Os riscos para a Bolsa em 2023, na opinião dos assessores de investimento da XP
Preocupação é grande com aumento do risco fiscal no País, no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
Na escala das preocupações para o Ibovespa em 2023, estão como destaque principal do mercado os riscos fiscais, de acordo com assessores da XP e assessores de investimento de escritórios autônomos consultados em recente pesquisa da XP Research.
Em segundo lugar aparecem os riscos relacionados a uma recessão global, seguido do temor de alta dos juros nos Estados Unidos.
É em ambiente permeado por essa sensação de desconforto com o fiscal que pioram também as expectativas em relação ao Ibovespa, de acordo com a pesquisa da XP. A maioria dos assessores consultados acredita que o índice vai andar ao redor de 120 mil pontos até o fim de 2023.
O relatório destaca que em novembro a Bolsa, o câmbio e a curva de juros futuros (que indicam a expectativa do mercado para a Selic futura) foram pressionados pelo aumento de riscos fiscais. Conhecidos os principais nomes da equipe econômica do novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, a fonte de incertezas do mercado persiste, focada na agenda fiscal, especialmente em relação ao teto de gastos.
A dúvida sobre qual será a nova âncora fiscal que garantirá o controle e a sustentabilidade das contas públicas criou um ambiente doméstico mais negativo. Efeito desse sentimento, o Ibovespa transitou por terreno negativo em novembro, enquanto as bolsas globais fecharam no azul.
Em meio a esse cenário, a pesquisa da XP com os assessores apontou que a maioria dos clientes ainda tem baixa alocação em renda variável. E aumentou também o percentual de assessores segundo os quais seus clientes visam a diminuir a alocação em renda variável.
Renda fixa atrai com juro alto
A pesquisa apontou ainda que outro destaque em novembro continuou sendo o elevado interesse dos investidores pela renda fixa. É um nicho de investimento que atrai quem procura um porto seguro, em momento de forte volatilidade no mercado, com boa rentabilidade.
A renda fixa continua oferecendo um retorno atraente com a manutenção da Selic em 13,75% ao ano, em um momento de inflação comportada. Dúvidas fiscais lançam incertezas para 2023, mas especialistas consideram a Selic suficientemente alta para continuar oferecendo bom retorno na renda fixa.
Com instabilidade local, investidor mira o exterior
A pesquisa identificou também um aumento de interesse por investimentos internacionais. Segundo a equipe de analistas da XP, esse movimento pode ser atribuído ao aumento da volatilidade na Bolsa, com o crescimento de riscos fiscais e políticos no radar do mercado. Em geral, em momentos de turbulência parcela de investidores procura proteção para a carteira com investimentos em ativos no exterior
Embora o cenário ainda seja bastante desafiador globalmente, com o aumento do risco de recessão nas principais economias, destaca o relatório, a equipe de análise diz “continuar a acreditar na importância estrutural de ter exposição ao mercado fora do Brasil”.
Para os analistas, investir apenas em ações brasileiras é ignorar as oportunidades oferecidas por diversas empresas globais. “Ter exposição em ativos, regiões e moedas diferentes tende a ser a estratégia vencedora.”
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