Presidente da Evergrande se pronuncia sobre a crise da empresa; analistas não acreditam em “momento Lehman”
Especialistas se dividem quanto à opinião sobre a intervenção do governo chinês na companhia
Os temores persistentes sobre o risco de default da Evergrande, gigante chinesa do mercado imobiliário, levaram o presidente do grupo a se pronunciar sobre uma possível “situação de controle”, segundo reportagem da Reuters.
Até o momento, o governo chinês não deu sinais de que interviria para conter um efeito dominó na economia global.
Analistas minimizaram a ameaça de que os problemas da Evergrande se transformem em um “momento Lehman” do país, embora as preocupações sobre os riscos de um colapso continuem perturbando os mercados.
Confiança
Em um esforço para tentar reavivar a confiança na empresa, o presidente da Evergrande, Hui Ka Yuan, disse, em carta enviada aos funcionários, de que a empresa está confiante de que “sairá de seu momento mais sombrio” e cumprirá com as entregas dos projetos imobiliários em andamento.
Outras imobiliárias, como a Sunac, a quarta maior do país e a Greentown China recuperaram no pregão de hoje algumas das perdas da sessão anterior. O índice do setor imobiliário de Hong Kong subiu quase 3%.
“Deve haver negociações nos bastidores sobre uma possível recapitalização da Evegrande entre os procuradores do estado”, disse Andrew Collier, diretor-gerente da Orient Capital Research, que tem sede em Hong Kong.
“Se a Evergrande tiver uma parte de sua dívida perdoada, isso gerará questionamentos sobre todo o restante, e o governo não quer uma crise mais ampla”, enfatizou Collier. O governo chinês não fez comentários sobre a crise da Evergrande.
Pagamento
O grande “teste” para medir a real situação da Evergrande acontecerá nesta semana, na próxima quinta-feira, 23, quando a empresa terá que pagar US$ 83,5 milhões em juros relativos ao títulos de março de 2022.
Além disso, há outro pagamento previsto de US$ 47,5 milhões, com vencimento em 29 de setembro referente a títulos de março de 2024. Ambos entrarão em default se a Evergrande não liquidar os juros no prazo de 30 dias das datas de pagamento programadas.
“Acho que o patrimônio da Evergrande será aniquilado. A empresa está em apuros e o governo chinês vai quebrá-la se não houve ajuda”, disse Andew Left, fundador da Citron Research.
Porém, Left não acredita que essa será a gota d’água que quebrará a economia global. Em junho de 2012, a Citron publicou um relatório que apontava que a Evergrande estava insolvente e havia fraudado seus investidores.
A S&P Global Ratings afirmou, em relatório divulgado na véspera, que não espera que Pequim forneça qualquer apoio direto à Evergrande.