Brady Bonds
O que são Brady Bonds?
Brady Bonds são os títulos de dívida externa dos considerados países emergentes. Eles foram criados visando ajudar nações com dificuldades de pagamento, algo que explicaremos melhor ao longo do texto.
Ao contrário do que muita gente pensa, um governo não financia atividades apenas com base no recolhimento de impostos e outras receitas. A enorme maioria deles precisa buscar por empréstimos junto a outros países ou bancos. Assim, cria-se a dívida externa.
Sem surpresa alguma, os países em desenvolvimento não possuem uma estrutura tão preparada para lidar com esses custos. Assim, em muitos casos, acabam não conseguindo honrar com os compromissos. E é aqui que entram os Brady Bonds.
O Plano Brady
O Plano Brady foi a estratégia que deu origem aos Brady Bonds. O nome foi originado no seu criado, Nicholas Brady, então Secretário do Tesouro dos Estados Unidos.
Na oportunidade, os países emergentes (em especial aqueles situados na América Latina) apresentavam uma situação econômica delicada, algo que não permitia que honrassem os seus compromissos adequadamente.
Desta forma, em 1989, veio uma nova proposta de renegociação dessas dívidas externas. Uma das bases do Plano Brady era reduzir o risco e a exposição dos bancos. Isso porque, até então, as dívidas eram diretamente com essas empresas.
A partir do lançamento do Plano Brady, os países emergentes deixavam de ter apenas um empréstimo bancário e passavam a se comprometer com um título emitido pelo governo de um país desenvolvido.
Neste processo, houve a aplicação de benefícios aos países endividados, com redução do montante principal e dos juros, os quais forem calculados novamente. Em troca, existiu o compromisso de promover ações mais liberais nesses países, algo que foi coordenado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Como funcionam os Brady Bonds?
Os Brady Bonds são títulos de dívida para o longo prazo, estruturados na maior parte das vezes em dólar. Entre outras vantagens, eles são rastreados nos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, considerados os mais seguros do mundo.
Essa foi uma estratégia que permitiu maior segurança nos acordos. Por um lado, as condições foram vantajosas para os países devedores, com uma nova negociação. Já para os credores, houve uma redução do risco, além de garantir o pagamento de juros.
Obviamente que esse risco de crédito não foi eliminado, pois calotes podem continuar aparecendo ao longo do tempo. No entanto, as taxas oferecidas pelos Brady Bonds também refletem a condição de cada país. Quanto maior a instabilidade, mais caro também o empréstimo de capital.
O Brasil aderiu aos Brady Bonds?
Entre os países envolvidos no Plano Brady esteve também o Brasil. Nosso país aderiu ao acordo no ano de 1994. Por aqui, os títulos ficaram conhecidos como "Bradies".
O processo foi importante para a reestruturação da dívida externa nacional. Vale lembrar que, embora hoje tenhamos um cenário de inflação estável e juros em queda, não foi assim por muito tempo.
Em 2006, o Brasil fez a recompra dos títulos, antecipando vencimentos. O movimento foi visto de maneira positiva pelo mercado, ampliando a confiança no nosso país e reduzindo a classificação de risco.
O Plano Brady funcionou?
No momento do seu lançamento, o Plano Brady despertou uma certa desconfiança do mercado. Isso é normal na medida em que renegociava uma dívida existente e que não vinha sendo paga.
Hoje, contudo, é visível que os benefícios entregues pelos Brady Bonds cumpriram com as expectativas. Diversos países aderiram ao projeto. Além do Brasil, participaram diversas nações da América Latina como Argentina, México, Equador, Costa Rica, Uruguai e Panamá, por exemplo.
Mesmo com a América Latina sendo o foco do Plano Brady, outras regiões do planeta também foram contempladas. Os também emergentes Bulgária, Rússia, Nigéria, Costa do Marfim e Polônia aderiram aos Brady Bonds para reestruturação da dívida externa.