O que significa a compra de 5,14% das ações do Banco Modal pela SPX Capital
Operação visa aceleração da expansão dos negócios e remodelação das carteiras de renda variável da gestora
Uma das maiores gestoras independentes do País, com cerca de R$ 80 bilhões em ativos, a SPX Capital comprou 5,14% (mais de 36 milhões de ações ordinárias) do Banco Modal. O movimento, para analistas, visa acelerar a expansão dos negócios e remodelação das carteiras de renda variável da gestora. A casa fundada por Rogério Xavier tem buscado reduzir posições em commodities e aumentar a presença em bancos brasileiros.
A informação sobre a aquisição faz parte do comunicado que o Modal enviou ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Nele, o banco diz que na sexta-feira da semana passada recebeu correspondência da gestora sobre o assunto.
Pelo comunicado, a SPX informou que a compra da participação societária não tem como objetivo a aquisição do controle da Modal ou a alteração de sua administração, composição do controle ou funcionamento.
Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, também não vê intenção de qualquer controle do banco nessa iniciativa da gestora. Mas uma ponte para acelerar a expansão de negócios. Em maio de 2021 assumiu as operações do Carlyle no País.
“Estrategicamente, a própria SPX indica que o Modal tem potencial como caminho para novas aquisições no mercado e acelerar o crescimento. “Vai em linha com o que pretende a SPX, com novas aquisições e fusões.”
Pedro Queiroz, especialista em renda variável da SVN, também não vê a compra de ações do banco pela SPX com o propósito de expansão ou controle do banco. “Faz parte de um processo de diversificação de portfólio de investimentos da gestora”, avalia. “Acredito que para eles (a SPX) as ações da Modal estão atraentes para aquisição e compor o portfólio.”
A tacada da gestora é vista por Charo Alves, da Valor Investimentos, como parte também de um movimento combinado de remodelação de carteira de fundos de ações, “com uma redução da posição em ações de commodities e aumento de alocação em bancos locais”.
Charo diz que, por divisões setoriais, a gestora reduziu as alocações na classe de commodities, principalmente em óleo e gás, siderurgia e mineração. Em contrapartida, na parte doméstica, aumentou posições em bancos e shoppings, com diminuição de posições em setores de utilities.
O especialista diz que a remodelação da carteira segue um movimento de redução de posições em ativos mais expostos ao cenário global de incertezas na direção de uma posição mais voltada ao Brasil. “É uma estratégia de alocação que aproveita o desconto dos múltiplos de empresas de crescimento, principalmente do segmento de small caps, que sofreram muito com a alta das taxas de juro.”
Uma das gigantes na gestão de fundos de investimento
Fundada em 2010, a SPX Capital é detentora atualmente de um patrimônio de R$ 79,8 bilhões sob gestão. A casa foi fundada por Rogério Xavier, um dos tubarões do mercado financeiro brasileiro. Ele começou sua carreira no Garantia, dos empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, e atuou por 21 anos no BBM – hoje a joint venture Banco BOCOM BBM.
A estratégia multimercado macro atua globalmente em cinco classes de ativos: juros, moedas, ações, commodities e crédito. O valor total nessa classe de ativos é o maior sob gestão, soma R$ 58,8 bilhões.
No gráfico abaixo estão cinco fundos multimercado sob gestão da SPX, todos eles batem o benchmark no período, o CDI.
A vertical de fundos de ações tem R$ 4 bilhões sob gestão, com participação de 16 profissionais. As ideias são geradas e as decisões tomadas a partir de cenários macroeconômicos e análises microeconômicas profundas das companhias.
No gráfico a seguir vai uma comparação entre três fundos de ações da SPX com a Ibovespa. Eles pagam, pelo menos, o dobro proporcionado pela média de mercado, contabilizada no índice.
A vertical de fundos de crédito da SPX Capital conta com profissionais distribuídos por escritórios no Brasil e em Nova York. A atuação nos mercados locais e offshore permite aos fundos o acesso às oportunidades nos mercados de dívida corporativa e soberana, com benefício da diversificação geográfica.
A vertical de previdência, com R$ 11,7 bilhões sob gestão, oferece fundos que buscam replicar as principais estratégias de investimentos líquidos da SPX: multimercados macro, ações e crédito.