem passar por estagnação e até contração de suas economias.
Essa "maldição" está frequentemente associada ao fato de que esse país concentra todos os seus esforços na exploração desses recursos, negligenciando outros setores da economia.
A Doença Holandesa é considerada um exemplo da maldição dos recursos naturais em ação.