O que se sabe sobre o Colorado FIA, fundo que investia 99,4% do patrimônio em Americanas
Fundo exclusivo, mantido por antigo executivo da Americanas, perdeu R$ 8,38 milhões em um único dia
No dia em que a Americanas perdeu R$ 8,37 bilhões em valor de mercado, muitos investidores têm o que lamentar. Mas um em especial, dono do fundo Colorado FIA IE, pode dizer que viu as suas aplicações virarem pó.
O fundo exclusivo, gerido pela family office carioca Mandatto, detinha em novembro de 2022, mês em que pela última vez reportou sua carteira para a Comissão de Valores Monetários (CVM), 99,44% do patrimônio aportado em ações da Americanas, sendo a principal dela a AMER3. Era praticamente um fundo monoação da companhia varejista.
Ontem, antes da abertura do mercado, era dono de um patrimônio de R$ 10,89 milhões. Hoje, após a Americanas despencar 77%, tem à disposição R$ 2,4 milhões para saque imediato. Um prejuízo de R$ 8,38 milhões num único dia.
Com Americanas, sete meses de prejuízo
Esse, diga-se, não foi o primeiro grande prejuízo do Colorado. Em maio de 2022, o fundo alcançava o ápice com R$ 23,22 milhões aportados. Desde então, vive uma queda livre constante, que acompanha a depreciação dos ativos da varejista.
Bônus da Americanas
Por ser um fundo exclusivo, pouco se sabe sobre o Colorado FIA além de seu triste desempenho recente. Entretanto, duas fontes com bom trânsito entre family offices afirmam que o Colorado é propriedade de antigo um executivo da própria Americanas.
A varejista distribui a seus principais funcionários ações como bônus por metas alcançadas. É muito comum que os executivos da varejista constituam fundos de investimento em ações (FIA) como forma de proteger o patrimônio, pagando menos impostos.
"Eu já trabalhei com executivos de empresas de capital aberto e eles fazem isso", diz um gestor importante do mercado. "Um FIA não tem come-cotas e não tem pagamento de imposto no trade, apenas no resgate do fundo", explica.
Uma fonte próxima dos funcionários da varejista, confirma que o fundo é de um executivo antigo. “O proprietário do fundo tem essas ações desde a década de 90”, diz.
Procurada, a carioca Mandatto não quis se pronunciar sobre o assunto.
Fundos assim não costumam ter gestão ativa
Geralmente, fundos exclusivos mantidos por executivos e construídos para abrigar as ações das empresas em que atuam, não contam com gestão ativa por parte dos escritórios de family office, o que explica flutuações como essa.
As gestoras, nesses casos, operam como uma administradora dos ativos, criando e mantendo a estrutura que permite a atividade dos fundos exclusivos.