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O que está acontecendo com o Credit Suisse?

Ações do banco sobem 20% na quinta, 15, após anúncio de financiamento por parte do Banco Nacional Suíço; papéis chegaram a cair 30% na quarta.

Data de publicação:16/03/2023 às 11:05 - Atualizado um ano atrás
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O Credit Suisse amargou, nesta quarta, 15, a desvalorização de 24% e contou com as negociações suspensas ainda na parte da manhã e por vários momentos no dia. Nas mínimas, o papel chegou a cair 30%. Conforme as ações caíam, os temores de um risco sistêmico subiam. 

Afinal, o que aconteceu com o Credit Suisse e qual é o impacto esperado? 

O que aconteceu?

Nesta quarta, as bolsas amanheceram com a notícia de que um dos principais acionistas do Credit Suisse, o Saudi National Bank, não injetaria mais recursos no banco suíço. 

Segundo seu presidente, Ammar Al Khudairy, se o banco saudita optasse por aumentar sua participação (hoje, a posição é de 9,9% do CS), haveria problemas regulatórios. Quando questionado sobre a possibilidade de aumento de capital, a resposta de Khudairy foi: “Não, absolutamente não”. 

A frase ecoou pelas bolsas do mundo inteiro, passando pelos papéis de grandes bancos e culminando no derretimento das ações do Credit Suisse ao longo do dia. Antes da abertura do mercado, o papel já caía 13% e continuou no movimento, com várias suspensões de negociação ao longo do dia. 

Na terça-feira, o banco suíço assumiu, em comunicado, que teria “fraquezas materiais” nos controles internos. Isso impediria a realização de relatórios financeiros consolidados de forma confiável. O problema, divulgado pela própria administração do banco, já vem desde 2019 e teria afetado relatórios desde então. 

Por outro lado, a instituição começou uma reestruturação em outubro do ano passado, com intenção de reduzir sua estrutura nos próximos 2 anos. O plano envolvia buscar um aumento de capital de US$ 4 bilhões. Em 2022, o banco fechou seu balanço com seu pior resultado em 14 anos, com perda líquida de 7,3 bilhões de francos. 

Nesse ano, segundo a coluna de Assis Moreira, no Valor Econômico, dois fundos foram responsáveis pelo prejuízo de 2022. Primeiro, perda de 5 bilhões de francos com o fim do fundo especulativo americano Archegos. Além disso, passou pela liquidação dos fundos Greensill, uma empresa britânica, com prejuízo na casa de US$ 10 bilhões. 

Segundo analistas, o Credit Suisse se encaixa na definição quase-clichê de outras épocas sombrias para o mercado: too big to fail (grande demais para falhar). Contudo, em entrevista à Bloomberg, o economista Nouriel Roubini, conhecido como “Dr. Doom”, levantou a hipótese de ser também “too big to be saved” (grande demais para ser salvo). Será? 

De acordo com o SNB (Swiss National Bank), não. 

Apoio do Banco Nacional Suíço

Assim como a excelência de seus chocolates e a precisão de seus relógios, a confiabilidade de seus bancos é patrimônio suíço. E, se depender do SNB, assim permanecerá. 

Em comunicado da Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro Suíço (FINMA) e do SNB, a mensagem passada foi de confiança na estrutura presente atualmente no Credit Suisse e suas possibilidades em termos de capital e liquidez. 

Se, contudo, a situação se modificar e o banco necessitar de liquidez adicional, o SNB afirmou que se colocaria à disposição. As autoridades asseguraram, ainda, que o episódio envolvendo o Sillicon Valley Bank e o Signature Bank não apresentam riscos ao sistema financeiro suíço. 

O comunicado afirmava também que o Credit Suisse atende plenamente todas as exigências regulatórias da Suíça. Por fim, as autoridades informaram monitorar bem de perto o caso junto ao banco suíço.  

Na quinta-feira, 16, o mercado acordou com a notícia de que o banco Credit Suisse pedirá socorro de US$ 54 bilhões ao Swiss National Bank para garantir sua liquidez necessária. Com o anúncio do banco, as ações nesta manhã subiam 20%.  

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Sobre o autor
Camille BocanegraRepórter da Mais Retorno