Bolsa sobe 1,85% com Petrobras, bancos, exterior e cenário político local; dólar cai aos R$ 5,22
Investidores seguem mais otimistas, guiados pelo exterior e pelo clima de calma no cenário político
A Bolsa fecha o primeiro pregão da semana em alta de 1,85%, puxada pelas ações da Petrobras e dos bancos e acompanhando o dia positivo no exterior. Nesta segunda-feira, 13, o Ibovespa recuperou o patamar dos 116 mil pontos - 116.403,72. O cenário político mais calmo também favoreceu o mercado ao longo do dia, ajudando a B3 a fechar no azul.
Investidores estrangeiros demonstraram sinais de um maior apetite a riscos e encontraram no mercado doméstico boas opções em ativos, que caíram muito nas últimas semanas. Esse mesmo movimento, que trouxe dólares ao País, fez a moeda recuar 0,48%, cotado a R$ 5,22.
Sobe e desce na B3
O humor do mercado mudou, atingindo os vários setores. Responsáveis por cerca de 17% da cesta de ativos do Ibovespa, os bancos viveram um dia de valorização no pregão. O IFNC, índice da B3 que compreende essas companhias, subiu 2,29%. Itaú, Bradesco e Santander reportaram altas de 1,25%, 2,05% e 0,87% em seus papéis.
A Petrobras também teve um forte avanço na Bolsa, de 3,51%. Já os papéis da PetroRio valorizaram 2,20%.
Após um pregão de perdas na última sexta-feira, 10, as varejistas digitais viveram um movimento de recuperação. Magazine Luiza, Lojas Americanas e B2W apresentaram alta de 1,51%, 7,27% e 4,81%, na sequência. A Via comunicou nesta segunda-feira que o Conselho de Administração da empresa aprovou a emissão de R$ 1 bilhão em debêntures. Após a notícia, as ações da companhia avançaram 2%.
As siderúrgicas fecharam sem direção única. Enquanto Vale e CSN caíram 0,05% e 0,41%, respectivamente, Gerdau e Usiminas subiram 0,77% e 4,05%.
Em mais um dia de valorização, os papéis da Méliuz dispararam 12,82%, ocupando o topo das ações que mais avançaram ao longo do dia na Bolsa.
As ações do Banco Pan saltaram 9,45%. A forte alta aconteceu após a empresa anunciar, via fato relevante, que pretende comprar 80% do site de classificados online Mobiauto.
Após a divulgação da notícia de que o governo está criando uma nova estatal - ENBPar - para viabilizar a privatização da Eletrobras, as ações da empresa subiram 2,49%.
NY: bolsas em alta
No cenário externo, as bolsas americanas fecharam majoritariamente em alta, com os investidores se sentindo mais tranquilos. A percepção é a de os riscos de uma recuperação mais lenta causada pela variante delta fora reduzidos. Os índices S&P 500 e Dow Jones subiram 0,23% e 0,76%, respectivamente. Já o Nasdaq 100 teve uma queda residual de 0,04%.
Os investidores também passaram o dia avaliando as pressões de preços e seu impacto no provável cronograma para uma redução no estímulo do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), o que segurou um avanço mais acentuado dos índices.
De acordo com Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research, a divulgação dos preços ao consumidor nos Estados Unidos esta semana deve reacender a discussão em torno do risco inflacionário e de sua duração.
Entre os dirigentes do Fed, a presidente da distrital de Cleveland do Fed, Loretta Mester, afirmou que é possível que o mercado de trabalho americano não atinja o nível anterior à pandemia este ano.
Mesmo assim, ela destacou a "notável melhora" recente e alertou para riscos de que a inflação nos EUA suba ainda mais. Já o dirigente do Fed de Richmond, Tom Barkin, alertou sobre uma possível pressão nos salários, uma vez que há dificuldades de empresas para reter pessoal, sobretudo em cargos com rendimentos mais baixos.
Enquanto isso, o plano de impostos e despesas de US$ 3,5 trilhões do presidente Joe Biden enfrenta desafios. O senador democrata Joe Manchin lançou dúvidas sobre o cronograma para levar a agenda econômica de Biden ao Congresso, e as alíquotas de impostos propostas podem ser atenuadas para aumentar as chances de o pacote ser aprovado.
