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CDO – Collateralized Debt Obligation

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:16/04/2019 às 03:01 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é o CDO – Collateralized Debt Obligation?

O Collateralized Debt Obligation ou CDO é um derivativo cujo lastro é um grupo de operações de crédito com determinadas características. Ele pode ser composto por hipotecas, títulos de renda fixa ou até mesmo operações de crédito bancário. Sendo um produto estruturado, visa essencialmente vender um “pacote” de fluxos de pagamento.

O CDO lastreado em hipotecas é apontado como o principal responsável pela crise de 2008. Ela foi o resultado da originação, em grande escala, de uma infinidade de empréstimos de baixa qualidade, concedidos para a aquisição de imóveis residenciais nos EUA. Vendidos como estruturas “diversificadas”, davam a falsa impressão de menor risco.

Um dos filmes que melhor retrata os eventos que levaram à eclosão da crise é “A Grande Aposta”. Seu roteiro foi escrito a partir do livro “The Big Short”, do jornalista especializado em finanças Michael Lewis. A grande sacada do filme foi em inserir, ao longo da narrativa, trechos onde o CDO e outras operações complexas são explicados de forma mais simples.

Quais as principais características de um Collateralized Debt Obligation?

O que define o nome de um CDO são as operações que servem como seu lastro. Negociado em “camadas” chamadas de tranches, cada uma representa um determinado grau de risco. Assim, dentro de um mesmo CDO podem ser encontradas as partes:

  • Sênior: mais segura e com classificação de risco (rating) mais elevada, possui prioridade no recebimento dos fluxos futuros garantidos pelo seu lastro;
  • Júnior: composta pela dívida de pior qualidade, ela é a primeira a incorrer em perdas em caso de inadimplência, motivo pelo qual oferece um retorno maior.

O mercado de Collateralized Debt Obligation envolve, basicamente, a participação dos seguintes agentes:

  • Gestores de CDO: selecionam e fazem a gestão das operações que farão parte do lastro;
  • Securitizadoras: responsáveis por aprovar o lastro, estruturar o CDO em tranches e vendê-lo aos investidores;
  • Garantidores: recebem um pagamento, semelhante ao prêmio no mercado de seguros, para garantir parte das tranches do CDO;
  • Investidores institucionais: são os compradores de títulos de longo prazo, tais como o CDO. Normalmente, são os fundos de pensão, que precisam cumprir as suas metas atuariais, e os hedge funds, que buscam instrumentos para as suas estratégias.

Como surgiram os primeiros Collateralized Debt Obligations?

Eles foram criados durante a década de 80 por um banco de investimentos muito ativo no mercado de junk bonds, títulos de renda fixa emitidos por empresas e governos de baixa qualidade de crédito.

Ao longo dos anos, o Drexel Burnham Lambert se tornou uma referência para todas as operações que podiam ser empacotadas em um fluxo futuro de pagamentos, desde o financiamento de recebíveis de cartão de crédito até leasing de aeronaves.

Mesmo assim, dada a sua complexidade, o total de CDOs originados na época era um tanto tímido. Isso só começou a mudar quando os preços dos imóveis nos EUA alcançaram um novo patamar. Foi nessa ocasião que os agentes envolvidos, citados anteriormente, viram uma enorme oportunidade para ganhar dinheiro.

O mercado de Collateralized Debt Obligation passou de US$ 30 bilhões para US$ 225 bilhões em apenas 3 anos (de 2003 a 2006). Isso explica a intensidade da crise que veio na sequência, com várias instituições sendo vendidas às pressas ou socorridas pelos seus respectivos governos.

Os CDOs ainda existem no mercado?

Apesar dos prejuízos em escala global, eles não só existem como também ganharam aprimoramentos como o CDO “sintético”, que investe em outros derivativos tais como o Credit Default Swaps (CDS).

Isso porque eles não perderam as duas de suas principais características:

  • Instrumento para a liberação de capital por parte dos bancos;
  • Transferência de risco entre os agentes do sistema financeiro.
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