Mercado deve viver a pressão da Super Quarta e alta dos juros, aqui e nos EUA
Alta da Selic e dos juros americanos deve continuar castigando o mercado de ações
O mercado financeiro deve tocar os negócios com cautela redobrada nesta quarta-feira, 15, dia de decisão sobre juros no Brasil e nos EUA. Investidores não se sentirão encorajados em tomar grandes decisões antes que os bancos centrais dos dois países definam o rumo dos juros.
Nesse ambiente de expectativas, nada sugere também uma mudança de trajetória dos mercados de ações e de dólar em relação ao comportamento dos últimos dias. “A bolsa deve manter a tendência de baixa e o dólar, de alta”, prevê Gustavo Bertotti, head de renda variável da Messem Investimentos.
Aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decide o rumo da taxa básica de juros, a Selic, que está em 12,75%. Nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) define o rumo da taxa dos Fed fundos, uma espécie de Selic americana, que oscila em um intervalo entre 0,75% e 1,00% ao ano.
Mercado espera Selic a 13,25%
O mercado trabalha com a expectativa e convicção de que a Selic vai a 13,25% nesta quarta-feira, afirma Bertotti. “Mas o que o mercado quer saber mesmo é se o Banco Central vai fechar a porta e encerrar o ciclo de alta ou vai deixar aberta para nova elevação, em agosto.”
Essa indicação e outras sinalizações sobre o rumo da política monetária, espera o mercado, devem vir explicitadas no comunicado pós-encontro do colegiado do BC. A decisão do Copom será conhecida no início da noite, após o fechamento dos mercados.
Antes disso, em meados da tarde, o Federal Reserve, (Fed, banco central dos EUA) anunciará a definição sobre os juros americanos, um evento que, de acordo com Bertotti, teria mais força para mexer com o humor do mercado doméstico.
O head de renda variável da Messem Investimentos diz que a percepção do mercado é que o Fed está atrasado no manejo dos juros para conter a inflação americana. Uma sensação de desconforto que se agrava com discursos contraditórios do presidente, Jerome Powell, sobre o tema.
Em abril, Powell declarou que a inflação teria chegado ao pico e caberia a gestão de uma política monetária mais branda, ou alta de 0,50 ponto porcentual dos juros. “Os dados de criação de emprego (payroll) e de inflação (CPI, na sigla em inglês), divulgados recentemente (semana passada) indicam que a economia americana pode estar longe da desaceleração prevista por Powell.”
Bertotti diz que a reação do mercado ao discurso considerado de atraso do Fed, diante da inflação persistente, foi uma inversão de juros de curto prazo, que subiram para um patamar acima dos de longo prazo
E agora, na esteira dessa alta, a aposta é que, em vez de 0,50 ponto, o juro americano tenha um aumento de 0,75 ponto porcentual nesta quarta-feira. “Ganhou força a estimativa de que o Fed dê um choque nos juros, para mostrar que não está leniente com a inflação e ancorar as expectativas.” A menos que deixe um ajuste mais duro para a reunião de agosto.