Campeãs Nacionais
O que são Campeãs Nacionais?
Campeãs Nacionais é o nome dado às empresas que participaram de uma política implementada durante o mandato do então presidente Luis Inácio “Lula” da Silva. A política consistia em oferecer apoio do Estado, principalmente por meio da atuação do BNDES, a algumas empresas selecionadas para que se tornassem campeãs nacionais.
Entendendo as Campeãs Nacionais
Durante aquele mandato presidencial, uma das iniciativas implementadas pelo governo federal foi a política das campeãs nacionais. O objetivo era transformar as empresas selecionadas em líderes de mercado e criar gigantes corporativos similares aos que se formaram em países como EUA, Reino Unido, Japão e China.
Para isso, foram oferecidos empréstimos em condições favoráveis e realizadas compras de participação. Dessa forma, o BNDES injetou, entre 2007 e 2013, aproximadamente R$ 18 bilhões em um grupo bastante restrito de empresas, segundo dados do próprio governo.
A política foi considerada um desastre, sob vários aspectos. Além disso, é interessante notar que tanto as empresas quanto o BNDES negaram, em várias ocasiões, a existência dessa política ou do objetivo de criar campeãs nacionais.
Entre as empresas que supostamente participaram da política de campeãs nacionais, podemos destacar JBS, BRF, Marfrig, Lácteos Brasil, EBX, Oi, Fibria. Os segmentos de mercado que receberam mais atenção foram petroquímica, celulose, frigoríficos, siderurgia, suco de laranja e cimento.
Quais são as críticas às Campeãs Nacionais?
As críticas à política de campeãs nacionais passa por vários pontos. Em primeiro lugar, o fato de que o governo selecionava estrategicamente quais negócios receberiam mais incentivo do Estado é considerado desleal em relação a todas as outras empresas nacionais que não obtiveram o mesmo nível nem as mesmas condições de apoio.
Em segundo lugar, o fato de que algumas dessas empresas estiveram envolvidas em escândalos de corrupção levou uma boa parte da opinião pública, e também uma parcela dos especialistas, a acreditar que a criação de campeãs nacionais era apenas um pretexto para viabilizar desvio de dinheiro público.
Em terceiro lugar, como algumas das empresas acabaram entrando com pedidos de recuperação judicial e chegando às portas da falência – caso da EBX e da Oi –, a efetividade da política também é questionada. Mesmo que seu intuito fosse, legitimamente, estimular a formação de grandes corporações no Brasil, não houve o cuidado necessário na implementação para atingir esse objetivo com sucesso.
Quando acabou a política de Campeãs Nacionais?
Em 2013, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, deu uma entrevista ao jornal Estadão, na qual afirmou que a política de campeãs nacionais teria sido abandonada pela instituição. Segundo Coutinho, a política tinha méritos e chegou até onde podia ir, porque o país teria um número limitado de setores com potencial para produzir empresas líderes de mercado.
Mesmo assim, anos depois, o tema ainda estava gerando incômodo.
Em 2018, a Suzano apresentou uma oferta para comprar a participação do BNDES na Fibria; participação que o banco havia adquirido durante a política de campeãs nacionais, como forma de injetar recursos na empresa para que ela crescesse no mercado. Quando a oferta foi aceita, a união de Suzano e Fibria criou uma gigante que detém 16% do mercado de celulose mundial.
Na ocasião, a diretora de mercado de capitais do BNDES, Eliane Lustosa, precisou vir a público para declarar que o banco não tinha aceitado a proposta da Suzano como parte de uma estratégia deliberada para criar uma campeã nacional. Segundo Lustosa, aquela era simplesmente a única oferta concreta para a compra da participação do banco.
Por outro lado, também em 2018, foi noticiado que o BNDES teria deixado a política das campeãs nacionais de lado para investir mais em campeãs invisíveis, isto é, empresas de pequeno porte e startups.