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Renda Fixa

Renda fixa no Brasil: o que analisar para escolher os melhores ativos?

Data de publicação:08/05/2024 às 11:01 -
Atualizado 5 meses atrás
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O brasileiro é popularmente conhecido como um investidor “rentista”. Isso devido ao gosto especial pela busca de títulos de renda fixa, que geram juros de uma forma mais conservadora e com menor exposição aos riscos.

Essa estratégia sempre fez muito sentido pensando no próprio risco que o país possui, fazendo com as taxas de juros sejam atrativas para investir. Por muitos anos, afinal, a Taxa Selic se manteve acima de 10% ao ano, gerando ganhos muito interessantes para quem deseja acumular patrimônio para o longo prazo.

Hoje, os tempos são um pouco diferentes. Já tivemos taxas de juros menores, como 2,0% ao ano no período da pandemia, mas ainda assim seguimos com patamares atrativos para investir. Se esse é o seu perfil, quais são os fatores mais importantes a analisar pensando na seleção dos ativos? É o que vamos ver a partir de agora.

Como analisar os títulos de renda fixa no Brasil?

Cada classe de ativos tem as suas particularidades na hora de realizar a composição de uma carteira de investimentos. Com a renda fixa, não é diferente.

Embora exista uma crença popular de que a renda fixa é segura, isso não é uma verdade. Existem, é claro, títulos de baixíssimo risco, onde podemos deixar a maior parte do nosso dinheiro. No entanto, também existem títulos com maior risco e que podem, inclusive, gerar perdas com calotes, por exemplo.

Vamos então ver os principais pontos a se analisar para evitar que você tome más decisões ao montar o seu portfólio utilizando a renda fixa brasileira.

1. Entenda as diferenças dos títulos de renda fixa

Como vimos inicialmente, renda fixa não é, necessariamente, um sinônimo de segurança. O que define um investimento nesta categoria é a probabilidade de rendimentos, algo que é associado no momento que você compra o título, assim como a sua data de vencimento.

Ainda assim, existem diferentes tipos de títulos de renda fixa cuja classificação está de acordo com o emissor do papel. E esse é o primeiro ponto que você deve conhecer. São elas:

  • Títulos públicos: são os títulos emitidos pelo governo. Em tese, são mais seguros na medida em que o país pode emitir papel moeda para pagar em caso de endividamento (deixando claro que essa ação não é recomendada na medida em que pode trazer impactos negativos para o valor do real).
  • Títulos bancários: são os títulos emitidos pelos bancos. É o caso de CDBs, LCA, LCI, entre outros. Possuem diferentes riscos de crédito de acordo com o porte financeiro do próprio banco. Por outro lado, oferecem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
  • Títulos privados: por fim, temos os títulos de dívida emitidos por empresas não bancárias. Geralmente, possuem rendimentos mais atrativos na mesma medida em que aumentam o risco de crédito.

Com base nessa estrutura, você pode selecionar quais são os tipos de papéis que deseja investir pensando nos seus objetivos financeiros: para o governo, para os bancos ou para empresas privadas.

2. Formato de rentabilidade

Outro ponto muito importante a analisar é a rentabilidade do título. Isto é, como aquele papel vai rentabilizar o seu investimento inicial. Existem, atualmente, três formatos mais comuns e que vão interferir muito no seu retorno:

  • Pós-fixado: o título é associado a um indexador, mas acompanha a sua movimentação também. Exemplo: 105% do CDI.
  • Prefixado: a taxa é fixa e definida em momento anterior ao investimento. Exemplo: 7,5% ao ano.
  • Híbrido: existem títulos que mesclam os dois formatos, em que uma parte da taxa é prefixada e outra atrelada a um indexador. Exemplo: IPCA + 6,0%.

Além do formato, atente-se também ao indexador do título. Os casos mais comuns são a Taxa Selic (principalmente em títulos públicos), CDI (para títulos bancários) e IPCA (para títulos atrelados à inflação).

Juntando as duas primeiras dicas, tenha em mente que tudo isso influencia o nível de risco e o potencial retorno de um papel. Nem todo título público é igual.

Se você comprar o Tesouro Selic (LFT), por exemplo, terá um título de baixo risco e que anda juntamente com a Taxa Selic. Já o Tesouro IPCA traz uma associação com a inflação e, se você precisar resgatar ao longo do tempo, pode ter perdas a depender do desempenho do índice naquele momento.

3. Prazo de vencimento e liquidez diária

A data de validade é mais um fator de extrema importância ao escolher o seu título de renda fixa no Brasil. E isso não vale apenas para o dia em que o pagamento será realizado, mas principalmente pensando se há algum tipo de carência (período em que o dinheiro não pode ser sacado) ou liquidez diária.

Caso você invista um dinheiro que pode ser necessário ao longo dos próximos meses, é muito importante que ele possa ser sacado. Imagine que surja uma emergência e você precise desse dinheiro, mas ele esteja bloqueado. Um desespero, não é mesmo?

A liquidez diária garante que você possa sacar ele a qualquer dia antes da data de vencimento, de acordo com as condições de mercado do saque realizado. Pense sempre nisso antes de escolher o seu título de renda fixa.

Entendendo a diferença entre os títulos de renda fixa

Tudo isso fica mais fácil de entender quando olhamos na prática o comportamento dos ativos. No gráfico abaixo, retirado da nossa ferramenta de comparação de ativos, nós selecionamos três títulos de renda fixa. São eles:

  • Título tradicional com taxa fixa pós-fixada (100% do CDI)
  • Título atrelado à inflação (IPCA + 4,0%)
  • Índice Teva composto por títulos privados (debêntures)

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Note como eles possuem um comportamento similar, algo que é oferecido pela classe da renda fixa, mas que as linhas possuem movimentos particulares.

A curva do título pós-fixado acompanha o CDI e se torna mais linear no período, com curvas mais suaves e, quase sempre, ascendentes. No entanto, essa segurança também traz um retorno financeiro menor em relação aos demais títulos. Além disso, seria provável garantir liquidez diária neste tipo de aplicação.

Já as demais curvas oferecem maior risco, o que pode ser percebido pelas suas próprias variações. Repare como a curva roxa, das debêntures, teve um forte impacto negativo em 2020, quando explodiu a pandemia. Já a curva do título atrelado ao IPCA tem movimento abaixo do CDI, até superá-lo no longo prazo.

Portanto, não existe um título de renda fixa ideal, mas sim aquele que melhor se adapta ao que você busca. Seguindo os três passos que vimos ao longo deste artigo, você já estará pronto para selecionar melhor os ativos de renda fixa para os seus objetivos financeiros.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.