Renda Variável

Bolsa segue o exterior e sustenta patamar de 130 mil pontos

Investidores passaram a quinta-feira digerindo dados da inflação americana

Data de publicação:10/06/2021 às 11:01 - Atualizado 3 anos atrás
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A Bolsa de Valores fechou com leve alta de 0,24% nesta quinta-feira, 10, aos 130.222,26 pontos. O mercado financeiro passou o dia digerindo os dados da inflação americana, divulgados nesta manhã, que ficaram acima das expectativas dos especialistas. No cenário interno, também esteve na mira dos investidores a próxima reunião do Copom.

O que manteve a Bovespa na casa dos 130 mil pontos foi, principalmente, a alta das commodities - já é o terceiro pregão positivo consecutivo para o minério de ferro. Além disso, no setor financeiro os bancos e seguradoras viram suas ações subindo por conta da espera de aumento na taxa Selic.

O dólar fechou praticamente estável, cotado a R$ 5,065, com uma variação negativa de 0,07%.

Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

O índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,6% em maio ante abril, segundo dados com ajustes sazonais publicados pelo Departamento do Trabalho do país.

O resultado veio acima da mediana das previsões dos analistas, que esperavam uma alta de 0,4%. Na comparação anual, o CPI saltou 5% em maio registrando seu maior avanço desde agosto de 2008.

Sobe e desce na B3

A Embraer viveu um dia de fortes ganhos na Bolsa, após a confirmação de que está negociando a fusão da Eve Urban Air Mobility, sua unidade de veículos elétricos de pouso, com a Zanite Acquisition. Os papéis da companhia dispararam 15,32% no pregão de hoje.

A Locaweb também teve um aumento em suas ações, fechando o dia em 5,80% positivos. Esse resultado foi influenciado pelo anúncio da conclusão da compra da Organisys Software (Bling), sistema de gestão empresarial, e Pagcerto, empresa de pagamentos.

Na mesma toada positiva, os papéis da Eletrobras registraram alta de 0,71%, com o mercado na expectativa da aprovação da medida provisória de privatização da empresa, com prazo a vencer no próximo dia 22.

O destaque negativo ficou por conta da Gol, que desvalorizou 4,37% após um último pregão de alta. O que influenciou esse resultado foi o esclarecimento da companhia aérea de que a aquisição da MAP Transportes Aéreos não será submetida aos acionistas, mas sim realizada por meio de subsidiária.

Também fecharam em baixa, hoje, as ações da B3. Essa queda ocorreu, segundo análise da Pietra Guerra, da Clear Corretora, após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizar outro participante a atuar como central depositária de títulos, inicialmente apenas para recebíveis agrícolas. A confirmação abriu uma especulação sobre a possibilidade da abertura do mercado para concorrência.

Reunião do Copom

Especialistas acreditam que o mercado financeiro deve seguir a toada dos últimos dias, indiferente à inflação de maio superior à prevista, até a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, na próxima semana.

O mercado financeiro dá como favas contadas que, como já adiantou o Copom após a última reunião, em maio, a Selic passará por nova alta de 0,75 ponto porcentual, para 4,25% ao ano. Ninguém aposta, por enquanto, que o colegiado tome decisão diferente, apesar da aceleração inflacionária.

O especialista e sócio da Valor Investimentos, Davi Lelis, diz que o mercado poderá reagir negativamente se o Copom reforçar a dosagem do ajuste e a Selic subir acima do esperado.

A economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, afirma que a preocupação do mercado é com algum sinal no comunicado do Copom, no fim do encontro, que indique eventual mudança para uma calibragem mais forte da Selic, embora não aposte nessa possibilidade, para não atrapalhar a retomada de atividade econômica.

Dólar em alta

O dólar fechou praticamente estável hoje, cotado a R$ 5,065, com uma variação negativa de 0,07%.

Segundo Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, o que segurou o aumento da moeda americana hoje foram as expectativas dos investidores para a reunião do COPOM, que acontece na próxima semana.

Os agentes de câmbio estão de olho na leve desvalorização da moeda americana ante divisas emergentes e ligadas a commodities com forte correlação com o real, como peso mexicano, rublo, lira turca e rand sul africano. 

NY: bolsas operaram no positivo

As bolsas de Nova York fecharam em alta neste pregão, após o anúncio dos dados sobre o avanço da inflação em maio e aumento do número de pedidos de seguro-desemprego.

O índice S&P 500 subiu 0,47%, Dow Jones na mesma esteira, ganhou 0,06%, e Nasdaq 100, saltou 1,05%.