Cenário doméstico
No mercado local, os investidores vivenciam um clima ligeiramente mais tranquilo na esfera política do País, após o presidente Jair Bolsonaro divulgar uma declaração à nação de que as ameaças e insultos feitos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos atos de 7 de setembro não tiveram a intenção de agredir quaisquer Poderes.
Segundo analistas, o tom conciliador da nota aliviou a tensão política e o mal-estar, mas não baixou a guarda do mercado financeiro, que, apesar de estar um pouco mais otimista, mantém a atenção nos movimentos políticos.
Avanço da inflação e Selic
As projeções econômicas atualizadas dos economistas, divulgadas pelo Banco Central no Boletim Focus desta segunda-feira parecem não terem tirado o bom humor dos investidores.
Segundo estimativas dos especialistas que participaram da análise, as perspectivas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estão assumindo cada vez mais um viés altista forte. De 7,58%, no último relatório, as estimativas para a inflação saltaram para 8,00%, contra 7,05% há 30 dias.
Além disso, eles também acreditam em um indicador em elevação para 2022. De 3,98%, as projeções da inflação foram ajustadas para 4,03% e mantidas em 3,25% para 2023.
O mesmo movimento de alta também segue em relação à Selic, taxa básica de juros do País. De 7,63%, nos últimos sete dias, os economistas elevaram as expectativas para o índice para 8,00%.
Para 2022, as estimativas mantêm o viés altista das últimas semanas. De 7,75%, foi ajustada para 8,00%. E ficou estável em 6,50% para 2023.
Já as apostas para o PIB seguiram na direção contrária. Nas últimas semanas, os economistas reduziram as expectativas em relação ao crescimento do País. De 5,15%, no boletim anterior, as perspectivas caíram para 5,04% em 2021, e para 1,72% em 2022, ante 1,93%.
Congresso: pauta econômica
Com os efeitos da bandeira branca ainda hasteada nas relações entre Executivo e Judiciário, a expectativa dos investidores para esta semana é detectar algum progresso na pauta econômica do País.
Entre os assuntos estão possíveis novidades em relação à retomada de debates e votação das propostas de mudança no Imposto de Renda e da reforma administrativa.
Soma-se a isso, o avanço dos trabalhos para a definição de regras para a quitação dos precatórios e do valor do Auxílio Brasil, criado em substituição ao Bolsa Família. Todos esses assuntos afetam as contas do governo e o equacionamento do ajuste fiscal.
Bolsas asiáticas fecham mistas
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta segunda-feira. Preocupações com o aperto regulatório na China, que tem focado empresas de tecnologia, voltaram a derrubar ações do setor em Hong Kong.
A ação do Alibaba despencou 4,23% em Hong Kong após relatos de que órgãos reguladores chineses planejam exigir a cisão do Alipay, popular aplicativo de pagamentos do Ant Group, empresa afiliada do gigante de comércio eletrônico. Outras "big techs" sofreram tombos no mesmo mercado, caso da Tencent (-2,45%) e da Meituan (-4,47%).
O índice Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, terminou o pregão em baixa de 1,50%, aos 25.813,81 pontos.
Já em Tóquio, o índice acionário japonês Nikkei subiu 0,22%, aos 30.447,37 pontos, impulsionado por papéis de bancos e do segmento de eletrônicos.
Enquanto em Seul, o sul-coreano Kospi teve ganho apenas marginal de 0,07%, aos 3.127,86 pontos, ajudado por ações financeiras e de siderúrgicas.
Na China continental, o Xangai Composto valorizou 0,33%, aos 3.715,37 pontos, mas o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,05%, a 2.500,83 pontos.
Mineradoras e petrolíferas foram destaque positivo, mas as montadoras caíram após um regulador em Pequim defender a consolidação da indústria de carros elétricos.
Em Taiwan, o Taiex apresentou modesta baixa de 0,16%, aos 17.446,31 pontos.
O desempenho misto na Ásia veio também após as bolsas de Nova York encerrarem a última semana no vermelho, com os índices Dow Jones e o S&P 500 acumulando perdas por cinco sessões consecutivas.
Na Oceania, a bolsa australiana teve alta modesta nesta segunda-feira, sustentada pelos setores minerador e petrolífero. O S&P/ASX 200 avançou 0,25% em Sydney, aos 7.425,20 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado