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Finanças Pessoais

Quais os impactos do reajuste do salário mínimo a R$ 1.320 para os investimentos

O piso salarial passou de R$ 1.212 para R$ 1.320, com reajuste total de 8,91%, e aumento real de 2,7%

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Data de publicação:03/01/2023 às 08:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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O salário mínimo, que passou a valer desde o dia 1º de janeiro, saiu de R$ 1.212 para R$ 1.320, com reajuste total de 8,91%, um aumento real - já descontado a inflação - de 2,7%.

O aumento do salário mínimo sempre gera expectativas positivas na economia. A atualização muda o valor e o cálculo de benefícios previdenciários, sociais e trabalhistas de milhões de brasileiros.

No mercado de investimentos, seu efeito é indireto, com a chance de que parte desse dinheiro novo em circulação acabe respingando em algumas aplicações, principalmente as mais conservadoras.

Bolsa
Aumento do salário mínimo pode ter efeito perverso com pressão sobre a inflação e os juros

Uma tarefa em que o aplicador nem sempre encontra facilidade é a escolha da melhor opção. Milena Araújo, especialista em renda fixa na Nexgen Capital, lembra que os efeitos do aumento do salário mínimo na economia podem ser tanto positivos quanto negativos. E isso exige cuidado na gestão do dinheiro para que o reajuste não escoe pelo ralo da inflação.

O reajuste, para Milena, pode ser visto com uma perspectiva de inflação mais alta para os próximos anos. Especialmente pela pressão de um salário mínimo de valor mais elevado sobre as contas públicas, na forma de aumento nos benefícios dos aposentados e do seguro-desemprego.

Um dos reflexos dessa possível dinâmica de inflação é a diminuição da perspectiva de queda da taxa Selic para este ano. “Provavelmente a Selic fique nesse patamar mais elevado por um período maior a fim de combater a inflação”, acredita Milena.

A manutenção dos juros em nível alto sugere, por sua vez, “boa oportunidade para que os investidores mais conservadores ou com perfil mais moderado façam entrada em títulos de renda fixa neste momento de uma perspectiva de inflação mais alta este ano e para os próximos anos”. 

A especialista em renda fixa diz que o investidor consegue se proteger contra a inflação tanto em títulos públicos como com em títulos privados.

Entre os papeis de emissão do Tesouro Nacional ofertados na plataforma do Tesouro Direto, o investidor encontra o Tesouro IPCA e o Tesouro Selic.

O Tesouro IPCA protege contra a inflação, já que remunera com correção monetária indexada ao IPCA, e paga ainda juro real prefixado ao redor de 6% ao ano. O Tesouro Selic tem rendimento indexado à taxa Selic, que está rodando bastante acima da inflação.

A Selic está em 13,75% ao ano, com perspectiva de que fique bom tempo nesse patamar ou suba pouco mais, enquanto a inflação projetada pelo relatório Focus para este ano está em 5,62%. Ou seja, o juro do Tesouro Selic equivale a mais que o dobro do IPCA previso para 2023.

Milena lembra ainda que o investidor com perfil mais moderado consegue proteger o patrimônio também com títulos de crédito privado, emitidos por boas companhias, sólidas financeiramente, e bom rating de crédito, portanto com baixo risco na praça. Papeis como debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda, e os também isentos Certificados de Recibo Imobiliário (CRIs) e Certificados de Recibo do Agronegócio (CRAs).

A especialista vê ainda boa oportunidade de entrada na renda fixa em ativos atrelados ao CDI, indicador que acompanha a Selic, como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs).

Os CDBs indexados ao CDI podem render acima da Selic e oferecem liquidez diária, a possibilidade de resgate a qualquer momento.

Tesouro Selic imbatível na renda fixa

Victor Zucchi Meneghel, especialista de renda fixa da Valor Investimentos, comenta que o aumento do salário mínimo é sempre bem-vindo. Seja para reforçar o orçamento em um momento que está tudo tão caro, seja para quem puder chegar ao fim do mês com alguma sobra para aplicar.

Ele aponta que uma das dificuldades nesse processo é que, nessa faixa de renda dos que se beneficiam da elevação do salário mínimo e conseguem juntar dinheiro, em geral falta informação financeira para a escolha do melhor investimento. “Um dos maiores problemas é que a pessoa não aprendeu a gerir bem e de forma adequada seu patrimônio.”

Um conhecimento básico que o aplicador deve ter, no momento, é que a Selic está bastante atraente, avalia Meneghel. Sigla que corresponde à taxa básica de juros, que o Banco Central calibra nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic está em 13,75% ao ano.

“Nesse nível, a Selic rende mais de 1% ao mês, o que é uma bela taxa”, avalia o especialista de renda fixa da Valor Investimentos. E com perspectiva de que, ao contrário do que o mercado projetava anteriormente, ela suba pouco mais, possivelmente para 14%, acredita.

À medida que a Selic sobe, mais robusto fica o rendimento do Tesouro Selic, que roda com ganho acima de 1% ao mês, enquanto a poupança rendeu 0,71% em dezembro.

Efeitos indiretos na renda variável

A renda variável tende a ser beneficiada, ainda que provocada, pelo reajuste do salário mínimo, avalia Cauê Mançanares, CEO da Investo. O salário mínimo maior pode fornecer mais poder de compra aos brasileiros, “viabilizando que consumam mais e gerem mais receita para as empresas, podendo impactar positivamente os preços das ações”, disponível. “Isso pode ocorrer especialmente com empresas voltadas à venda de bens de consumo discricionários.”

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Sobre o autor
Tom
Repórter da Mais Retorno