Mercado Financeiro

O que significa cada número nos tickers da bolsa de valores?

Para um iniciante, a Bolsa de Valores pode ser uma verdadeira loucura. Muitas empresas, preços, tickers e códigos que mudam com frequência na tela. E, de…

Data de publicação:11/11/2019 às 11:43 - Atualizado 4 anos atrás
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Para um iniciante, a Bolsa de Valores pode ser uma verdadeira loucura. Muitas empresas, preços, tickers e códigos que mudam com frequência na tela. E, de fato, começar nesse mercado não é exatamente uma tarefa simples.

No entanto, tudo pode ficar mais tranquilo conforme o investidor vai entendendo como tudo funciona. Isso vale especialmente para os tickers das ações, indicando, com apenas um número, informações relevantes sobre elas.

Não sabe o que são os tickers? Não se preocupe. É para isso que estamos aqui hoje: explicar como tudo funciona e como os códigos ajudam você a entender melhor a Bolsa de Valores.

O que são os tickers?

Se você já leu ou pesquisou qualquer coisa sobre a Bolsa de Valores, muito provavelmente já se deparou com códigos, não é mesmo? Abaixo, veja alguns exemplos deles que podem ser encontrados no mercado de capitais.

  • VALE3
  • ELET6
  • PETR4
  • TAMM4
  • ABEV3

Afinal, o que são esses códigos? Eles são o que se chama de tickers, compostos por letras e números cuja função é de identificar as ações tanto sobre as empresas emissoras, como sobre o formato dos ativos.

Eles são usados para a realização de negociações dentro do mercado de capitais. Por meio dos tickers, os investidores podem identificar as empresas e o formato das ações disponibilizadas, agilizando o processo de decisão e também de acompanhamentos das cotações.

Vale observar que não é em todo o mundo que se utiliza o padrão de quatro letras com um número ao final. Outros países podem ter bolsas que apresentam suas ações com três, quatro ou cinco letras, por exemplo. O intuito, no entanto, segue o mesmo: identificação ao investidor.

Como funcionam os tickers?

Agora que você já sabe o que são os tickers, vamos entender como eles representam a informação necessária para uma tomada de decisão por parte dos interessados no mercado de ações.

As quatro letras, como talvez você perceba mesmo sem ter qualquer intimidade com investimentos em renda variável, representam as empresas emissoras daquelas ações.

VALE, por exemplo, é o código da Vale. PETR, por sua vez, é a referência para Petrobrás. ABEV é o código que remete à empresa Ambev. E assim sucessivamente. Cada empresa terá um código único e exclusivo, evitando confusões.

Já o número que vem ao final desse código representa a qualificação da ação. Vamos explorar isso a partir de agora.

O que significa o número presente nos tickers?

Ok, você já sabe agora que o número ao final dos tickers representa a qualificação de uma ação. Mas o que isso quer dizer na prática? A partir de agora, vamos abordar os valores mais comuns para que você entenda o que significam ao investidor.

3 • Ação Ordinária (ON)

Quando o ativo termina com o número 3, isso indica que se trata de uma ação ordinária. Ou seja, essa é a qualificação das ações VALE3 e ABEV3, usadas de exemplo anteriormente.

Caso você não tenha intimidade com o tema, as ações ordinárias de uma empresa são aquelas que dão ao acionista o direito a voto. Ou seja, quem possuir metade dessas ações mais uma (50% + 1) tem controle da organização nas mãos.

Por essa característica, esse é uma categoria que não costuma interessar tanto ao pequeno investidor. Se você comprar apenas algumas ações ordinárias até poderá votar, mas o grau de influência é praticamente nulo. Elas interessam mais aos grandes investidores.

Outro detalhe interessante desse formato é a proteção do "Tag Along". Essa cláusula define que, caso ações ordinárias dos controladores sejam vendidas, o investidor minoritário tem direito a receber entre 80% e 100% do valor recebido pelos ativos. É uma proteção.

Além disso, ainda que exista participação ativa por meio do voto, isso não significa que o acionista seja responsável por dívidas assumidas pela empresa.

4 • Ação Preferencial (PN)

Outro tipo de ação muito comum é a preferencial, simbolizada nos tickers por meio do número 4. Essa categoria de ativo representa preferência no recebimento dos dividendos em relação aos acionistas ordinários. Nos exemplos que utilizamos, PETR4 e TAMM4 são ações preferenciais.

