Burocracia
O que é a burocracia?
Teoricamente, burocracia é o nome dado a um tipo específico de estrutura, que com seu conjunto de regras e procedimentos, visa garantir a impessoalidade nos processos - isto é, que as diferenças sociais e econômicas, além dos interesses pessoais, não interfiram na estrutura.
Essa é a definição de Max Weber, o sociólogo alemão do século XIX que cunhou o termo como o conhecemos na sua Teoria da Burocracia. Aliás, para ele burocracia não podia se referir apenas a uma estrutura organizativa, mas a uma organização em si - seja da esfera pública, seja da esfera privada - que ordena os seus processos em torno da impessoalidade que descrevemos.
Na Teoria da Burocracia, existem 7 princípios:
- Competência Técnica e Meritocracia: Cada funcionário deve ser devidamente habilitado para exercer a sua função, de modo que a sua contratação e evolução dentro da estrutura obedeçam a critérios objetivos de avaliação e sejam motivadas exclusivamente pelas suas capacidades e méritos;
- Completa Previsibilidade do Funcionamento: O comportamento de todos deve seguir os procedimentos já estruturados, sem brechas para desvios.
- Divisão de Trabalho: Cada pessoa deve ter uma função clara e específica dentro da estrutura, que contribua para os resultados que a organização entrega;
- Formalização: As regras são claras e explícitas. Para tanto, é necessário que estejam detalhadas em documentos por escrito, de modo que não haja espaços para contradições e falsas orientações;
- Hierarquia: A hierarquia deve ser vertical, com figuras superiores de autoridade que possam supervisionar, orientar e advertir as figuras inferiores;
- Impessoalidade: Não abrir brechas para preferências pessoais, de modo que o procedimento seja executado com igual qualidade e prazo para todos que o solicitem;
- Separação entre Propriedade e Administração: O encarregado pela estrutura/organização não pode se apoderar dela - isto é, não pode se considerar seu dono, colocando a mesma à venda, repassando como herança etc.
Ufa! Diante de tantos princípios, é possível identificar que a burocracia não é, em essencial, nenhum bicho de sete cabeças. Em verdade, ela foi definida como um mecanismo para garantir a impessoalidade e a ordem nos processos organizacionais.
Por que será, então, que só de ouvir a palavra "burocracia" muitos de nós tem logo um arrepio na espinha? Por que a burocracia adquiriu uma conotação tão negativa? É justamente isso que iremos esclarecer já no próximo tópico. Vamos lá?!
O que são disfunções burocráticas?
Demora absurda na conclusão dos processos. Uma torre de papéis exigidos que ameaça fortemente a soberania do Burj Khalif como o prédio mais alto do mundo. A estrutura parece servir mais ao marasmo e a mesmice da rotina organizacional do que ao cliente.
Parece uma descrição familiar para você? Para muitos, é isso que "burocracia" significa. Contudo, como pudemos aprender no tópico anterior, a definição real de burocracia está bem longe disso.
Na verdade, o que usualmente chamamos de burocracia (com uma conotação negativa tão forte que quase soa como um palavrão e/ou um xingamento) se trata mesmo é de um conjunto de disfunções burocráticas.
Para explicar melhor, podemos definir as disfunções burocráticas como o resultado de uma organização em que a burocracia deixa de ser um meio e se torna um fim, deixando de ser uma ferramenta (estrutura) e passando a ser o objetivo. Nesses casos, há um excesso de formalismo, barreiras para a inovação e desvirtuamento da função central da organização (servir aos seus clientes).
Como consequência das disfunções burocráticas, inúmeros recursos são desperdiçados. Não apenas dinheiro, mas matéria-prima e tempo escoam pelo ralo conforme os processos se tornam cada vez mais "pesados". A capacidade produtiva é impactada e, claro, a produção de riquezas também.