SVN alerta para provável aumento de prêmio de risco nos mercados brasileiros; saiba por que
Intervenções em flutuações naturais de preções podem criar problemas, segundo a gestora
A volta de políticas econômicas equivocadas no atual governo pode provocar um aumento de prêmio de risco exigido nos ativos brasileiros. Esse é um dos pontos de destaque da carta mensal da SVN Gestão a seus cotistas. A referência é feita à reoneração dos impostos sobre os combustíveis, mas tendo a incidência de novos impostos sobre a exportação de óleo cru, na tentativa de evitar o aumento de preços ao consumidor final.
“Apesar de aparentemente ser uma tentativa de melhora para o fiscal, esse tipo de intervenção volta a criar problemas.”, ressaltam os gestores no documento.
Em relação a fevereiro, a SVN considera que o mês foi bem negativo para os ativos tanto lá fora como aqui. A queda, no entanto, foi mais acentuada na Bolsa doméstica, relfetindo uma reversão no fluxo do capital estrangeiro, que vinha mais positivo desde o início do ano. E tudo “por conta de uma aversão a risco maior global, que se iniciou novamente com a perspectiva de taxas de juros mais altas e por mais tempo nos Estados Unidos”, explica a gestora.
Volatilidade nos EUA
Os mercados nos Estados Unidos continuam com uma volatilidade acima do normal, principalmente por causa dos dados de atividade e emprego muito fortes. Para os gestores, são informações que fazem com que a expectativa em relação aos passos do Federal Reserve (Fed, banco central americano) se altere com maior frequência, trazendo mais incerteza aos mercados de ativos de risco.
“Como temos alertado em outras cartas, as taxas de juros no mercado americano devem permanecer mais altas por mais tempo, influenciando os ativos pelo mundo”, diz a carta.
Recuperação na Europa
Na opinião dos gestores, a Europa, mesmo ainda enfrentando uma guerra, surpreendeu a tudo e a todos nesse começo de ano e, após uma forte queda nos preços de energia, começa a se beneficiar da reabertura chinesa. Consequentemente, o mercado acionário europeu consegue ser o melhor do ano, mesmo tendo que combater a inflação também com novos apertos monetários.
Melhora na China
Os novos números da China, especialmente os ligados à atividade, começam a aparecer de forma positiva, após a reabertura do país. Isso deve continuar a dar um suporte para as commodities.
Mesmo com a melhora das perspectivas, a bolsa chinesa não escapou do mês de aversão a risco e apresentou uma desvalorização de -12,08%.
Estratégias da SVN
A gestora vem acompanhando de perto as oportunidades de mercado após a desvalorização de ativos e informa que em fevereiro se desfez de posições que carregam alto risco diante do retorno sinalizado. “Agora, novamente encontramos algumas oportunidades em ativos que gostamos e já se encontram bastante depreciados. Obviamente seguimos monitorando todas as informações para aumento ou diminuição de risco nas carteiras” detalham os gestores.
Renda fixa
As carteiras SVN mantiveram exposição a títulos públicos e privados indexados à inflação com juros reais ainda bem atrativos acima de 6%. Com a abertura dos juros, foram feitas alocações com juros reais acima de 8%.
Posições em papeis pós-fixados e atrelados ao CDI, de bancos com bom prêmio e excelente risco, foram mantidas. Em dias mais estressados, os gestores assumiram posições em títulos prefixados com taxas acima de 16% ao ano. E foram preservadas também a exposição em liquidez para novas oportunidades de mercado e em títulos referenciados CDI e com liquidez diária.
Em relação a investimentos internacionais, foram mantidas posições em BDRs para exposição ao dólar e em CRA da JBS também com hedge adicional ao dólar mais 4,71% ao ano.
Renda variável
Dentro da carteira de ações foram mantidas ainda boa exposição a commodities e empresas defensivas, que geram caixa e têm poder de repasse de preços, além de outras empresas que se beneficiam da melhora local com valuation atrativo.
Houve inclusão de um ETF de empresas de petróleo na carteira negociado em dólar na B3, o que permite uma exposição ao setor e dólar, compatível o portfólio de exposição a Brasil.