Banco Central Europeu eleva as taxas de juros da zona do euro em 0,75 ponto percentual, a um patamar entre 0,75% e 1,50% ao ano
Essa é a segunda alta consecutiva nos juros no bloco, numa tentativa de frear o avanço da inflação
Em meio à persistente escalada da inflação, o Banco Central Europeu (BCE) intensificou o ritmo de aperto monetário e aumentou as taxas básicas de juros na zona do euro em 0,75 ponto percentual, em reunião nesta quinta-feira, 8.
Segundo comunicado, o BCE elevou sua taxa de refinanciamento de 0,50% para 1,25%, a de depósitos de 0% para 0,75% e a de empréstimos de 0,75% a 1,50%. A decisão veio em linha com as expectativas majoritárias do mercado e segue aumento de 50 pontos-base em julho.
Em agosto, a taxa anual de inflação ao consumidor da zona do euro atingiu o nível recorde de 9,1%, ainda impulsionada pelos efeitos da guerra da Rússia na Ucrânia. Os cortes no fornecimento de gás natural russo à Europa complicaram o cenário e levantaram temores de uma recessão na região.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, comenta a decisão ainda nesta quinta-feira em coletiva de imprensa.
Trajetória da inflação na zona do euro
A inflação na zona do euro vem subindo desde antes da guerra, como uma consequência dos problemas socioeconômicos trazidos pela pandemia de covid-19. No entanto, o início do conflito (em 24 de fevereiro deste ano) acelerou ainda mais o processo de pressão inflacionária, contribuindo para a adoção de uma política monetária mais contracionista por parte do BCE.
Período | CPI de 12 meses |
Dezembro de 2021 | 5,0% |
Janeiro de 2022 | 5,1% |
Fevereiro de 2022 | 5,9% |
Março de 2022 | 7,4% |
Abril de 2022 | 7,4% |
Maio de 2022 | 8,1% |
Junho de 2022 | 8,6% |
Julho de 2022 | 8,9% |
Agosto de 2022* | 9,1% |
Juros baixos na zona do euro
Muito diferente do Brasil e outros países emergentes, a Europa conta com um longo histórico de juros baixos - não é à toa que a primeira elevação dos juros pelo BCE em mais de 11 anos só aconteceu no final de julho, quando a instituição proporcionou uma aumento de meio ponto percentual nas taxas.
Na zona do euro, os juros eram negativos desde 2011 como forma de estimular a atividade econômica, barateando os custos de empréstimos e financiamentos. Afinal, com um juro de -0,5%, os bancos e a população precisam pagar para deixar o dinheiro parado no BCE.
A decisão de aumentar os juros vem em um momento em que o continente tem chances de passar por uma crise de fornecimento de gás natural, em decorrência da guerra, além das perspectivas de que os Estados Unidos e a Europa possam passar por um período de recessão econômica. Assim, a alta nos juros acima do esperado pode elevar ainda mais as incertezas quanto a uma crise na economia da zona do euro. / Com Agência Estado