O que é um ETF de REIT e como funciona?
Entenda o que é um ETF de REIT e como essa classe de ativos permite a exposição ao mercado imobiliário dos Estados Unidos.
Historicamente, o brasileiro gosta de investir em imóveis. E isso faz bastante sentido, afinal, essa classe de ativos apresentou uma forte valorização inflacionária ao longo dos últimos 50 anos — algo que trouxe um excelente ganho de capital no período aos seus proprietários.
O setor imobiliário, entretanto, possui um alto ticket médio. Para comprar uma casa ou um edifício, é necessário ter uma grande quantia de capital. Além disso, a liquidez pode ser um problema na hora de resgatar o dinheiro por meio da venda. Neste sentido, os fundos imobiliários vieram como forma de democratizar o acesso ao segmento.
Imagine então a possibilidade de também ter imóveis internacionais na sua carteira? Isso mesmo! Investir em ativos imobiliários dos Estados Unidos. Essa é uma estratégia possível por meio dos ETFs de REITs — um formato que vamos te apresentar no artigo de hoje.
O que é REIT?
REIT é uma abreviação para Real Estate Investment Trusts. Eles nada mais são do que empresas que são criadas com o propósito de investir no mercado imobiliário americano, gerando lucro aos seus investidores por meio da negociação dos ativos ou mesmo da exploração da cobrança de aluguel.
Os REITs são, em tese, os "pais" dos nossos fundos imobiliários. No entanto, existem algumas diferenças importantes. A começar pela própria composição do produto: um Real Estate Investment Trusts é uma empresa — e não um fundo de investimentos.
A principal consequência dessa diferença está no endividamento. Ao contrário dos nossos fundos imobiliários, os REITs podem tomar dívida e se alavancar para negociar imóveis. Ou seja, podemos dizer que, apesar de focar no mercado imobiliário, um REIT é muito mais próximo ao mercado de ações em termos de estrutura.
Outro ponto de diferenciação está na distribuição dos rendimentos. Enquanto os nossos fundos imobiliários são obrigados a compartilhar 95% dos ganhos ao longo do semestre, esse percentual é de 90% para um Real Estate Investment Trusts. Ao contrário dos FIIs, os ganhos recebidos pelo investidor são tributáveis nos REITs.
ETF de REIT: invista no mercado imobiliário internacional
Já ETF é outra sigla comum no mercado financeiro que representa Exchange Traded Fund (fundo negociado em bolsa, em tradução livre para o português). Esse é o nome dos chamados "fundos passivos", replicando a carteira de um determinado índice.
No caso de um ETF de REIT, como você pode imaginar, são fundos negociados na bolsa de valores com o propósito de replicar um índice que representa o mercado dos Real Estate Investment Trusts. Os rendimentos distribuídos pelos REITs também são recebidos pelos investidores que utilizam os Exchange Traded Funds.
Por motivos naturais dentro do mercado financeiro, a variedade de ETFs de REITs é maior dentro das próprias bolsas de valores dos Estados Unidos. Abaixo, apenas para permitir o seu contato com a categoria, deixamos dois exemplos de alguns dos maiores Exchange Traded Funds negociados na bolsa americana:
- ETF Vanguard Real State: negociado sob o ticker de VNQ, o fundo segue o índice MSCI US Investable Market Real Estate. O foco são os imóveis de tijolos (exploração de aluguel na geração de renda aos investidores).
- ETF Schwab US REIT: negociado sob o ticker SCHH, o fundo segue outro índice — o Dow Jones US Select REIT. O fundo, por meio do índice, utiliza de imóveis físicos e REITs de hipotecas (similares aos nossos fundos de recebíveis).
Eu posso investir em ETF de REIT no Brasil?
O grande problema dos ETFs de REITs que mencionamos no tópico anterior é que eles estão listados na bolsa americana. Ou seja, você precisa de acesso a ela. Não que seja difícil: hoje em dia, já existem corretoras internacionais que permitem um acesso simplificado.
Por outro lado, pode ser que você prefira usar apenas a nossa bolsa de valores (B3) para montar a sua carteira de investimentos. Neste caso, temos alguma opção? A resposta é sim! Embora em uma diversidade bem inferior ao mercado internacional, já existem alguns ETFs de REITs listados no Brasil.
ALUG11
É o caso, por exemplo, do ALUG11. Lançado na B3 em outubro de 2021, o produto é gerenciado pela Investo e replica o índice MSCI US IMI Real Estate 25/50 Index. Com essa estratégia, o ETF oferece mais de 170 REITs ao investidor. Ou seja, uma forma bem simples de diversificar os seus ativos.
O ALUG11 investe justamente no ETF VNQ, que vimos no tópico anterior. Ou seja, ele cumpre a função de permitir o acesso a esse Exchange Traded Fund sem precisar de uma conta em uma corretora americana. A taxa de administração é de 0,60% ao ano.
Itaú Index REITs
Além disso, mais recentemente o Itaú lançou um fundo que permite essa exposição aos REITs mesmo investindo no Brasil. O ETF se destina a seguir outro índice do setor: o FTSE Nareit New Economy.
O foco são REITs de Data Centers, infraestrutura para telefonia e espaços logísticos, oferecendo uma diversificação maior do que os FIIs brasileiros. A carteira possui, até a última atualização deste artigo, 19 REITs na sua composição.
BDRs de ETFs
Por fim, uma alternativa aos ETFs de REITs são os BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Esse é o nome de recibos de ativos internacionais, mas que são disponibilizados na bolsa de valores do Brasil. Ou seja, você pode comprá-los e vendê-los usando a própria B3.
Os BDRs de ETFs replicam o desempenho de um ETF internacional, inclusive com oportunidades no mercado de REITs. Aqui você já encontrará maior variedade, pois a B3 disponibiliza mais de 20 ativos atualmente para esse perfil. Veja, a seguir, alguns exemplos:
- Boston Properties (BOXP34)
- Digital Realty Trust (D1LR34)
- Equity Residential (E1QR34)
- Federal Realty Investment Trust (F1RI34)
- Public Storage (P1SA34)
- Realty Income Corp (R1N34)
- Simon Property Group (SIMN34)
Vale a pena investir em ETF de REIT?
O mercado de ETFs de REITs é uma ótima forma de facilitar o acesso do investidor aos imóveis americanos. Podemos mencionar entre as principais vantagens a descorrelação com os ativos brasileiros, diversificando assim a sua carteira de investimentos, e a exposição ao dólar, a moeda mais forte do mundo.
No entanto, a escolha de investir ou não nessa classe de ativos depende diretamente dos seus objetivos financeiros e, principalmente, do seu perfil como investidor.