Com dados de desemprego nos EUA, Bolsa sobe e tem valorização de 2,64% na semana e dólar recua 3,7%
A Bolsa encerrou o pregão desta sexta-feira, 7, em alta de 1,77%, aos 122.038,11 pontos. Na semana, a valorização é de 2,64%. A reação desta sexta…
A Bolsa encerrou o pregão desta sexta-feira, 7, em alta de 1,77%, aos 122.038,11 pontos. Na semana, a valorização é de 2,64%.
A reação desta sexta veio com as notícias econômicas internacionais, como o anúncio do volume de 266 mil empregos criados nos Estados Unidos em março (payroll), resultado abaixo das expectativas do mercado.
O dado sinaliza que a economia americana não está tão aquecida e, portanto, não há necessidade de aumento dos juros por lá. Assim, os títulos do Tesouro americano, por enquanto, não devem exercer maior concorrência a investimentos em países emergentes, como o Brasil.
Dessa forma, a Bolsa aqui tende a ser favorecida, recebendo parte dos recursos em circulação no mercado internacional.
De acordo com dados do governo norte-americano divulgados nesta manhã, a taxa de desemprego da economia dos Estados Unidos aumentou 0,1 ponto percentual – de 6,0% para 6,1%.
O número vem bem abaixo das expectativas dos analistas, que apostavam na abertura de 1,05 milhão de vagas e taxa de desemprego de 5,8%.
Apesar dos resultados aquém do esperado, o Dow Jones encerrou o dia em alta de 0,62%, acompanhado pelo S&P 500, que avançou 0,74%, e pelo Nasdaq, com valorização de 0,87%. O dólar teve nova queda, de 0,93%, cotado a R$ 5,229.
Frigoríficos, BB e CCR
Nesta sexta-feira, algumas empresas vivenciam um dia de ganhos em suas ações. A CCR teve forte avanço, com alta de 9,75% em suas ações. A performance dos papéis está ligada ao anúncio da AG Participações de alienar a totalidade das ações de emissão da companhia diante de oferta vinculante recebida da IG4 Capital Investimentos.
Com a divulgação de seus resultados trimestrais acima das expectativas do mercado, o Banco do Brasil também registrou valorização de seus papéis, com alta de 2,50%.
Na contramão, os frigoríficos têm seus papéis em baixa por conta da suspensão de exportação de carne de aves para a Arábia Saudita anunciada hoje. As ações da BRF apontaram queda de 0,19%, Minerva em retração de 0,2%. A JBS e a Mafrig registraram baixas ao longo do dia, mas se recuperaram e ao fim do pregão registraram alta de 1,76% e 1,72%, respectivamente.
Dólar em queda
O dólar abriu as atividades desta sexta-feira em baixa e se manteve nessa trajetória, com os reflexos do payroll. A moeda americana teve recuo de 0,93%, cotada a R$ 5,229. Na semana, a queda de preço da moeda americana foi de 3,7%.
Segundo o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, o resultado do payroll abaixo das expectativas dos analistas deve dar conforto a outras moedas ao redor do mundo. “Com essa notícia, as moedas dos países emergentes que estavam em queda mudaram o sinal para alta. E as que já estavam subindo tiveram esse movimento ainda mais acelerado”, destaca.
NY: bolsas sem direção única
As bolsas de Nova York iniciaram o pregão desta sexta-feira sem sinal único, com os investidores refletindo a notícia sobre o volume de empregos de março criadas no país.
O Dow Jones encerrou o dia em alta de 0,62%, acompanhado pelo S&P 500, que avançou 0,74%, e pelo Nasdaq, com valorização de 0,87%. O dólar teve nova queda, de 0,93%, cotado a R$ 5,229.
Segundo Cruz, apesar do dado geral de geração de empregos ter frustrado os analistas, um ponto positivo apresentado no Payroll foi o ganho salarial de 0,7% em março.
“O mercado americano estava estável nesse sentido. E esse aumento, mesmo que leve, no médio e longo prazo, deve ser bem digerido pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano)”, aponta.
Com a divulgação do montante de vagas de trabalho geradas no país, os juros dos Treasuries rapidamente apontaram sinal de queda – de 15,7% para 14,6%.
Durante discurso na manhã desta sexta-feira, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, ressaltou três pontos que podem ter forte influência no resultado fraco de geração de novos empregos nos Estados Unidos.
O primeiro deles é o auxílio-desemprego. Muita gente, segundo Kashkari, ainda está recebendo o benefício e aguarda um cenário mais forte para retornar ao mercado de trabalho. O segundo é o cheque que muitos americanos receberam por conta do auxílio emergencial da pandemia. E o terceiro é a apreensão das pessoas de circular pelas ruas com medo da contaminação pela covid-19.
CPI da Covid: Pazuello na mira
O mercado doméstico divide as atenções também com os desdobramentos dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Na véspera, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, passou por uma intensa sabatina feita pelo colegiado.
Durante o depoimento, Queiroga não quis manifestar sobre sua opinião a respeito da utilização da cloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. A medida é uma das bandeiras defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro, mesmo sem que haja eficácia comprovada do medicamento.
Para o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, o ministro repetiu algumas vezes que não poderia opinar sobre determinados assuntos para não divergir do governo.
"Fica patente que o ministro discorda, mas não tinha como dizer na CPI que divergia daquilo. Entendo essa limitação, mas me parece que esse depoimento foi importante para entendermos a sequência da atuação na pandemia", disse.
Sobre o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que ele está "determinado a não comparecer" à CPI. "Me parece que há determinação de Pazuello não comparecer essa comissão", disse.
A exemplo da iniciativa do Senado, alguns governos também estão instalando CPIs para investigar os gastos municipais no enfrentamento da pandemia e os índices de mortes. A proposta veio após Pazuello receber a visita do ministro Onyx Lorenzoni no Hotel de Trânsito dos Oficiais, onde está supostamente isolado.
Bolsas asiáticas fecham mistas
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta sexta-feira com perdas na China, apesar de sólidos dados da balança comercial e do setor de serviços da segunda maior economia do mundo.
O índice acionário japonês Nikkei teve alta marginal de 0,09% em Tóquio hoje, aos 29.357,82 pontos, sustentado por ações de siderúrgicas e seguradoras, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 0,58% em Seul, aos 3.197,20 pontos, em seu terceiro pregão de ganhos, e o Taiex registrou alta de 1,71% em Taiwan, aos 17.285,00 pontos.
Na China continental, por outro lado, o Xangai Composto recuou 0,65%, aos 3.418,87 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto teve queda de 1,62%, aos 2.239,68 pontos.
A pressão negativa veio de ações ligadas ao recente feriado nacional de três dias, que se estendeu até o dia anterior.
Já em Hong Kong, o Hang Seng teve leve perda de 0,09%, aos 28.610,65 pontos, influenciado pelo fraco desempenho de empresas de tecnologia.
As vendas prevaleceram nos mercados de ações chineses apesar de novos indicadores mostrarem que o gigante asiático continua se recuperando dos efeitos da pandemia de covid-19.
Tanto as exportações quanto as importações da China subiram mais do que o esperado em abril. Além disso, o segmento de serviços se expandiu no ritmo mais forte desde dezembro no mês passado.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul, graças às ações de mineradoras e de bancos. O S&P/ASX 200 avançou 0,27% em Sydney, aos 7.080,80 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado