Mercado Financeiro

Mercado tem atenções voltadas para a definição da Selic nesta 4ª feira

Maior parte de analistas espera por uma alta de 1 ponto porcentual, levando a Selic para 5,25%

Data de publicação:04/08/2021 às 05:00 - Atualizado 3 anos atrás
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O mercado financeiro estará com a atenção voltada nesta quarta-feira, 4, à taxa básica de juros, a Selic. A decisão será tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), no início da noite, após o fechamento dos negócios nos mercados.

A expectativa majoritária entre analistas e economistas de mercado é de uma alta de um ponto porcentual, que elevaria a Selic de 4,25% ano, em vigor, para 5,00%.

Uma corrente minoritária, contudo, segue alinhada à sinalização do BC, feita após a última reunião de junho, que adiantou mais um ajuste de 0,75 ponto porcentual, como vem ocorrendo desde março.

Copom deve subir a taxa Selic na reunião desta quarta-feira, dia 4 - Foto: Envato

Uma pesquisa feita pela XP com 75 investidores institucionais entre os dias 2 e 3 de agosto aponta que 75% deles acreditam que o Copom aumente um ponto porcentual a Selic.

A maioria - 79% - prevê também nova elevação de um ponto porcentual na reunião de setembro, 0,75 ponto em outubro e 0,50 ponto em dezembro. O ciclo de elevação, estimam, chegaria ao fim com a Selic acomodada em 7,50% ao ano.

A expectativa dos analistas é que o Banco Central dê continuidade à sua atuação mais dura na política de juros diante da inflação persistente que poderia pôr em risco o alcance da meta inflacionária de 3,50% em 2022.

A Selic é o instrumento que o BC tem à mão para o controle da inflação e por isso é calibrada a cada 45 dias, em média, em reuniões do Copom. Preços em alta levam o colegiado do BC a subir os juros e preços em baixa, a reduzir, movimentos que tentam manter a estabilidade da inflação.

Alto do juro afeta todo o mercado

O sobe e desce dos juros influencia também outros mercados, como o de ações e dólar. A Selic em elevação pode levar o investidor da Bolsa a avaliar opções em renda fixa, sobretudo as atreladas a juros futuros, que costumam ficar mais atraentes do que as referenciadas apenas na Selic.

O mercado de dólar também reage ao movimento dos juros e costuma responder com baixa quando a Selic fica mais elevada e atrai o capital estrangeiro a aplicar em renda fixa do País. Especialistas dizem, no entanto, que o dólar resiste a uma queda mais acentuada porque é afetado pelo risco político que gera insegurança nos investidores.

O mercado financeiro não disfarça ainda um sentimento de desconforto  com propostas do governo em relação a mudanças em programas sociais, como o aumento de valor do Bolsa Família, que podem levar a um descontrole das contas públicas e estourar o teto de gastos.

NY: futuros em queda

Os futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em leve baixa com os investidores acompanhando os comentários de dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) acerca do mercado de trabalho americano. Na próxima sexta-feira, 6, será divulgado o payroll de julho.

Dirigente da entidade, Michelle Bowman disse que pode demorar "algum tempo" até que parte da população ativa do país retorne à força de trabalho.

Já a presidente da distrital de São Francisco do Fed, Mary Daly, afirmou não ver razão para enxergar os atuais fatores que seguram a oferta de mão de obra nos EUA como permanentes.

Tanto Daly quanto Bowman votam nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Após uma coletiva de imprensa em que o presidente do Fed, Jerome Powell, mostrou postura mais leve, ou seja, de defesa por mais apoio monetário nos EUA, é improvável que um anúncio sobre a redução dos estímulos ocorra antes de setembro deste ano, segundo comenta o Bank of America, em relatório enviado a clientes.

Com isso, investidores devem acompanhar o S&P 500 chegar à marca de 5 mil pontos antes do tapering, "enquanto bolhas de ativos e riscos de fragilidade ainda maiores" ocorrem como consequências, afirma o banco.

CPI da Covid

Na véspera, no retorno aos trabalhos no Senado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ouviu o reverendo Amilton Gomes de Paula, que intermediou a oferta de vacinas para o Ministério da Saúde.

A Davati ofertou vacinas ao governo federal sem comprovar a capacidade de entrega de doses nem ter aval da AstraZeneca, fabricante do imunizante oferecido pela companhia.

Na sessão, ele chorou e pediu perdão por ter participado da negociação, classificando os contatos como "operação da vacina".

Amilton declarou que facilitou o acesso da empresa no ministério em função de uma "missão humanitária" e admitiu que esperava receber uma doação para a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), organização fundada por ele.

Além disso, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, pediu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco a interpelação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, para que o chefe da pasta preste esclarecimentos sobre uma denúncia apresentada pelo senador Rogério Carvalho.

Na reunião da CPI, Carvalho acusou o ministro da Defesa de enviar um oficial da ativa do Exército para fazer uma "espionagem" contra o petista em Sergipe. "Não vão me intimidar", disse o senador.

Em ofício encaminhado a Pacheco, Omar Aziz pediu que o Senado acione Braga Netto para prestar informações e tome as devidas providências no caso.

Bolsas asiáticas fecham em alta

Os mercados acionários da Ásia tiveram em geral ganhos, nesta quarta-feira, inclusive a praça chinesa. Na Bolsa de Tóquio, porém, o quadro foi moderadamente negativo, com investidores atentos a notícias sobre a disseminação da covid-19 e seus potenciais impactos para a atividade.

Em Tóquio, o índice Nikkei fechou em baixa de 0,21%, aos 27.584,08 pontos. O avanço recente nos casos do vírus no Japão se sobrepôs às expectativas de recuperação em balanços corporativos. A investida regulatória em várias frentes da China também esteve no radar.

Já na China, a Bolsa de Xangai registrou alta de 0,85%, aos 3.477,22 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 1,72%, aos 2.579,91 pontos.

Os ganhos das ações chinesas foram apoiados por papéis do setor de novas energias. Já ações de bancos e ligadas ao consumo recuaram, também com certo foco na covid-19 no país, ante o temor de que as restrições possam prejudicar o crescimento econômico.

Na Bolsa de Seul, o índice Kospi fechou com ganho de 1,34%, aos 3.280,38 pontos. Ações ligadas a viagens e à tecnologia puxaram o movimento, em meio à temporada de balanços.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve alta de 0,88%, aos 26.426,55 pontos. O índice chegou a cair durante o pregão, mas ganhou impulso ao longo da jornada. Em Taiwan, o índice Taiex fechou com ganho de 0,40%, aos 17.623,89 pontos.

Na Oceania, na Bolsa de Sydney o índice S&P/ASX 200 avançou 0,38%, aos 7.503,20 pontos, recorde histórico de fechamento. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.