Desindustrialização
O que é Desindustrialização
Desindustrialização é o termo que designa o processo de reversão da industrialização. Em outras palavras, trata-se da diminuição ou eliminação das atividades industriais em uma região ou país, onde a economia volta a se apoiar primariamente em atividades agropecuárias ou no setor de serviços.
Teorias sobre a desindustrialização
Existem diferentes teorias para explicar o fenômeno da desindustrialização. Especialistas distinguem dois tipos de teorias: as positivas, que partem do princípio de que a desindustrialização é sinal de maturidade econômica, e as negativas, que partem do princípio de que esse processo é uma causa ou um efeito de desempenho econômico ruim.
Uma das possíveis explicações para a desindustrialização pode ser encontrada na teoria da queda de lucro de Marx, segundo a qual a taxa média de lucro da indústria tende a diminuir ao longo do tempo. A diminuição do lucro, portanto, estaria por trás da redução da atividade industrial.
Outra teoria, sugerida por George Reisman, é que a inflação seria um dos fatores chave para a desindustrialização, já que ela prejudica a lucratividade das empresas que precisam de muito capital para suas operações.
Desindustrialização nos EUA
Os Estados Unidos passaram por diferentes momentos de desindustrialização ao longo dos anos.
Entre 1979 e 1984, por exemplo, o US Federal Reserve aumentou as taxas de juros e o câmbio, o que fez os preços dos produtos importados cair. A entrada de produtos japoneses, então, aniquilou o setor de máquina operatriz norte-americano.
Depois, entre 2001 e 2009, ocorreu outra onda de desindustrialização, desta vez, no setor automotivo. Apesar de uma tentativa de bailout, não foi possível recuperar as indústrias, o que levou a uma perda de empregos maior do que na Grande Depressão. Alguns atribuem esse evento ao fato de que as indústrias, em vez de reinvestir os lucros, passaram a comprar ações no mercado financeiro.
Desindustrialização no Brasil
Existem indícios de que o Brasil vem atravessando um processo de desindustrialização na última década.
Um dado que demonstra isso é a participação da indústria de transformação no PIB do país. No início da década de 1980, essa participação era de 33%; em 2014, ela tinha caído para menos de 11%.
Outro dado relacionado é a participação dos empregos na indústria, em relação ao total de empregos formais no país. Em 1994, essa participação era de 21,37%; já em 2009, ela tinha caído para menos de 18%.
Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil; ele é resultado de fatores que afetaram toda a América Latina, mas foi em nosso país que a situação se desenvolveu de maneira mais significativa. Esses fatores incluíram abertura comercial, abandono de políticas desenvolvimentistas, supervalorização da moeda, política de juros altos e, para completar, o boom das commodities.
Esse último fator merece destaque. A partir de 2003, acordos comerciais favoreceram a exportação de produtos agropecuários, especialmente soja e laranja, movimentando bilhões. Com isso, o capital se deslocou para o setor primário, retirando recursos da atividade industrial.
Mesmo com políticas que melhoraram a distribuição de renda e aumentaram o poder aquisitivo dos consumidores, a indústria não conseguiu se fortalecer, pois as condições estavam mais favoráveis para o consumo de produtos industrializados importados.
Desindustrialização precoce
Embora tanto os EUA quanto o Brasil tenham passado por esse mesmo processo, existem diferenças importantes entre os dois casos.
No Brasil, a desindustrialização é considerada precoce, porque ela começou antes do país atingir o seu máximo potencial de manufatura. Enquanto isso, nos EUA, já havia sido atingida a maturidade da industrialização, com grandes investimentos em educação e pesquisa.
Efeitos da desindustrialização
Entre os efeitos do processo de desindustrialização, está o aumento dos níveis de desemprego, a incapacidade de atender às demandas do mercado interno e o desequilíbrio da balança comercial.
No entanto, quando esse processo surge em um país desenvolvido, o cenário não é tão negativo. Nesses casos, pode haver uma migração do interesse para o setor de serviços, onde surgirão novas oportunidades de trabalho e de investimento.