Essa preferência se estende também em situações críticas de um negócio, como falência, liquidação ou fechamento. Nesse caso, esse tipo de acionista segue em vantagem para receber em relação aos detentores de ações ordinárias.

Pelas características, elas são mais interessantes ao pequeno investidor e, normalmente, apresentam maior liquidez dentro da Bolsa de Valores já que não remetem ao controle e, portanto, são negociadas com maior frequência.

5 • Ação Preferencial de Classe A (PNA)

Caso o número final seja o 5, você estará diante de uma ação preferencial de classe A. As empresas podem optar por dividir suas ações preferenciais por categorias, sendo elas A, B, C ou D.

O objetivo dessa prática é separar os acionistas preferenciais, concedendo a eles diferentes níveis de benefícios dentro da organização. É comum que essa separação seja feita pensando em oferecer algum tipo de direito a voto ou uma regra especial na distribuição de dividendos, por exemplo.

O que isso quer dizer? Que algumas ações podem ter peso maior do que outras. Uma empresa pode determinar que ativos da classe A permitem direito a mais votos do que um detentor da classe B, por exemplo.

Quando há essa divisão, é preciso identificá-la ao mercado. E as ações preferenciais de classe A são sinalizadas pelo número 5.

6 • Ação Preferencial de Classe B (PNB)

Agora que você já sabe que existe essa possibilidade de divisão por classes, entenderá facilmente o número 6. Ele representa ativos preferenciais identificados como de classe B. Não vamos repetir a explicação, pois a lógica é a mesma do número 5, apenas mudando a classificação.

Além disso, vale o registro que os tickers que terminam em 7 e 8 representam, respectivamente, as classes C e D de uma ação.

Outros números

Por uma questão de demanda, o mais comum é encontrar tickers que terminem com os números que destacamos acima. No entanto, podem aparecer algumas exceções e vamos explicar a seguir o que elas representam.

Os números 1 ou 2 trazem direitos de subscrição, ou seja, a permissão de acionistas de subscreverem novas ações. Quando isso acontece, o receptor ganha um ativo com 9 ou 10, representando os recibos de subscrição. As diferenças entre eles são o formatos das ações: ordinárias (1 e 9) ou preferenciais (2 e 10).

Além deles, ainda há o número 11. São três categorias que recebem essa identificação: Units ("pacotes" de ações mesclando ordinárias e preferenciais), fundos imobiliários, ETFs e alguns outros papéis específicos.

Por fim, temos os BDR's (Brazilian Depositary Receipts). Eles são certificados de depósitos do Brasil e a identificação nos tickers pode variar entre os números 32 e 35. Essa numeração vai variar de acordo com o nível do BDR que pode ser classificado como I, II ou III.

Em resumo, esses são os significados dos demais números:

  • 1: subscrição de ação ordinária
  • 2: subscrição de ação preferencial
  • 9: recibo de subscrição de ação ordinária
  • 10: recibo de subscrição de ação preferencial
  • 11: Units, fundos imobiliários, ETFs e outros tipos de papéis
  • 32, 33, 34 e 35: códigos para BDR's, podendo ser patrocinado (nível I, II ou III) ou não patrocinado.

Há também a numeração: 12,13 e 14, mas não existe uma regra clara quanto a isso. Entretanto os números 12,13 e 14 podem representar o recibo de cota, direito de preferência, direito de sobras, recibo do direito de preferência e recibo do direito de sobras.

Como um investidor pode usar os tickers?

Como você viu, os tickers não são nenhum bicho de sete cabeças. Entendendo a sua estrutura e, principalmente, o significado dos números, fica mais fácil interpretá-los e entender o seu funcionamento dentro da Bolsa de Valores.

Para quem deseja investir, os tickers ainda são ferramentas de apoio. Com uma simples pesquisa por um código de cinco teclas, uma pessoas consegue obter rapidamente informações essenciais como preço do ativo, volume de negociações ou a variação de valor que ele apresenta ao longo do dia.

Assim, fica ainda mais fácil fazer a análise sobre a ação e tomar uma decisão de compra, venda ou de simplesmente não tomar qualquer decisão sobre ela. Esse é um grande diferencial que a tecnologia permite nos tempos atuais.

Sobre o autor
Stéfano BozzaFormado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.
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