Mercado Financeiro

Por que a Giant Steps decidiu encerrar todos os fundos de criptomoedas após 1 ano e meio

Segundo Pedro Simonetti, gestora administrava R$ 30 milhões em seu portfólio de criptomoedas, envolvendo o fundo Satoshi

Data de publicação:05/01/2023 às 01:19 - Atualizado um ano atrás
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A Giant Steps, gestora paulistana que administra um portfólio de R$ 8 bilhões, surpreendeu o mercado ontem ao anunciar, em comunicado aos investidores, o fechamento de seus fundos com exposição em criptomedas, incluindo o Giant Satoshi Cripto FIC FIM, lançado em maio de 2021.

A Giant afirmou que os fundos Giant Satoshi II Master, Giant Satoshi Cripto Advisory e Giant Satoshi Cripto tiveram processo de encerramento iniciados em dezembro e, até 25 de janeiro, vão oferecer o resgate das cotas para todos os aplicadores.

Decisão tem relação com falta de confiança em corretoras de criptomoedas | Foto: Reprodução

Segundo a gestora, a decisão não foi tomada em função dos recentes prejuízos envolvendo as criptomoedas, que levou o bitcoin a desvalorização de 70% em 2022. Mas a descontinuidade dos fundos teve relação com a falta de confiança da gestora com as corretoras para as operações de compra, venda e hedge dos ativos.

Até então, a Giant operava no mercado de cripto com a plataforma FTX, de Sam Bankman-Fried, que implodiu em novembro após se verificar insolvente, deixando pelo caminho um rastro de bilhões de dólares em prejuízo.

“Os acontecimentos recentes envolvendo a FTX revelam uma enorme insegurança institucional que ainda permeia o ecossistema de criptomoedas como um todo, com desdobramentos ainda desconhecidos”, diz a carta.

"Para todas as estratégias do fundo Satoshi, dependemos do uso de derivativos para atingir a exposição desejada, e esses só podem se acessados via corretoras", continua o comunicado.

"Nesse momento, as outras corretoras que estão operando não cumprem nossos critérios de diligência, além de não possuírem as políticas e a infraestrutura tecnológica que desejamos. Não estamos confortáveis, portanto, em operar com eles", conclui.

Em conversa com a Mais Retorno, Pedro Simonetti, sócio da Giant Steps, explica a decisão. Ele tentou buscar alternativas à falida FTX, mas não encontrou opções seguras. Confira:

Só existia uma corretora para operar no mercado futuro de criptomoedas?

Existem outras corretoras. Nós buscamos todas as grandes, mas elas não passaram em nosso compliance, infelizmente. Pedimos alguns documentos e eles não chegaram.

O risco de operar com essas empresas é hoje muito alto? 

O problema é que risco de mercado a gente esta super acostumado, faz parte de nosso negócio. Mas o risco institucional, de colocar o dinheiro em uma empresa para uma operação de derivativo e a empresa evaporar, isso não tem como.

Como estava a procura pelos fundos de cripto com esse bear market dos últimos meses?

Os nossos fundos de cripto tinham hoje um patrimônio de cerca de R$ 30 milhões. Nos últimos tempos, essa posição estava meio estática. Mas esse não é o problema. O que aconteceu agora não foi uma dúvida ou um problema com os ativos em si. Não tem isso do bitcoin ir a zero. O problema foi o meio mesmo. Não encontramos nenhuma corretora grande que oferecesse as condições para a gente continuar nossa atividade.

Você continua investindo em bitcoin? 

Aqui na Giant todos nós temos ainda posições em bitcoins, em criptomoedas. De alguma forma, todos estávamos expostos ao (fundo) Satoshi. Agora, nós vamos manter essa posição, mas da forma que acreditamos ser mais segura, que é com a compra do ativo e a passagem dele para uma carteira individual, segura.

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Sobre o autor
Renato JakitasEditor-chefe do Portal Mais Retorno.