Renda Fixa

Superquarta: apostas únicas em Selic a 13,75% e aumento de 0,25pp dos juros nos EUA

Decisões sobre o tamanho dos juros devem manter a renda fixa competitiva em fundos, títulos públicos e privados, para o curto, médio ou longo prazo

Data de publicação:03/05/2023 às 08:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Nesta Superquarta, dia em que há definição dos juros no Brasil e também nos Estados Unidos pelos bancos centrais, as apostas estão concentradas em uma só casa: permanência da Selic em 13,75% e aumento de 0,25 ponto porcentual da taxa americana, para ficar entre 5% e 5,25%. Um cenário que reforça a ideia de que a renda fixa vai continuar em seus dias de glória.

Há uma correlação direta entre os juros dos dois países. Ainda que não houvesse outros fatores, a elevação da taxa nos EUA seria por si só um motivo convincente para segurar a Selic em níveis elevados. É também papel do Banco Central aqui tentar deixar os investimentos competitivos em relação aos títulos do Tesouro americano, os mais seguros do planeta, para não afetar o câmbio.

Há uma correlação direta entre Selic e juros americanos - Foto: Reprodução

A saída de capital estrangeiro do País pressiona o dólar que, por sua vez, aumenta a inflação, porque encarece insumos e produtos importados. 

Mas não é só essa a razão para não mexer na Selic nesse momento: os preços ao consumidor continuam subindo, o mercado não está convencido sobre a eficácia do novo arcabouço fiscal para o controle dos gastos públicos e demonstra isso nas projeções para o IPCA em 2023, que vêm aumentando pela quinta semana seguida. No Boletim Focus desta semana a estimativa de inflação para este ano subiu de 6,04% para 6,05%.

Mesmo que o discurso do presidente Lula esteja alinhado com os de todos seus ministros para torpedear os juros elevados, atribuindo os fracos resultados da economia tão-somente a essa política monetária mais restritiva, os diretores do Banco Central que integram o Comitê de Política Monetária não parecem dispostos a mudar o plano de voo na reunião desta superquarta.

Atrativos da renda fixa

Especialistas do mercado não poupam elogios aos diferentes investimentos na renda fixa. E não é para menos. Sem praticamente correr algum risco, o investidor embolsa ganhos entre 7% e 8% acima da inflação, com títulos públicos ou de crédito privado. A tendência é que continuem assim, pelo menos, até junho, quando o Copom deve se reunir novamente. 

A maioria dos analista, no entanto, espera pela queda da Selic somente no segundo semestre, no encontro do Comitê em agosto ou setembro. Mas há ainda quem conte com o início no corte de juros somente no fim do ano. Claro que vai depender do comportamento da inflação até lá.

“No atual momento, a expectativa é que a taxa permaneça nesse patamar que está hoje até o final deste ano, e comece a cair no final deste ano para início do ano que vem” diz Pedro Domingues, sócio da Nexgen Capital.

Marcos Pereira, CEA e sócio da Matriz Capital, destaca que mesmo para a reserva de emergência, que exige alta liquidez, há CDB de primeira linha, com resgate diário e oferecendo 110% do CDI (15% ao ano). Considerando um IPCA abaixo de 5% em 12 meses (como indicou o IPCA-15 de abril), o ganho real gira em torno de 10% nesse título que, por ser de grandes bancos, oferece segurança e é coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para aplicações de até R$ 250 mil por CPF, por instituição financeira.

Títulos públicos como as LFTs, ou Tesouro Selic, também não ficam atrás por oferecer rendimento muito próximo dos 13,75% da taxa básica da economia, alta liquidez e risco considerado zero, por ter a garantia do Tesouro Nacional. 

Ou mesmo as letras emitidas por bancos para financiar operações nos setores imobiliário (LCI) ou do agronegócio (LCA), que podem exigir um prazo de carência inicial, geralmente 90 dias, mas depois permitem resgate imediato. Esses papeis estão oferecendo rendimento de 98% do CDI (13,38%), mas livres de imposto. 

Para investimentos de prazos mais longos, Pereira cita títulos do crédito privado, as debêntures incentivadas que geralmente são atreladas à inflação e pagam um determinada taxa de juro, mas não são cobertas pelo FGC.

É verdade que o setor é olhado com desconfiança, reconhece Pereira, depois da crise de Americanas, Light, Lojas Marisa, Tok&Stok, mas o executivo afirma que há debêntures de empresas sólidas, classificação triple A, que por conta do aumento do risco estão pagando juros de 7% a 8% ao ano além do IPCA, livres do imposto de renda. “É um excelente investimento para quem quer travar uma taxa para o longo prazo”, afirma o executivo da Matriz.

També para prazos mais esticados há recomendação da sócia-fundadora da AVG Capital, Andress Bergamo, para títulos prefixados. Ela parte do princípio de que em algum momento as taxa vão cair, e assegurar os atuais níveis de remuneração tende a ser um bom negócio. Ela explica que os juros já começam a cair para títulos de prazo mais longo refletindo a redução dos juros no futuro, mas que ainda são interessantes.

Fundos de renda fixa

Os mais básicos dos fundos de renda fixa, os da classe Simples, que investem em títulos do Tesouro, oferecem liquidez imediata em sua maioria e não cobram taxa de administração, estão com remuneração atraente para aplicações de curto prazo..

Dos 75 fundos abertos ao público em geral, com mais de 100 cotistas e patrimônio a partir de R$ 20 milhões, 31 estão com remuneração acima de 13% em 12 meses, 24 pagaram de 12,97% a 9,89%, e 20 deles estão em operação há menos de um ano. 

O campeão é o Empiricus Selic FI RF Simples, com 13,55% e o com rentabilidade mais baixa é o Warren IPCA Curto FI RF Simples (9,89%).

Ao considerar os fundos de renda fixa com títulos do crédito privado, a rentabilidade fica mais encorpada, porém com grau de risco maior. Veja os 10 mais rentáveis em 12 meses.

FundoRend. 12 meses
Vanquish Forte Alocação24,73%
Vanquish Coral24,05%
Vanquish Pipa21,51%
Sulamérica Retorno Total17,91%
Mam Berlim15,84%
MB Master Ref. DI LP Finan.15,56%
G5 CRPR III15,36%
Itaú Optimus RF LP 14,81%
Polo Crédito Corporativo14,80%
Compass Yield 30 FI RF14,67%

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Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.