Além dos dados da inflação divulgados nesta manhã, que vieram acima das expectativas dos analistas, os Estados Unidos também divulgaram o volume de pedidos de seguro-desemprego da última semana.

O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos caiu 9 mil na semana encerrada em 5 de junho, a 376 mil, segundo dados com ajustes sazonais publicados pelo Departamento do Trabalho americano. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal, no entanto, previam queda maior, a 370 mil solicitações.

O total de pedidos da semana anterior não sofreu revisão e permaneceu em 385 mil. Já o número de pedidos continuados teve queda de 258 mil na semana encerrada em 29 de maio, a 3,499 milhões. Esse indicador é divulgado com uma semana de atraso.

Esse foi o nível mais baixo desde março de 2020, quando a primeira onda de infecções por Covid-19 se alastrou pelo país, levando ao lockdown.

Além desses dados, a decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), na próxima semana é aguardada pelos investidores, e leva a um período de silêncio dos dirigentes da autoridade.

“É improvável que alguém queira tomar uma posição firme antes do encontro do Fed na semana que vem, já que há incerteza sobre qual será a visão do presidente Jerome Powell a respeito dos dados de mercado de trabalho desfavoráveis”, explica o analista Antje Praefcke, do Commerzbank.

No noticiário do dia anterior, foi divulgado pelo Washington Post que o governo dos EUA negocia a compra de 500 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer para doar a outros países.

A informação deve ser anunciada pelo presidente norte-americano, Joe Biden, na cúpula do G-7 que será realizada nesta semana no Reino Unido. 

CPI da Covid: novas convocações

No cenário doméstico, os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid seguem na atenção dos investidores. Na véspera, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco foi ouvido pelo colegiado.

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros, apontou pelo menos oito contradições no depoimento do ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, número 2 do então ministro Eduardo Pazuello.

A maioria dos "buracos" nas declarações, como classificou o relator, está no atraso para compra de vacinas no Brasil.

O ex-secretário insistiu que não houve nenhuma ordem formal para que o Ministério da Saúde suspendesse as negociações para a compra da Coronavac com o Instituto Butantan, em São Paulo, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter dito que o governo federal não compraria a vacina desenvolvida em parceria com o laboratório Sinovac, da China.

Também no dia anterior, a CPI aprovou uma série de novas convocações, entre elas do ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra. Ele é apontado por membros da CPI como um dos integrantes do suposto “gabinete paralelo” do governo Bolsonaro, um grupo extraoficial que aconselharia ações a serem tomadas no combate à covid-19.

Os senadores também aprovaram a convocação do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) que teria produzido um documento sobre mortes na pandemia do novo coronavírus, Alexandre Figueiredo Costa e Silva.

Além disso, deu sinal verde para a convocação de Francieli Francinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, para prestar depoimento à comissão.

Além disso, os senadores deram aval a realização de uma acareação entre Francieli e a infectologista Luana Araújo, que foi vetada pelo governo para assumir a Secretaria de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, após trabalhar por dez dias na pasta.

Bolsas asiáticas fecham em alta

As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta quinta-feira, à espera de dados de inflação dos EUA.

O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,34% em Tóquio hoje, aos 28.958,56 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 0,26% em Seul, aos 3.224,64 pontos, e o Taiex registrou ganho de 1,14% em Taiwan, aos 17.159,22 pontos.

Na China continental, os mercados também ficaram no azul, impulsionados por ações de montadoras e ligadas à energia renovável. O Xangai Composto se valorizou 0,54%, aos 3.610,86 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto teve alta de 1,09%, aos 2.422,58 pontos.

Já o Hang Seng ficou praticamente estável em Hong Kong, com perda marginal de 0,01%, aos 28.738,88 pontos.

Os últimos números da China, publicados nesta semana, mostram aceleração dos preços locais. A inflação anual ao produtor, por exemplo, saltou para 9% em maio, alcançando o maior patamar em quase 13 anos.

Hoje também foi dia de decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), mas o assunto ficou em segundo plano diante das preocupações com a inflação. O BCE anunciou que manterá inalteradas as taxas de juros, ao mesmo tempo em que mantem o programa de compras ativos.

Na Oceania, a bolsa australiana seguiu o tom positivo da Ásia e terminou o pregão desta quinta-feira com novo recorde. O S&P/ASX 200 avançou 0,44% em Sydney, ao nível inédito de 7.302,50 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado

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